
Prefeitura vai cassar o alvará da empresa responsável pelo episódio que deixou 73 pessoas à deriva e promete regras mais rígidas para a prática do esporte na orla carioca (Reprodução/PICRYL)
Depois de um fim de semana marcado por um resgate de grandes proporções no Leme, a Prefeitura do Rio anunciou nesta segunda-feira (23) que o stand up paddle continuará permitido nas praias da cidade. A decisão representa um recuo em relação às declarações iniciais sobre uma possível proibição da atividade esportiva, após o episódio que deixou 73 praticantes à deriva.
No último sábado (21), mais de 100 pessoas entraram no mar com pranchas de stand up paddle pouco depois de um alerta de frente fria. Surpreendidas por ventos fortes, muitas foram levadas para alto-mar e precisaram ser resgatadas por equipes do Corpo de Bombeiros. Oito pessoas receberam atendimento médico no local. A ventania ainda persistia nesta segunda, e a movimentação na água, entre os Postos 5 e 6, era visivelmente menor.
Nas redes sociais, o prefeito Eduardo Paes (PSD) comunicou que o alvará da empresa responsável pelo grupo será cassado. A Secretaria Municipal de Esportes prepara uma nova regulamentação para o stand up paddle, que deve ser publicada já nesta terça-feira (24) no Diário Oficial. Segundo o prefeito, os demais professores e responsáveis pela prática nas praias deverão se ajustar às novas normas.
O caso reacendeu a discussão sobre a ausência de regulamentação específica para o esporte. Atualmente, os alvarás são genéricos e englobam diversas modalidades de esportes aquáticos. De acordo com Fabio Andrade, presidente da Associação de Stand Up Paddle do Rio de Janeiro, a categoria pede há duas décadas um regramento oficial por parte da prefeitura — sem sucesso.
“Hoje, na praia, existem tendas de outras modalidades, como canoa havaiana, que também colocam pranchas de stand up no mar. Não existe uma regulamentação oficial. Há documentos genéricos, de autorização para esportes aquáticos. Buscar o responsável e não punir todos da mesma modalidade foi uma decisão acertada do prefeito”, avalia Andrade.
Segundo ele, há trechos da orla da Zona Sul considerados mais seguros para a prática, especialmente em condições climáticas instáveis. “Os lugares propícios para o stand up paddle são Urca, Praia Vermelha e áreas de Copacabana. A gente sempre recomendou não ultrapassar o trecho da altura da Rua Júlio de Castilhos até o Forte de Copacabana. É loucura colocar as pessoas no mar com stand up paddle com vento terral. Antes da frente fria entrar, esse vento roda e empurra as pessoas para dentro do mar”, explica.
O episódio do último sábado não foi o primeiro envolvendo a mesma empresa. Em agosto de 2024, cerca de cem praticantes também ficaram à deriva após uma mudança repentina no tempo, desta vez na altura do Posto 6, em Copacabana. Alguns foram lançados contra as pedras e precisaram de atendimento, enquanto o resgate mobilizou embarcações e motos aquáticas dos bombeiros.
Com a nova regulamentação prometida para esta terça, a expectativa é que a prática do stand up paddle nas praias cariocas possa seguir com mais segurança, tanto para os profissionais quanto para os turistas e moradores que frequentam o mar.
* Com informações de O Globo.