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São João 2025 bate 100% de ocupação e movimenta milhões no interior de Pernambuco

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Felipe Abílio

Publicado - 21/06/2025 - 20:04

IMG 9803 São João 2025 bate 100% de ocupação e movimenta milhões no interior de Pernambuco
Festa é considerada o natal do agreste pernambucano (Felipe Abílio/MeE)

CARUARU – O São João de 2025 confirma o que Pernambuco já sabe: quando o mês de junho chega, o interior ferve. Dados divulgados nessa sexta-feira (20) pelo Observatório do Turismo de Pernambuco, vinculado à Secretaria de Turismo e Lazer (Setur-PE) e à Empetur, revelam que polos tradicionais da festa, como Caruaru, Gravatá, Petrolina e Arcoverde, devem registrar ocupação hoteleira de 100% durante o período.

No Agreste, além de Caruaru e Gravatá, cidades como Limoeiro, Taquaritinga do Norte, Bezerros e Santa Cruz do Capibaribe apresentam taxas acima de 97%, com permanência média variando entre 2 e 4 dias. Em Gravatá, por exemplo, a média é de 3,4 dias, uma das maiores do estado. Já no Sertão, municípios como Petrolina, Garanhuns, Triunfo, Bom Conselho e Pesqueira também devem atingir lotação total. Até Carpina, na Zona da Mata, superou os 95% do ano passado e agora atinge 100%.

Para o secretário estadual de Turismo, Kaio Maniçoba, os números refletem uma política estratégica de descentralização do turismo. “Temos a maior festa popular do Brasil distribuída em diversos polos regionais. Isso movimenta a economia, gera emprego e projeta Pernambuco nacionalmente. Esse resultado é fruto de planejamento e da valorização do interior pela gestão da governadora Raquel Lyra.”

Caruaru: epicentro do São João

Em Caruaru, a festa não para e a economia acompanha. O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Jaime Anselmo Filho, apresentou um panorama robusto sobre os impactos gerados pela festa. Em 2024, o São João movimentou aproximadamente R$ 688 milhões, com reflexos diretos nos setores do turismo, têxtil, economia criativa e serviços. “O São João aqui não é só entretenimento. É desenvolvimento econômico na prática. Gera emprego, atrai investimentos, fortalece o comércio local e impulsiona a cultura regional”, afirma Jaime.

A expectativa é que os números deste ano superem os de 2024. Mais de 15 mil empregos diretos foram gerados durante o período, segundo o secretário, que destaca a importância regional da cidade. “Caruaru tem 402 mil habitantes, mas influencia diretamente 37 cidades e um universo de 1,4 milhão de pessoas. Somos um polo que educa, cuida e gera oportunidades para toda essa região.”

Festa com propósito

Uma das marcas do São João de Caruaru é a integração entre cultura e cidadania. Desde abril, a prefeitura realiza o programa São João na Roça, que leva festas e serviços públicos para 13 comunidades da zona rural do município. O evento só acontece após a estruturação das localidades. “Antes da festa, a gente leva os serviços: reestrutura estradas, abastece postos de saúde, oferece emissão de documentos, realiza casamentos e promove ações sociais. O São João aqui é ferramenta de desenvolvimento social”, explica o secretário.

O ciclo junino de Caruaru é também um palco de valorização da cultura local. A grade artística é composta por cerca de 80% de atrações da própria região, com mais de 1.400 apresentações previstas ao longo dos 65 dias de evento. “Temos artistas de música, dança, artesanato e artes visuais. São patrimônios vivos da nossa cultura que perpetuam suas tradições ensinando em escolas, oficinas e comunidades. Isso alimenta a alma da cidade”, reforça Jaime.

Investimento e retorno

O São João de Caruaru movimenta, mas também exige investimento. Segundo a prefeitura, o custo médio do evento gira em torno de R$ 40 milhões, com participação público-privada. Grande parte dos recursos vem de patrocinadores, especialmente para cobrir cachês de grandes atrações. “Os cachês acima de R$ 500 mil são 100% pagos por patrocinadores. É um modelo de parceria eficiente, que garante retorno à altura. Toda a cadeia é beneficiada: transporte, hotelaria, alimentação, turismo rural e eventos”, destaca.

De acordo com ele, apenas o setor de translado e logística já representa uma fatia significativa dessa movimentação. A cidade, que já opera com 95% de ocupação na rede hoteleira, também sente os efeitos positivos em restaurantes, bares, lojas de artesanato, mercados e transporte local. “O turismo no São João influencia todos os setores. Desde quem faz o figurino do balé até quem dirige a van que leva o turista ao hotel. Tudo gira. Tudo movimenta. E isso tem reflexo direto na renda das famílias da cidade”, afirma Jaime.

“Costumo dizer que o nosso São João é o nosso Natal. É quando as famílias se reencontram, quando o parente que mora no Sul ou no Sudeste volta às raízes. São João é memória afetiva, é abraço apertado, é cheiro de milho e de fogueira.”

Esse laço emocional, aliado à estratégia de gestão e investimento, ajuda a consolidar Caruaru como um dos maiores polos culturais do Brasil. “Todo mundo faz festa de São João. Mas cultura de verdade, que deixa legado, a gente encontra aqui. O nosso diferencial está em misturar tradição com estrutura, e acolhimento com oportunidade”, diz.

Entre as metas para os próximos anos, está a consolidação de Caruaru como destino internacional para o ciclo junino. “Este ano recebemos turistas de diversos países, Estados Unidos, Argentina, França, Espanha, Polônia. Queremos que o mundo veja o que construímos aqui, com talento local, com identidade, com muito trabalho”.

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Vários palcos estão espalhados em Caruaru. A festa também acontece em outras cidades do interior (Felipe Abílio/MeE)

*O M&E viaja com apoio da Shift Mobilidade Corporativa e proteção GTA