Embrionário é a palavra que define o sentimento do mercado com a repercussão da notícia sobre uma possível fusão entre Azul e Gol. Anunciada nesta quarta-feira (15), as aéreas realizaram a assinatura de um memorando de entendimento que marca o início das negociações para uma fusão que, caso concretizada, consolidará as duas companhias em uma única empresa que deterá 60% do mercado aéreo do país. A notícia trouxe inúmeras questões e preocupações, principalmente dos consumidores, que consideram o negócio pouco vantajoso – e temem um aumento de preços e monopólio do setor. Mas e o mercado?
Já nas primeiras horas da abertura do mercado financeiro, as ações da Azul e da Gol demonstraram forte alta. Motivo que está atrelado à possível notícia de uma fusão das companhias aéreas. Enquanto as ações da Azul subiam mais de 4%, as da Gol estavam quase 8% maiores.
No setor turístico, a notícia também repercutiu. O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, se pronunciou e descartou a possibilidade de aumento no preço das passagens aéreas com a fusão entre as companhias Gol e Azul. Durante o balanço das ações da pasta, ele afirmou que o governo acompanha o processo e que a análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) será fundamental para a decisão.
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O M&E entrou em contato com aqueles que mais tem a ganhar (ou perder) com o novo negócio, para entender como o trade está reagindo a possibilidade. Veja a opinião de duas das maiores consolidadoras do mercado abaixo.
BEFLY
“Todo mercado precisa de competição. Quando o número de competidores diminui, aumentam os riscos de serviços de menor qualidade e preços mais altos, além de um possível distanciamento das necessidades do mercado que distribui o produto.
Se essa fusão for uma questão de sobrevivência das empresas, é compreensível que o movimento aconteça. No entanto, é essencial que o mercado doméstico brasileiro continue sendo atendido por, no mínimo, três companhias aéreas. O Brasil, com suas dimensões continentais, tem espaço e demanda para três, ou até mesmo quatro, grandes cias aéreas”, – Luciano Guimarães, Vice-Presidente de Negócios da BeFly.
SAKURA
“Ainda é algo muito embrionário para avaliarmos se o impacto será positivo ou negativo. O ponto positivo é a possibilidade de termos uma companhia aérea com melhor saúde financeira. No entanto, tudo vai depender de como será estruturado: administração separada, gestão unificada, e como o negócio vai evoluir, considerando também as análises do Cade e outros fatores.
Quando o Cade avaliar a situação, certamente imporá regras que podem impactar oferta e precificação. Passagem aérea é sempre um produto que atrai muita atenção, e é difícil imaginar um cenário de concentração de mercado que resulte em aumento de preços. Portanto, o papel do Cade será essencial para definir essas questões e garantir um equilíbrio no mercado”, – Cassio Oliveira, diretor da Sakura.
O que fica claro é: todos torcem pelo sucesso (com ou sem fusão). Mas ainda é muito cedo e o caso pode ter muitos desdobramentos para avaliar os impactos e consequências que a união dessas duas gigantes brasileiras podem trazer para o turismo.