
O Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), que representa pilotos e comissários em todo o Brasil, veio a público denunciar a Azul Linhas Aéreas por adotar, segundo a entidade, uma postura unilateral e resistente ao diálogo com a categoria durante seu processo de recuperação judicial. A companhia, que busca reorganizar cerca de R$ 15 bilhões em dívidas, estaria utilizando esse contexto como justificativa para retirar direitos dos tripulantes.
Entre os principais pontos de insatisfação listados pelo SNA estão:
- Previdência privada: alterações no modelo sem consulta aos trabalhadores, o que gera insegurança quanto ao futuro dos profissionais;
- Suspensão do transporte noturno (‘apanha’): medida que compromete a segurança e a mobilidade dos tripulantes em escalas durante a madrugada;
- Fim da antecipação de saque de diárias internacionais: restrição que afeta diretamente a remuneração de quem atua em rotas no exterior;
- Wet leasing: ampliação da terceirização de voos com aeronaves estrangeiras, o que, segundo o sindicato, fere a Lei do Aeronauta e coloca em risco a fiscalização adequada das operações, além de causar confusão entre passageiros que compram bilhetes da Azul, mas voam com outras companhias.
“O processo de recuperação judicial não pode ser usado como escudo para suprimir direitos dos tripulantes,” afirma Tiago Rosa, presidente do SNA. “Estamos diante de uma tentativa de precarizar ainda mais uma categoria já sobrecarregada e essencial para a segurança aérea brasileira”, completou.
O sindicato reforça que os tripulantes têm papel técnico e operacional fundamental para a segurança dos voos e que qualquer alteração em suas condições de trabalho pode comprometer a operação da companhia. A entidade diz que seguirá pressionando por diálogo e buscará as vias legais e institucionais necessárias para defender os direitos da categoria.
O M&E procurou a Azul Linhas Aéreas para um posicionamento sobre as denúncias, mas ainda não obteve resposta.