
Com o avanço das tecnologias de monitoramento, as redes sociais se tornaram um dos principais alvos de análise das autoridades americanas durante os processos de solicitação de visto. A avaliação é do advogado brasileiro Felipe Alexandre, fundador da Alexandre Law Firm and Associates (Alfa), escritório com treze anos de atuação nos Estados Unidos.
Desde 2019, quando o governo de Donald Trump passou a exigir que os solicitantes de vistos informem seus perfis em mídias sociais, o processo ganhou novas camadas de complexidade. Em seu segundo mandato, o republicano adotou o uso de Inteligência Artificial para ampliar o rastreamento. Segundo o Departamento de Segurança Interna (DHS), ferramentas como a Babel X estão sendo utilizadas para “compilar informações de mídia social e de código aberto sobre viajantes que podem estar sujeitos a triagem adicional”.
Além disso, o DHS informou em abril de 2025 que está monitorando ativamente postagens antissemitas, incluindo manifestações de apoio à Palestina. “Não há espaço nos Estados Unidos para os simpatizantes terroristas do resto do mundo”, afirmou, à época, a Secretária Assistente de Assuntos Públicos do DHS, Tricia McLaughlin.
Para Felipe Alexandre, o cenário exige atenção redobrada dos brasileiros que desejam obter vistos, seja para estudar, trabalhar, viver ou apenas visitar os EUA. “As pessoas que emitirem opiniões a favor da Palestina ou de grupos e países com os quais a atual gestão americana não concorda podem reduzir suas chances de sucesso na solicitação de vistos”, explica.
O advogado ressalta que manter os perfis fechados também pode ser prejudicial. “Não dar acesso aos posts publicados gera uma avaliação negativa. O ideal é manter as redes abertas, mas evitar mensagens de cunho político”, recomenda.
Publicações sobre a rotina, trabalho e viagens anteriores ao exterior podem, por outro lado, ser bem-vistas. “Quem busca um visto de visitante pode postar fotos de viagens internacionais. Já profissionais qualificados devem evidenciar sua atuação na área de interesse”, sugere Felipe.