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Entrevistas

“Queremos um público profissional que vá a feira para fazer negócios”

Antonio Azevedo, presidente da Abav Nacional

Antonio Azevedo, presidente da Abav Nacional


O presidente da Abav Nacional, Antonio Azevedo, fala o que pensa. Com experiência no setor e no segundo mandato à frente da entidade, ele tem uma visão clara quando o assunto é o agente de viagem e o exercício da profissão, papel esse que envolve diversos fatores externos. A poucas semanas da Abav Expo Internacional de Turismo, que ocorre entre os dias 24 a 28 deste mês, em São Paulo, ele conversou com o M&E sobre o evento e, claro, sobre diferentes temas que envolvem o turismo.
 
MERCADO & EVENTOS – Estamos a poucos dias da Abav Expo de Turismo. As metas de vendas traçadas inicialmente foram atingidas?
Antonio Azevedo –
Por incrível que pareça, talvez até em virtude da Copa do Mundo ter paralisado muitas atividades, ainda estamos realizando algumas vendas. Claro que os espaços melhores estão todos ocupados, mas temos alguns periféricos. Posso dizer que as metas foram alcançadas parcialmente. Queríamos ter um acréscimo de área construída de, ao menos, 10%, mas vamos ficar em tono de 5% a 6%. Claro que a área total aumentou significativamente, em função do novo pavilhão. Isso vai fazer com que o desenho da feira seja mais agradável ao visitante, com espaços melhor distribuídos.

M&E – Após o primeiro ano em São Paulo e levando em consideração o resultado da pesquisa que vocês fizeram, quais foram os erros e acertos? O que a Abav tirou de lição da feira de 2013?
Antonio Azevedo –
Sempre aprendemos muitos. Todos os anos fazemos uma avaliação profunda. Detectamos, por exemplo, que houve um número bastante representativo de agências de viagens presentes, mas de São Paulo, propriamente dito, de onde esperávamos uma adesão maior, isso não ocorreu. Estamos iniciando uma ação com diversos consolidadores para nos ajudar nisso. No interior temos o apoio da Aviesp, que está encarregada de levar caravanas para a feira, cerca de 40. Mas tivemos sim uma decepção com a capital. A capital tem 4.800 agências. Se de cada agência enviar duas pessoas à Expo de Turismo, e somente metade das agências comparecerem, ainda assim alcançaremos um bom número.

M&E – A Abav Expo busca quantidade de público ou qualidade?
Antonio Azevedo –
Sobretudo qualidade. Essa questão dos números das feiras é uma questão complicada. Nós queremos deixar claro quais são os nossos números. Existem eventos que divulgam valores e quantidades superfaturados, que só Deus sabe de onde são tirados. Em 2013 tivemos 38.500 visitantes. Não temos como saber quantas pessoas entraram mais de uma vez, mas a ideia é ter, no futuro, um mecanismo que possa diferenciar isso, para provar o que é verdade do que não é. O que queremos é um público de qualidade, que vá à feira para fazer negócios, e não apenas para passear.

M&E – A Abav Nacional está tentando reverter a decisão do governo federal de comprar os bilhetes aéreos diretamente das companhias, sem o intermédio dos agentes. Porque isso é tão importante e quais as consequências que esta decisão do Governo pode acarretar?
Antonio Azevedo –
É importante por diversos motivos. Primeiro porque existe uma centena de agências que sobrevivem praticamente da venda de viagens para o governo. São centenas de empregos que estão em jogo. Segundo, esta é uma questão conceitual. É um verdadeiro absurdo ver a estatização da atividade sendo provocada pelo próprio Governo. Vai haver desvio de funcionários públicos de função, que ao invés de atender áreas carentes e sociais, como segurança, educação e saúde, vão trabalhar numa atividade sem conhecimento de causa. O que tínhamos debatido com o Ministério do Planejamento era similar às compras corporativas, onde você faz um acordo com as companhias aéreas, mas o operacional é das agências. O Governo está se metendo numa situação que não tem pé nem cabeça. E, claro, inibindo o desenvolvimento de um setor que tem certa fragilidade, por ser composto de pequenas empresas. Vamos até o fim nessa batalha. Estamos agora subsidiando o TCU de números e fatos para que ele analise se pronuncie.

M&E – Qual é o papel do agente neste cenário que se desenha após a Copa?
Antonio Azevedo –
Esse é um assunto delicado. Tivemos um período pré-Copa que foi muito maltratado. O Brasil não fez lição de casa e a maneira como se promoveu externamente foi muito frágil. Tivemos a sorte de “Deus ser brasileiro” e nosso evento terminou com um índice de aprovação muito grande. O maior destaque do Mundial foi, sem dúvida, o povo do Brasil, com sua alegria. Foi isso que conquistou os turistas estrangeiros, não foram os aeroportos. Agora que a Copa terminou podemos avaliar o legado. E mais uma vez temos lição a fazer. Esperamos que os órgãos competentes do Governo possam fazê-lo. Paralelamente, teremos que ter um processo junto às agências de receptivo para que possam ter maior competitividade e qualidade de serviço. De forma geral, temos que trabalhar, não podemos ficar sentados em berço esplêndido.

M&E – Como você avalia os casos de operadoras fechando as portas e decretando falência? Como isso afeta o trabalho do agente?
Antonio Azevedo –
É sempre um terror, porque novamente entramos na questão da Responsabilidade Solidária. E quem vai ‘pagar o pato’, mais uma vez, são as agências. A agência revende um produto no qual ganha uma pequena parcela de comissionamento, mas quando problemas assim acontecem, a agência é obrigada, muitas vezes, a pagar 100% de prejuízo. Uma situação de injustiça. Outro ponto que podemos questionar é que as operadoras deveriam oferecer algum tipo de garantia. Em qualquer país da Europa é assim que funciona. Aqui no Brasil a pessoa abre uma empresa hoje, já se intitula operadora e começa a vender no dia seguinte. O correto seria, por exemplo, avaliar se o acionista majoritário ou diretor já teve algum problema com o turismo. Vejo a necessidade que isso seja regulamentado.

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