O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou ao Itamaraty a volta da exigência de visto para cidadãos dos EUA, Japão, Austrália e Canadá, a partir de 1º de outubro deste ano. Diante do anúncio, o trade nacional está se manifestando contrário a fala do chefe de estado, com a preocupação que a medida represente um retrocesso e empecilho na captação e fluxo de turistas. Tal exigência foi suspensa em 2019 com ampla celebração pelo setor.
“Falta uma política nacional para o turismo e que reconheça a importância e o enorme potencial do setor para o crescimento da economia. Dificultar o acesso de estrangeiros é uma atitude retrógrada para o Brasil”
“Há anos estamos estagnados no número de turistas internacionais que visitam nosso País, aproximadamente seis milhões, e ainda sofremos com a falta de políticas públicas eficientes, com a inexistência de uma companhia aérea forte, de bandeira nacional, e com a escassez de verba para promoção do destino, sem mencionar os efeitos da pandemia. Dificultar o acesso de estrangeiros é uma atitude retrógrada e maléfica para o Brasil”, pontua Marcelo Conde, presidente da Associação Rio Vamos Vencer.
O executivo aponta ainda, que em janeiro de 2023, houve um recorde de 868 mil visitantes estrangeiros no Brasil, superando o mesmo período de 2019, volume celebrado, pelo presidente Lula nas redes sociais. “Sem dúvida a isenção de vistos, sobretudo para EUA e Canadá, influíram nesse resultado. Falta uma política nacional para o turismo e que reconheça a importância e o enorme potencial do setor para o crescimento da economia”, acredita o dirigente.
A presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc Brasil), Fatima Facuri, lembra que a isenção de vistos é um pleito antigo que vem de encontro ao desenvolvimento do turismo e ao fortalecimento do destino Brasil.“A volta dessa exigência vai impactar de forma abrupta toda a indústria de eventos, feiras e congressos internacionais, dificultando ainda mais a escolha do Brasil como destino”, frisou Fatima Facuri.
O presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) e coordenador do Conselho de Turismo da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Alexandre Sampaio, faz coro declarando que “tal medida vai prejudicar imensamente a vinda de eventos do segmento Meeting, Incentives, Conferences and Exhibitions (MICE), que trazem grandes públicos, além da realização de shows culturais com artistas estrangeiros. É uma visão errática e pedimos que o governo repensasse o processo, em prol do desenvolvimento no Turismo Nacional”.
“É uma visão errática e pedimos que o governo repensasse o processo, em prol do desenvolvimento no Turismo Nacional”
A presidente da Abav Nacional, Magda Nassar, reforça que a volta da exigência de vistos é sempre um retrocesso, pois é mais uma etapa burocrática que qualquer viajante prefere não passar. “Acredito que precisamos exigir dos nossos governantes ações efetivas que minimizem todos os gargalos que o Brasil enfrenta no Turismo internacional, tanto no que tange a falta de informações sobre nossos destinos como um todo, quanto na melhoria da infraestrutura turística e da segurança e maiores investimentos na preparação dos nossos recursos humanos para receber um passageiro internacional. É preciso que nada disso seja impeditivo para nos visitarem”, finalizou Magda Nassar
“Acredito que precisamos exigir dos nossos governantes ações efetivas que minimizem todos os gargalos que o Brasil enfrenta no Turismo internacional”
Já Sandro Fernandes, CEO do Parque Bondinho Pão de Açúcar, ressalta que o governo deveria discutir e colocar energia na escolha de novos países para oferecer a isenção de vistos, e não o contrário. “Qualquer país que tem o turismo como fonte de desenvolvimento e de geração de renda, tem que facilitar a entrada de visitantes. A volta da exigência de visto é inadmissível, ainda mais neste momento que o País se abre para o mundo com o lançamento da nova Marca Brasil, convidando todos a virem nos visitar”, destaca.