
A Embraer estima um impacto de até R$ 20 bilhões até 2030 com a nova rodada de tarifas anunciada pelo governo dos Estados Unidos, sob a gestão de Donald Trump. Apenas em 2025, o prejuízo direto para a companhia pode chegar a R$ 2 bilhões, segundo declarou, nesta terça-feira (15), o CEO da empresa, Francisco Gomes Neto, em entrevista coletiva.
Os EUA são hoje o principal mercado da Embraer, responsável por 45% das vendas de aviões comerciais e 70% das de jatos executivos. Por isso, o novo “tarifaço” de até 50% sobre produtos brasileiros representa um risco significativo para os negócios da fabricante.
Gomes Neto afirmou que o cenário pode resultar em cancelamentos de pedidos, adiamentos de entregas, redução de investimentos e até demissões, em um contexto semelhante ao da pandemia de Covid-19. “Na pandemia, a receita caiu 30% e tivemos que reduzir 20% do quadro. Por isso, fiz essa relação”, explicou.
Segundo ele, a medida também afeta funcionários e fornecedores norte-americanos: “É uma situação de perde-perde. As fábricas dos EUA também vão produzir menos”.
A Embraer já conta com 181 aeronaves encomendadas por seis companhias norte-americanas, como American Airlines, Republic Airlines e SkyWest. Há ainda um contrato adicional de 60 aviões com a SkyWest, avaliado em cerca de US$ 3,6 bilhões (R$ 20 bilhões).
O CEO da empresa disse esperar que os governos do Brasil e dos EUA cheguem a um acordo para evitar os efeitos mais drásticos. “O setor aeronáutico tem bons argumentos para buscar isenção, como ocorreu com o Reino Unido”, afirmou, citando conversas com o vice-presidente Geraldo Alckmin.
A notícia das tarifas impactou também o mercado financeiro: as ações da Embraer registraram forte queda na semana passada, logo após o anúncio das novas taxas.