Mercado hoteleiro brasileiro aponta recuperação e mira desenvolvimento em 2030

Cristiano Vasques destacou o ciclo de mercado hoteleiro, onde o Brasil poderia estar em fase de recuperação, antecedendo o desenvolvimento do setor (Eric Ribeiro/M&E)

SÃO PAULO – Durante o 6° Fórum Nacional de Hotelaria, promovido pelo FOHB nesta segunda-feira (16), Cristiano Vasques, sócio-diretor da HotelInvest, apresentou em seu painel o panorama futuro sobre o mercado hoteleiro no Brasil, contando com dados referentes à diárias médias, taxa de ocupação e RevPAR (receita por quarto disponível), oferecendo uma visão sobre tendências de desenvolvimento do setor em curto e médio prazo, apontando boas notícias até 2030.

Vasques também divulgou o curso desenvolvido pela plataforma veiculado pela Insper, com turmas esgotadas para a primeira edição de outubro, mas com novas turmas em novembro.

Ocupação, diária média e RevPAR

Segundo os estudos apresentados pela HotelInvest, referentes ao primeiro semestre de 2024, a ocupação hoteleira média no primeiro trimestre do ano exibiu uma leve queda de 1% em relação ao mesmo período em 2023, onde houve um excepcional mês de março. Já no segundo trimestre, um crescimento de 3% alavancou o semestre em uma leve guinada, com protagonismo de destinos como Recife e Manaus, rompendo o teto sazonal no turismo de lazer.

A diária média subiu em todas as capitais em ambos os trimestres, fechando o semestre em um crescimento real acima da inflação de 7%, com destaque de Salvador e Brasília, com a capital brasileira apresentando números que surpreenderam os especialistas do setor. Seguindo a tendência, o RevPAR acompanhou o aquecimento do mercado, fechando em um saldo positivo de 5% na média semestral. Entretanto, a cidade do Rio de Janeiro apresentou uma queda considerável, o que pode significar uma percepção de preços não competitivos por parte dos turistas de lazer, optando por outros destinos nacionais e internacionais.

Expectativas para o futuro

A média de ocupação no Brasil permanece estável em 61%, o mesmo patamar de 2019, embora o valor das diárias esteja em crescimento contínuo. Essa tendência sugere uma leve recuperação futura, com a expectativa de aumento na ocupação, acompanhada por um consequente crescimento das diárias.

Um dado que chamou a atenção foi a média móvel dos aluguéis de quartos de hotel, que em 2023 atingiu 3.560, superando o marco histórico de 2012. Isso demonstra um aquecimento no mercado, mesmo diante de um cenário onde a oferta de novos quartos qualificados tem crescido de forma limitada, com apenas 1% de aumento ao ano entre 2024 e 2028, quando são esperados de quatro a cinco mil novos quartos no mercado.

Segundo Vasques, o Brasil está entrando em uma fase de recuperação no setor hoteleiro, caracterizada por pouca oferta nova e uma crescente demanda. Esse cenário favorece hotéis já estabelecidos, que se beneficiam com o aumento de ocupação e diárias mais altas. Para investidores, este é um momento propício para aquisição e inovação em hotéis existentes, antes que o ciclo de mercado entre em uma fase de desenvolvimento, com estabilização da ocupação e desaceleração do crescimento das diárias.

Para o futuro, as expectativas apontam que até 2029/30 diversos projetos hoteleiros estão em estudo, consolidando a viabilidade econômica do setor. Apesar da estabilidade esperada na ocupação até 2025 e da desaceleração das diárias, a indústria continua promissora, com perspectivas de crescimento real das diárias acima da inflação e novas interfaces imobiliárias no horizonte.