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Aviação / Curiosidades

Cultura e infraestrutura de aeroportos secundários são desafios das low-costs no Brasil

Josian Chevallier, da Viajala, Gustavo Murad, da Amadeus, e Ivan Sakr, da Sky

Josian Chevallier, da Viajala, Gustavo Murad, da Amadeus, e Ivan Sakr, da Sky (Fotos: Eric Ribeiro/M&E)

SÃO PAULO – O último ano marcou um importante acontecimento na aviação comercial brasileira: a chegada das empresas de baixo custo. Desde novembro, três low-costs já iniciaram operações: SKY, Norwegian e Flybondi, além de JETSmart, que passa a voar em dezembro. De imediato, o fenômeno já foi responsável por derrubar os preços de passagens nas rotas em que as companhia atuam.

Nas rotas para o Chile, a SKY apresenta preços até 46% menores do que os praticados até então. Na Argentina, com a Flybondi, a redução chega a 63%. Já a Norwegian, que liga Londres ao Rio de Janeiro, apresenta preços até 57% menores do que os praticados na rota. Os dados são do buscador Viajala. Porém, o sucesso do modelo no Brasil ainda depende fatores econômicos e de infraestrutura para dar certo, além do fator cultural, por se tratar de um mercado que ainda inicia um processo de desregulamentação. Um prova desta barreira cultural é o desconhecimento.

De acordo com o Viajala, aproximadamente 71% das pessoas nunca ouviram falar em low-cost ou não sabem do que se tratam, enquanto apenas 11% já viajou e gostou da experiência. Entre os pontos positivos apontados pelos que gostam do modelo estão pontualidade, praticidade e o preço. Já entre os que não apreciam o modelo, as críticas estão no baixo conforto, nas taxas altas para serviços adicionais (bagagem, escolha de assento e etc…) e o atendimento menos cordial.

Durante a apresentação de seu barômetro, nesta quarta-feira (23), o buscador Viajala realizou um debate sobre a chegada das low-cost ao Brasil. O encontrou reuniu um dos fundadores do Viajala, Josian Chevallier, o diretor financeiro da SKY no Brasil, Ivan Sakr, e o diretor de Negócios Aéreos da Amadeus para América Latina, Gustavo Murad.

ASPECTO CULTURAL

“É um processo lento, pois na América Latina este modelo ainda é muito recente. O mercado está com o serviço das companhias aéreas tradicionais e as pessoas precisam de tempo para entender há uma possibilidade tomar uma decisão de viajar pensando mais em preço e de uma maneira mais prática”, analisou Josian Chevallier, fundador da Viajala, com olhar um pouco mais paciente. O executivo destacou que este foi o processo que passou a Colômbia, onde nasceu o buscador, com a chegada de low-costs como Viva Colombia, atual Viva Air.

Debate abordou alguns dos desafios do modelo low-cost no Brasil

Debate abordou alguns dos desafios do modelo low-cost no Brasil

Opinião semelhante também teve Gustavo Murad. “Acho um processo natural. Se a gente olhar uma estratégia de viagem, o passageiro precisa definir se quer custos ou serviço. No Brasil e na América Latina não estávamos preparados para este modelo”, explica. Ele, no entanto, ressalta que esta falta de preparo não se restringe somente a cultura do consumidor, mas à demanda.

“O modelo low-cost exige frota única, para baratear manutenção, aeroportos secundários, como acontece em grandes mercados, e cobrança por serviços, que só foi regulamentada recentemente. Muitos dos aeroportos secundários não têm estrutura ou demanda. O Brasil tem uma média de 0,4 viagens per capita. Nos Estados Unidos Este número sobe para 3,2”, completa o  diretor de Negócios Aéreos da Amadeus para América Latina.

VISÃO DA LOW-COST

Abordando a visão da low-cost, Ivan Sakr destacou o potencial do mercado brasileiro, que esbarra em questões de legislação, custo e infraestrutura, o que ainda limita a possibilidade de atuação de uma destas empresas no Brasil. “A companhia de baixo custo vai buscar sempre mais eficiência para gerar  lucratividade em sua operação. Para isso, a primeira coisa é buscar rotas rentáveis e a outra é infraestrutura.

No Brasil, as rotas mais rentáveis não têm slots nos aeroportos. Para operar em aeroportos secundários falta infraestrutura. A SKY, por exemplo, opera com um A320neo e nem todos os aeroportos secundários ou regionais têm estrutura para recebê-lo. Isso limita muito a atuação”, explica o diretor da SKY no Brasil. Ivan ressaltou ainda que poucas modificações já seriam necessárias para mudar este quadro.

“Você tem que começar de algum ponto e o ponto inicial é o governo criar condições. A redução de impostos sobre combustível e a infraestrutura de aeroportos e de acesso ajudam, pois a companhias vêm na esteira deste movimento. O pouco que foi feito já abriu caminho para as low-costs chegarem”, completou.

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