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Muito além do jogo: como o futebol pode ajudar o turismo na Flórida

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Paula Menna Barreto

Publicado - 18/07/2025 - 16:35

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Turismo esportivo é aposta na capital dos parques temáticos (Igor Coelho/FC Series)

Quando falamos da Flórida, os parques temáticos e as praias costumam dominar o imaginário coletivo. Mas existe um movimento um pouco mais “silencioso” — e bilionário — que tem buscado transformar o estado em um dos possíveis polos do turismo esportivo mundial: a chegada de clubes internacionais de futebol em solo floridiano.

À frente desse movimento, dois brasileiros se destacam. De um lado, Marcos Peres, especialista em comunicação esportiva que liderou o reposicionamento do Orlando City SC e do Orlando Pride na mídia americana. Ele é fundador da Global Game Agency, consultoria dedicada a transformar esporte em experiências de destino, com foco em turismo, mídia e engajamento multicultural.

Do outro, Ricardo Villar, CEO da FC Series e membro da Greater Orlando Sports Commission, é o nome por trás do projeto que nasceu como Florida Cup em 2015 — iniciativa que acompanhei de perto desde o início. Lembro bem quando o Villar procurou a Disney; na época, eu trabalhava lá, e juntos levamos a Florida Cup para o complexo esportivo do Mickey. Hoje, o evento atrai clubes como Barcelona, Chelsea, Flamengo e Corinthians para a Flórida, com impacto direto e mensurável na indústria do turismo local.

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Ricardo Villar, CEO da FC Series e membro da Greater Orlando Sports Commission

Segundo Villar, em janeiro de 2024, três partidas da FC Series em Orlando geraram mais de US$ 30 milhões em impacto econômico direto. Ele explica que o segredo está em oferecer entretenimento completo. “O torcedor vem pelo jogo e fica pela experiência. Vai ao estádio, mas também leva o filho ao parque, faz compras e janta bem.”

Para começar a aquecer os tamborins rumo à Copa 2026, recebemos recentemente o Mundial de Clubes 2025. O torneio recebeu muitas críticas ao formato e aos jogos em arenas gigantes, que às vezes pareciam vazias, além da política imigratória restritiva. Mas, segundo Marcos Peres, o torneio registrou uma média de 38 mil espectadores por jogo — nada mal para um evento em construção. “Os resultados não são ruins. E para o trade turístico brasileiro, pode ser uma oportunidade”, reforça Marcos.

As dicas de Ricardo Villar e Marcos Peres para o trade são diretas. Os eventos da FC Series, por exemplo, acontecem em janeiro e julho, coincidem com férias escolares e já têm parcerias com operadoras como a Azul Viagens e com o Visit Orlando. “Não é só vender o ingresso do jogo. É montar o roteiro com emoção, conforto e conveniência”, lembra Villar. E Marcos Peres acrescenta: “Operadoras podem vender experiência completa: entrada com os jogadores, visita ao aquecimento, atendimento VIP, área kids. Isso é diferencial.”

Falando sobre a Copa do Mundo de 2026, Marcos Peres acredita que “o encontro entre o maior evento esportivo do mundo com o maior mercado do planeta, no atual estágio de desenvolvimento do futebol na América do Norte, resultará em um dos maiores eventos da história.”

Ou seja, a bola está no campo da criatividade: quem vai agregar experiências que combinem com estádio, parque, compras, trabalho, intercâmbio e momentos inesquecíveis? Quem vai transformar um jogo em roteiro?

A Flórida não é só destino. É palco. É torcida. É paixão com oportunidade. Como diria o técnico: agente de viagem bom é aquele que já tá no vestiário com o uniforme pronto. Bora pro jogo!