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Agências e Operadoras / Destinos / Serviços

Dólar alto cresce busca por Nacional: “hora de negociar com fornecedores”

Moeda chegou a R$ 4,79 na máxima do dia.

Dólar turismo já é negociado a R$ 5 em casas de câmbio das capitais brasileiras

Imagine: uma família que em julho planejava sua viagem para Orlando, no início de 2020, tinha um cenário de dólar na casa de R$ 3,70. Esta mesma família, agora às vésperas de embarcar, se depara com a cotação comercial de R$ 4,70 para moeda norte-americana comercial, valor que vai certamente alterar a programação e as atividades realizadas no destino, mas muito dificilmente acarretará no cancelamento da viagem.

Agora imagine outra família que inicia agora a escolha de sua viagem. São grandes as chances de o cenário afetar a opção, implicando na troca de um destino internacional por um doméstico, ou, Estados Unidos e Europa por destinos sul-americanos. As possibilidades de mudança são ainda maiores quando se joga na conta o valor do dólar turismo, que já beira os R$ 5 em diversas capitais e grandes cidades.

Estes cenários hipotéticos podem ser ilustrados por um levantamento realizado pelo site Kayak, que apontou crescimentos expressivos nas buscas por destinos nacionais no início de 2020. Fortaleza, por exemplo, registrou um aumento de 133% na procura. Outras capitais, como Brasília, Aracaju, São Paulo e João Pessoa, mais que dobraram em buscas. As cidades de Cabo Frio (RJ), Joinville (SC), Porto Seguro (BA) e Ilhéus (BA), também tiveram incremento acima de 100%.

Destinos que mais cresceram em busca janeiro kayak

Além do avanço do nacional, as buscas pelo internacional caíram em comparação com o início do ano passado. Dos 15 destinos mais buscados em janeiro de 2019, cinco eram internacionais: Miami (5º), Lisboa (7º), Buenos Aires (10º), Orlando (13º) e Nova York (15º). Já em janeiro de 2020 o TOP 15 teve quatros destinos internacionais, destacando-se a saída das norte-americanas Orlando e Nova York e a queda de Miami para 14ª posição. As outras três cidades a figurar no ranking foram Lisboa, que caiu duas posições, ficando em 9ª, além de Buenos Aires (13ª) e Santiago (15ª), que passou a figurar no ranking.

destinos mais buscados janeiro 2020

Frederico Levy, vice-presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), destaca que mais do que o câmbio alto, o que assusta e a sua instabilidade, que acaba gerando incerteza para quem planeja uma viagem internacional. “O dólar mais alto não assusta tanto quanto a volatilidade grande. Isso que gera uma insegurança. Quando o dólar chega a um determinado nível e estabiliza o mercado se ajusta isso. Lógico que há uma retração, mas depois há uma retomada”, destaca.

A afirmação de Levy é confirmada pela comparação do histórico da moeda americana com os resultados das operadoras de Turismo. Entre 2014 e 2015, o dólar saiu de um patamar de R$ 2,60 para R$ 4,10, a alta seguiu no primeiro semestre de 2016, sentindo os reflexos do processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff. A variação afetou o a escolha de viagem. De acordo com dados da Braztoa, em 2016 as operadoras embarcaram 5,1 milhões de passageiros, sendo 81,4% em viagens domésticas e 18,6% em internacionais, contra a proporção 60%–40% do ano anterior.

Em 2017, com o dólar estabilizado entre R$ 3,20 e R$ 3,30, o número de viagens internacionais chegou a 1,2 milhão, crescendo 26% e quebrando uma série de dois anos consecutivos de queda, mesmo com o dólar fora dos patamares de 2014.

Hora de negociar com fornecedores

O vice-presidente da Braztoa salienta que no cenário atual não se pode considerar isoladamente a alta do dólar, tendo em vista que as viagens internacionais vêm sendo impactadas também pela epidemia de coronavírus. “O cenário agora é diferente do anterior. Passando este olho do furacão, a gente vai sentir como o mercado vai se comportar realmente”, analisa.

Frederico Levy, da Interpoint

Frederico Levy, vice-presidente da Braztoa.

Frederico destaca que em meio a tantas tormentas no mercado, as agências e operadoras precisam negociar com fornecedores, para garantir menos impacto para o cliente, para as vendas e, no caso dos fornecedores, evitar uma perda de mercado.

“As operadoras estão negociando com fornecedores a adesão de produtos especiais, ou negociações para oferecer uma solução para não perder mercado. Temos que fazer com que o fornecedor se sensibilize. A gente viu muito no passado em casos que o dólar subiu e as companhias reduziram tarifas para manter o mercado e manter o voo mais cheio”, ressalta.

O executivo destaca que, para quem trabalha exclusivamente o internacional, a solução vender destinos de América do Sul, ainda que eles também sejam impactados pela alta do dólar, devido ao fato das tarifas serem dolarizadas. “Acho que em todo momento de estresse há uma sensação de segurança em viajar para um destino mais próximo. São destinos que dependem muito do nosso mercado e então vai procurar estimular a demanda”.

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