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Entrevistas

​“Destinos precisam renovar estratégias de promoção no exterior”

Responsável pela divulgação da França no Brasil, a Atout France tem não apenas a responsabilidade de promover o destino – que ocupa a segunda colocação no ranking mundial entre os principais mercados internacionais de turismo – como também, adotar uma estratégia comercial capaz de estimular o crescimento do fluxo de brasileiros para outras cidades da França, ao focar novos destinos e segmentos de interesse dos que já conhecem Paris. Neste sentido, o diretor do órgão no Brasil, Jean-Philippe Pérol, com base na sua experiência junto ao mercado internacional diz não entender como o Brasil, com o grande potencial que tem, receber pouco mais de 6 milhões de visitantes estrangeiros. Na sua opinião, o país precisa renovar o conteúdo da Marca Brasil e mostrar toda sua diversidade e riqueza. Ele lembra que com as Olimpíadas o país vai ganhar maior visibilidade, mas é preciso cuidar de questões como a segurança. Na sua opinião a alta do dólar torna o país mais competitivo para o mercado internacional.

Mercado & Eventos – Com base na experiência bem sucedida de promoção da França junto ao mercado internacional, como vê o Brasil em seu posicionamento junto ao mercado internacional. O que pode contribuir para incremento no fluxo de visitantes estrangeiros?
Jean-Philippe Pérol –
De fato, acho que o Brasil tem um enorme potencial e poderia receber pelo menos o dobro de turistas estrangeiros com a diversidade de produtos e serviços que oferece. O país tem um receptivo muito inferior ao que merece. Na minha opinião é preciso que haja uma reavaliação do produto e conteúdo da Marca Brasil, que foi uma excelente ideia, mas que precisa renovar seu conteúdo e trazer consigo uma mostra de todo esse potencial. É um trabalho que a Embratur e o Governo têm que desenvolver em conjunto mas que no momento é importante, uma vez que o país se tornou mais competitivo com a alta do dólar beneficiando assim os estrangeiros que encontram aqui um custo menor. Com a realização das Olimpíadas o país vai ganhar maior visibilidade no cenário internacional e isso vai se refletir num crescimento do turismo internacional. Mas é preciso que haja também uma atenção especial dos nossos governantes com temas como a violência urbana. Lembro que tem gente no exterior que não quer vir ao Brasil pela imagem de arrastões e outras cenas. Se tem alguém que odeia a violência esse é o turista. Existem exemplos bem sucedidos de combate a violência urbana como aconteceu com a Colômbia e as autoridades sabem que é preciso fazer um trabalho de médio e longo prazo para garantir ao turista a segurança nas chamadas zonas turísticas. O Ministério do Turismo e a Embratur têm que mostrar que o Brasil não é apenas Rio de Janeiro, samba, mulheres e Carnaval. Esse jargão já está superado e as campanhas recentes mostram um novo viés com uma diversidade maior.

M&E – A França, por outro lado, também tem encontrado alguns gargalos e a crise da Air France pode ser um fator preocupante. O que a Atout France tem em mente para chegar a marca almejada de receber 1,5 milhão de brasileiros até 2020?
Jean-Philippe Pérol –
Eu acho que vamos ter que esperar um pouco mais para chegar a essa marca. Claro que a crise da Air France nos preocupa ainda mais que a Tam já reduziu de três para uma as suas operações diárias para Paris. Por outro lado, lembro que existem também novas opções de voos de outras companhias decolando de outras cidades, além do Rio de Janeiro e de São Paulo. Isso também facilita a ida do brasileiro a Europa. No que diz respeito a alta do dólar a preocupação maior não se refere ao preço mas sim a incerteza, fruto das variações que a moeda norte-americana tem sofrido no dia a dia, deixando assim o turista inseguro sobre seu gasto de viagem ao exterior. Lembro, porém, que o euro não teve a valorização do dólar para o brasileiro, e isso torna a França um destino mais cobiçado. Queremos também mostrar que a França não é só Paris e temos um longo caminho a percorrer. Atualmente dos brasileiros que visitam a França pelo menos 85% têm como objetivo ir a Paris. Estamos divulgando outros destinos que podem seduzir os brasileiros levando operadores para conhecerem regiões como Bordeaux, Marselle, Lyon, Alsácia e Córsega. Uma coisa é certa, pois quando se fala em destinos internacionais a França ainda ocupa um lugar especial no interesse dos brasileiros. Temos que aproveitar melhor isso.

M&E – Quanto ao perfil dos brasileiros que viajam a França, existe uma ideia de que é um destino cultural e que atrai mais um público de meia idade. Como mudar isso e ampliar essa faixa de visitantes estrangeiros?
Jean-Philippe Pérol –
Há de fato uma preocupação nossa para mostrar que a França tem atrativos para todas as idades. Não somos um destino que se vende para quem busca compras, mas temos como carro chefe a cultura. Por outro lado, lembro que precisamos reforçar a França não como um destino de passado, mas como um país com base em três “As”, que são a acessibilidade, o acolhimento e ser também um país atual.

M&E – As midias digitais e a internet são hoje ferramentas fundamentais na divulgação e promoção de qualquer destino. Como a Atout France tem se utilizado disso e de outras iniciativas para chegar aos agentes de viagens e ao mercado brasileiro?
Jean-Philippe Pérol –
Recentemente tivemos uma primeira experiência muito bem sucedida com o Encontros à Francesa no Guarujá, onde participaram 38 empresas da França, o que me surpreendeu em função do momento difícil que o país passa em sua economia. Com isso vamos repetir o evento em 2016. Só não definimos ainda a data e o local. Já em relação ao uso das mídias digitais, lembro que o Brasil ocupa um lugar fundamental e para se ter uma ideia dos 1,1 milhão de seguidores no Facebook, pelo menos 550 mil são brasileiros. Também estamos reformulando nosso portal dando um novo visual e com um novo conteúdo que será inserido até o final do ano. Com isso, queremos reforçar nosso investimento na internet por entender que essa é uma ferramenta que devemos sempre estar privilegiando.

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