
Em meio à recente escalada nas tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, marcada pelo anúncio de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo Trump, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, garantiu que as estratégias de promoção turística voltadas ao público norte-americano serão mantidas. Segundo ele, o cenário diplomático não afetará o compromisso da agência com a atração de turistas dos EUA, terceiro maior grupo estrangeiro que visita o Brasil.
“O público norte-americano, o mercado norte-americano, nos interessa muito”, afirmou Freixo em resposta ao M&E nesta segunda-feira (21), durante evento da Embratur em São Paulo. “As decisões do governo norte-americano são tratadas pelas relações diplomáticas e pela presidência da República. Eu, quanto mais americano quiser vir para cá, estou feliz da vida”, brincou.
Apesar do endurecimento da retórica comercial entre os dois países e da reintrodução da exigência de vistos, que já provocou uma leve retração de 0,4% no número de visitantes dos EUA entre abril e junho, Freixo descartou qualquer medida de reciprocidade ou mudanças nas campanhas de promoção internacional. “Não tem nenhum problema, não vamos interromper nenhuma promoção no destino, nem criar sobretaxa. Pelo contrário. Podem vir e gastar mais aqui”, disse.
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O posicionamento da Embratur ocorre em um momento sensível para a imagem internacional do Brasil pelos Estados Unidos. Em maio, a Embaixada norte americana emitiu um alerta de segurança a seus cidadãos, mencionando riscos de sequestros e crimes violentos no país. Ainda assim, os números do primeiro semestre indicam um aumento expressivo no turismo internacional: mais de 5,3 milhões de estrangeiros visitaram o Brasil entre janeiro e junho, crescimento de quase 50% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério do Turismo.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), por sua vez, alerta para a importância de políticas públicas integradas que assegurem o desenvolvimento sustentável do setor, especialmente diante de flutuações geopolíticas e decisões unilaterais que podem afetar o fluxo de visitantes.
Freixo reforçou a visão da Embratur de que o turismo deve permanecer acima das disputas diplomáticas. “O turista americano continua sendo muito bem-vindo. Nosso papel é fazer com que o Brasil seja visto como um destino seguro, diverso e vibrante, e vamos continuar trabalhando para isso”, finalizou.