
O SAS Group, controlador da SAS Scandinavian Airlines, entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, por conta das dificuldades financeiras enfrentadas em meio a pandemia. O pedido consiste na reorganização da dívida do grupo aéreo sob a proteção do Capítulo 11 (Chapter 11), a lei de falências dos EUA, que permite um prazo maior para que empresas se reorganizem e ainda permite negociar compromissos com arrendedadores de aeronaves.
O pedido é parte de seu plano de transformação SAS Forward, sem impacto aparente em suas operações ou obrigações financeiras atuais, logo após seus sindicatos de pilotos confirmarem a intenção de iniciarem uma greve sem data para terminar. No entanto, o presidente do grupo, Carsten Dilling, enfatizou que a decisão não foi causada apenas pela greve, e sim por conta de uma reeestruturação, embora tenha acelerado o pedido.
“Nos últimos meses temos trabalhado arduamente para melhorar nossa estrutura de custos e posição financeira. Estamos progredindo, mas ainda há muito trabalho, e a greve em curso tornou ainda mais difícil uma situação já desafiadora. O Chapter 11 nos dá ferramentas legais para acelerar nossa transformação e continuar operando os negócios como de costume. Continuaremos a recuperar a conectividade de rede, os produtos e o serviço que nossos clientes esperam, e continuaremos a fazê-lo durante todo esse processo e além”, disse o CEO da SAS, Anko van der Werff.
A companhia espera concluir a reestruturação e deixar o Chapter 11 em até 12 meses. “Greve é a última coisa que a empresa precisa agora e, portanto, pedimos ao sindicato dos pilotos escandinavos que acabe com essa greve”, disse Anko, que explicou ainda que a SAS havia considerado outras jurisdições, mas acabou optando pelo procedimento dos EUA devido aos seus benefícios. “Um exemplo é a ordem de suspensão, que significa que a aeronave arrendada fica conosco até decidirmos o que fazer com ela. Nesse procedimento, você pode reestruturar sem impacto nas operações”, completou van der Werff.
A SAS destacou que, embora o Capítulo 11 não tenha impacto nas operações atuais, a greve será fortemente sentida pelos passageiros. A companhia aérea estima que o protesto de cerca de 900 pilotos a obrigue a cancelar cerca de 50% de seus voos programados, afetando cerca de 30 mil passageiros por dia. A aérea informou que continuará honrando suas obrigações para com clientes, funcionários, fornecedores e fornecedores, disse.
A SAS afirmou ainda que tinha liquidez suficiente para cumprir suas obrigações de curto prazo, mesmo durante o processo. A companhia aérea tinha US$ 755 milhões até 30 de junho. Para atender às suas necessidades financeiras de longo prazo, está em “conversações avançadas” para angariar outros US$ 700 milhões por meio de financiamento DIP (debtor in possession), que possibilita suprir a falta de fluxo de caixa para arcar com as despesas enquanto a empresa está sob a proteção judicial.
A SAS Forward prevê angariar pelo menos US$ 920 milhões em novo capital, bem como reduzir ou converter mais de US$ 1,9 bilhão de dívida em ações ordinárias. Hoje, os maiores acionistas da SAS são o governo da Suécia e da Dinamarca, com 21,8% de participação cada. O maior acionista privado, o Wallenberg Investments, detém uma participação de 3,42%.
Fonte: ch-aviation