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Turistas cancelam viagens após mangá prever grande terremoto e tsunami em julho no Japão

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Felipe Abílio

Publicado - 26/05/2025 - 17:23

japão toquio Photo J Shutterstock.com Turistas cancelam viagens após mangá prever grande terremoto e tsunami em julho no Japão
Mangá que ‘previu’ desastre de 2011 aponta nova tragédia e assusta viajantes asiáticos (Divulgação/The Main)

O que começou como uma previsão em um mangá japonês se transformou em um fenômeno que já impacta o turismo do Japão. A possibilidade de um grande terremoto em julho, mencionada na obra Watashi ga Mita Mirai (O Futuro que Eu Vi), da artista Ryo Tatsuki, está levando turistas — especialmente da Ásia Oriental — a adiar ou cancelar suas viagens ao país.

Publicado originalmente em 1999, o mangá traz relatos de sonhos premonitórios da autora. A obra ganhou notoriedade ao mencionar um desastre em março de 2011 — coincidindo com o terremoto e tsunami que devastaram o norte do Japão naquele mês. Já na edição ampliada lançada em 2021, Tatsuki prevê um novo terremoto para 5 de julho de 2025, causado por uma fenda submarina entre Japão e Filipinas que geraria ondas três vezes maiores do que as do desastre de Tohoku.

Mesmo com especialistas reforçando que prever terremotos com precisão ainda não é possível, o temor coletivo se espalhou rapidamente pelas redes sociais.

Segundo uma agência de viagens em Hong Kong, as reservas para o Japão caíram pela metade no feriado da Páscoa e a tendência é de queda contínua. “É como se esse medo tivesse se enraizado nas pessoas”, afirmou CN Yuen, diretor da agência, à CNN Travel. “Elas simplesmente dizem que preferem adiar a viagem por enquanto.”

As preocupações também se espalham por outras regiões. Turistas da China continental, Tailândia e Vietnã têm compartilhado avisos e vídeos sobre o suposto desastre iminente. Em meio a esse clima de tensão, outras previsões também ganharam destaque.

Um médium japonês afirmou que um terremoto devastador ocorreria na Baía de Tóquio no dia 26 de abril — data que passou sem incidentes. Já o mestre de feng shui Qi Xian Yu, popular na TV de Hong Kong, recomendou que se evitasse o Japão a partir de abril.

Autora se pronuncia

Tatsuki reconhece o impacto de sua obra. Ao jornal Mainichi Shimbun, declarou considerar “muito positivo” o fato de seu mangá estimular a preparação para desastres. Mas fez um alerta. “Peço que não sejam influenciados demais pelos meus sonhos e que ajam de forma apropriada com base nas opiniões de especialistas.”

Em resposta ao alarde nas redes, o governo japonês afirmou na plataforma X (antigo Twitter) que a tecnologia atual ainda não permite prever terremotos com exatidão. O governador da província de Miyagi, Yoshihiro Murai, também criticou a influência das superstições. “Acho que é um problema sério quando a disseminação de boatos altamente anticientíficos nas redes sociais afeta o setor turístico”.