Lide Brazil Conference: “Desenvolver o turismo no Brasil é uma decisão política”, diz Lummertz

Vinicius Lummertz participa da Lide Brazil Conference, em Milão (Reprodução/Youtube)

Chairman do Grupo Wish e ex-ministro do Turismo (2012-2015), Vinicius Lummertz foi taxativo ao afirmar, na manhã desta sexta-feira (8), na Lide Brazil Conference, em Milão (IT), que “desenvolver o turismo brasileiro é uma decisão que ainda não foi tomada”. O encontro reuniu, no Hotel Principe di Savoia, mais de 120 empresários, investidores e autoridades do Brasil e da Itália para debater temas econômicos e sociais, além de incentivos ao turismo entre os dois países.

“A questão do turismo é uma decisão política. Precisamos de um projeto e estratégias bem desenvolvidas para permitir o Brasil se inserir nessa cadeia global e crescer, como aconteceu com países como a Turquia, Portugal e Tailândia, por exemplo”, assinalou Lummertz.

Entre outras dificuldades colocadas pelo ex-ministro, e que dificultam muito o pleno desenvolvimento turístico em certas regiões naturais do Brasil estão os gargalos, para citar alguns, existentes nos “caminhos para o Jalapão, ao aeroporto de Lençóis e a existência de um único hotel inserido dentro de um parque nacional”. Na verdade, salienta Lummertz: são gargalos por toda parte e que não entram no PAC, por exemplo. E por que não? Esse tema do Programa de Aceleração do Crescimento voltado para o Turismo é mais um desperdício da uma falta de estratégia de governo para apoiar e desenvolver a atividade.

Como produto turístico global, o Brasil teria que contar com investimentos para promoção do destino da ordem de €45 milhões/ano até 2035. Um dos mais importantes eventos agendados, a COP 30 (2025) em Belém (PA) é um showcase importante para o país assumir um novo posicionamento, inclusive turístico. O país responde pelo maior potencial do mundo em Turismo Natural, abriga parques naturais em seis biomas e se posiciona, atualmente, entre os 10 maiores potenciais do mundo em Turismo Cultural. “Tudo é questão de oportunidade e aproveitamento do potencial que o Brasil tem em relação à nova ordem do turismo mundial”, observa.

Turismo no mundo hoje – A atividade é o maior catalisador de empregos e desenvolvimento. A tendência global aponta que 1 em cada 3 novos empregos serão relacionados a atividades turísticas até 2032 e os gastos diretos do turismo de €2,19 trilhões. O movimento atualmente segue para o Oriente: Emirados, China (Silk Road) e Arábia Saudita. Mas, o Brasil como se posiciona nesse contexto global, indaga Lummertz? “Certamente será muito maior se entrar na cadela global do turismo. Brasil e América Latina podem ser alternativas à saturação de destinos tradicionais, mas mesmo assim tem que trabalhar e se comprometer em mudar a atenção e modo como encara essa visitors economy que se transformou o Turismo”, destacou o ex-ministro.