Oito senadores brasileiros estão em missão oficial em Washington para buscar interlocução com congressistas dos Estados Unidos e discutir a tarifa de 50% anunciada pelo presidente Donald Trump sobre produtos importados do Brasil. A sobretaxa entra em vigor na próxima sexta-feira, 1º de agosto, e afeta diretamente setores estratégicos da economia brasileira.
A comitiva se reuniu na segunda-feira (28) com representantes da Embaixada do Brasil, empresários e executivos de multinacionais como Cargill, ExxonMobil, Johnson & Johnson e Caterpillar. O grupo é liderado pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), que afirma buscar a “distensão” da relação bilateral no âmbito parlamentar.
“A partir do momento que a gente conquistar isso, eu penso que a missão já vai ter o seu primeiro ponto no sentido de proporcionar ambiente e caminho para que quem tenha prerrogativa de negociar, que não somos nós, e sim o governo federal, possa assim fazer”, declarou Trad após reunião com a U.S. Chamber of Commerce.
Os parlamentares devem se reunir nesta terça-feira (29) com seis congressistas dos EUA, entre democratas e republicanos. Os nomes dos interlocutores norte-americanos não foram divulgados. A missão conta ainda com os senadores Tereza Cristina (PP-MS), Marcos Pontes (PL-SP), Rogério Carvalho (PT-SE), Carlos Viana (Podemos-MG), Fernando Farias (MDB-AL), Esperidião Amin (PP-SC) e Jaques Wagner (PT-BA), que também é líder do governo no Senado.
Wagner afirmou em rede social que o objetivo é “chegar a um acordo e defender o Brasil perante as tarifas unilaterais impostas pelo presidente dos Estados Unidos”. A agenda em Washington se estende até quarta-feira (30), com reunião prevista com representantes da Americas Society/Council of the Americas.
Em paralelo, o governo federal também atua por vias institucionais. O vice-presidente Geraldo Alckmin declarou ontem que há diálogo em curso com autoridades dos EUA. “Estamos dialogando neste momento pelos canais institucionais e com reserva”, disse.
As tarifas foram anunciadas por Trump no dia 9 de julho. Segundo o presidente americano, a medida responde a uma suposta “relação injusta” no comércio com o Brasil — embora o país acumule déficit comercial com os EUA há 17 anos. Outras alegações incluem barreiras brasileiras a plataformas digitais dos EUA e o processo por tentativa de golpe contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Autoridades americanas também investigam o sistema de pagamentos instantâneos Pix, que estaria prejudicando empresas como Visa, MasterCard e Whatsapp Pay, da Meta, sob alegação de prática “desleal” de mercado.
