Com um dos principais desafios de encontrar respostas para os impactos provocados pelas mudanças climáticas e a aviação, a adoção dos chamados SAF – sustainable aviation fuel – é uma parte importante da estratégia de enfrentamento do setor e estará em discussão durante o ACI Airport Day Brasil, primeiro encontro presencial organizado pelo Conselho Internacional de Aeroportos (ACI) no Brasil.
O evento reunirá no dia 3 de maio de 2022, no auditório do Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos, os principais executivos da indústria aeroportuária do país, autoridades da aviação civil nacional e especialistas em temas relativos aos aeroportos, assim como meio ambiente, tecnologia, negócios e mobilidade urbana.
A aviação é responsável por cerca de 3% das emissões globais de CO2 e segmentos da indústria fixaram metas de redução de longo prazo, como no caso dos aeroportos que, liderados por ACI, assumiram o compromisso setorial de reduzir a zero as emissões de carbono até o ano de 2050. O Grupo de Ação de Transporte Aéreo (ATAG), em seu relatório Waypoint 2050, afirma que há caminhos possíveis para a aviação civil atingir a meta e um deles é uma mudança total para o uso de combustíveis sustentáveis de aviação nas operações de médias e longas distâncias.
O evento trará à discussão a relevância dos combustíveis sustentáveis como elemento chave na descarbonização do transporte aéreo e os desafios da integração das aeronaves movidas a SAF ao ambiente aeroportuário.
“A descarbonização dos aeroportos se dará de forma diferenciada por diversos fatores, desde a região onde estão localizados à disponibilidade de energias renováveis e à maturidade do desenvolvimento das tecnologias necessárias. Já há aeroportos no mundo onde o abastecimento de aeronaves com combustíveis sustentáveis é uma realidade”, afirmou Rafael Echevarne, diretor-geral de ACI-LAC, o escritório regional de ACI na América Latina e Caribe.
A diretora de Sustentabilidade, Meio Ambiente e Assuntos Legais de ACI, Juliana Scavuzzi, destaca o potencial do Brasil para o desenvolvimento dos SAFs em virtude de sua experiência na produção de etanol e a possibilidade de cultivo no país de diversas matérias-primas usadas na produção dos combustíveis.
“Os SAFs podem reduzir em até 80% a emissão de gases poluentes na aviação e a vantagem está no ciclo de vida do combustível. Como muitas matérias-primas são plantas, em seu ciclo próprio elas já seqüestram carbono e por isso a produção é mais eficiente do que a de outros processos de produção que se baseiam no petróleo. O Brasil tem a capacidade de fazer impacto e esse é um dos motivos pelos quais o país é tão ativo nessa questão na OACI (Organização da Aviação Civil Internacional)”, afirmou.
BRASIL – Referência na produção de biocombustíveis, o Brasil ainda não tem uma política pública para a produção em escala de combustíveis sustentáveis de aviação, mas é o primeiro país na América Latina a desenhar marcos legais, a partir do PL 1873/21, que institui um programa federal para incentivar a pesquisa, a produção e o consumo dos biocombustíveis avançados no Brasil.