Crie um atalho do M&E no seu aparelho!
Toque e selecione Adicionar à tela de início.

Blogs / Hotelaria e Alimentação

O açodamento do novo governo

Em uma primeira manifestação sobre medidas de combate à violência, o futuro ministro da Cidadania e Ação Social, Osmar Terra, sugeriu que a restrição do horário de venda de bebidas alcoólicas em determinadas cidades e/ou regiões de grandes centros urbanos poderia diminuir os índices de ocorrências policiais. O titular da nova pasta – experiente político do MDB, com atuação no governo Temer – conhece de perto as dificuldades do Executivo e parece não levar muita fé na capacidade da máquina pública para solucionar problemas complexos da nossa sociedade. É sabido que o estímulo à vida noturna, além de aumentar a autoestima de nossa população, propicia iluminação pública, ocupação do espaço urbano, empregos, desenvolvimento econômico e mais impostos arrecadados. Trabalhar contra isso é trabalhar contra o desenvolvimento, contra o setor e contra o próprio país

A segurança pública é um projeto urgente, mas com resultados expressivos perceptíveis apenas em longo prazo. Em vez de buscar o caminho mais fácil e precipitado, seria recomendável, para prevenir a violência, lançar mão do espólio que herdará de outros ministérios, como o de Desenvolvimento Social e da Cultura e do Esporte. Nada melhor do que a prática esportiva ou programas culturais para afastar os jovens da criminalidade. Isso tem um efeito exponencial na inclusão social dos adolescentes e na recuperação dos egressos do crime. Enquanto não temos empregos para todos, essa deveria ser a prioridade do governo, assim como a busca por orçamento e verbas adequados.

Sob sua responsabilidade, Osmar Terra terá também o Bolsa Família e o Criança Feliz, além de outros programas sociais de inclusão do cidadão no viés profissional, como o Progredir. Além disso, terá que lidar com a modernização da Lei Rouanet e os malfeitos dos incentivos ao desporto nacional profissional e amador, separando o joio do trigo.

O combate à violência se dá com educação desde tenra idade e continuidade na formação básica, combatendo a evasão escolar, com melhor currículo pedagógico, apoio à carreira dos docentes, transporte aos alunos e alimentação, talvez até em horário integral. É um processo de anos, que pode aperfeiçoar o que já existe e melhorar em muito para alcançarmos padrões mínimos de resgate de nossa cidadania.

Claro não vamos nos esquecer do combate ao tráfico, crime organizado e outros delitos que afetam a nossa nação. Leis mais duras, inclusive, na condenação de crimes cometidos sob o efeito de álcool e drogas seriam muito mais eficazes que uma leitura rasa de repressão ao consumo comercial do cliente em estabelecimentos legais em determinadas horas ou regiões de municípios do Brasil afora.

Portanto, não podemos aceitar a visão simplista e descabida da restrição do horário de venda de bebidas seja implantada inconsequentemente em grandes cidades do país. O Brasil é por complexo demais e, embora o presidente eleito, percebendo os efeitos negativos da ideia, já tenha descartado a medida, o empresariado estará atento a tais sugestões, nefastas ao atual estágio de nossa recuperação econômica.

Receba nossas newsletters