Eduardo Sanovicz, presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) afirmou em entrevista ao jornal Band News, que a retomada da gratuidade no despacho de bagagens é uma decisão “ruim e injusta”, pois a ausência de cobrança pontual causará uma divisão dos custos entre todos os passageiros, sejam aqueles com volumes para despacho ou não.
O comentário se refere à Medida Provisória 1089/21 aprovada na Câmara dos Deputados na última quarta-feira (25), e a qual transita para a sanção presidencial. A MP determina gratuidade para o despacho de bagagens de 23 kg para voos nacionais e de 30 kg para voos internacionais.
“No modelo do século XX, que hoje só é praticado em dois países do mundo, Coreia e Cuba, o preço da bagagem é diluído na tarifa do bilhete de todos os passageiros. Ele é incorreto, porque fecha o mercado e é injusto porque faz com que você pague o valor da carga de outro passageiro”, afirma.
Impacto no valor do bilhete aéreo
Fazendo um resgate histórico, o executivo relembra que no período de 2002 a 2016 quando havia liberdade tarifária, o valor do ticket médio saiu de R$910 para R$420, culminando na alta de passageiros únicos transportados que foi de 30 milhões em 2002 para 104 milhões em 2016.
A isenção de tarifa para o despacho de bagagem adotada em 2017 teve por objetivo abrir atrair novas companhias aéreas. Em 2019 cinco low costs se estabeleceram no país, no entanto, com a chegada da pandemia, suas operações foram interrompidas e a retomada de suas atividades estão em avaliação.
“De 2017 pra cá o mundo mudou. Os nosso custos, que são dolarizados subiram, somente o câmbio teve alta de 60% e o querosene de aviação subiu 209% no acumulado dos anos. São esses fatores que de fato impactam no preço da passagem” esclarece.
Sanovicz enfatiza que a vigência da MP dificultará a permanência e entrada de empresas aéreas no Brasil, pois estas não terão liberdade para operar eu modelo de negócio. “O que a câmara e o congresso confundiram – e que é prejudicial – é algo conjuntural, engloba o cenário econômico brasileiro e internacional, afetados pela pandemia, com uma política de precificação que alinhava o Brasil ao cenário internacional. Portanto, no final dessa história, nada é gratuito, tudo tem um custo e novamente, no que tange às bagagens, ele será repartido entre todos, como havia deixado de ser.