
Em Chengdu, na China, o ex-ministro do Turismo do Brasil, Vinicius Lummertz, foi um dos palestrantes principais do 9º Festival Internacional de Patrimônio Cultural, promovido em parceria com a Unesco. Durante o evento, ele destacou o modelo chinês de desenvolvimento turístico e os caminhos possíveis para o Brasil.
Lummertz chamou atenção para o investimento chinês em destinos fora do eixo turístico tradicional, como Lijiang e Jingdezhen, que aliam preservação cultural com infraestrutura moderna. “A China tem mostrado uma estratégia muito eficaz neste campo: planeja o turismo de forma integrada, desenvolvendo novos destinos culturais e de natureza com forte apoio em infraestrutura e tecnologia.”
Segundo ele, em tempos de inteligência artificial, o turismo segue como uma alternativa potente de geração de renda e emprego onde as pessoas vivem. “O turismo é, como temos dito, um verdadeiro ‘sistema de entrega de empregos’. E ao promover o desenvolvimento de destinos culturais e naturais, estamos também promovendo coesão social, preservação de identidades locais e resiliência econômica frente às disrupções tecnológicas globais.”

Lummertz também mencionou projetos como o de AlUla, na Arábia Saudita, que transformou sítios arqueológicos em atrações internacionais, e citou Foz do Iguaçu como exemplo brasileiro de integração entre natureza e cultura.
Ao comentar o papel da IA no setor, ele destacou o uso inteligente da tecnologia em destinos chineses como Chengdu, Lijiang e Turpan, que usam big data, realidade aumentada e gestão digital para enriquecer a experiência do visitante sem perder o foco na autenticidade.
“Mas o mais importante: o turismo continuará sendo um grande gerador de empregos humanos, justamente porque se baseia em interação, hospitalidade, experiência autêntica e identidade cultural, dimensões que não podem ser substituídas por algoritmos.”
Para o ex-ministro, o Brasil tem um enorme potencial cultural e natural ainda subexplorado. E dá como exemplo o Rio de Janeiro. “O Rio é reconhecido por suas praias, mas poucos conhecem os palácios históricos que contam a história do Império Brasileiro… Esse patrimônio ainda não possui visibilidade internacional nem uma articulação como produto turístico cultural estruturado.”