Quando se fala em Flórida, a imagem que logo vem à cabeça do turista brasileiro é de Orlando e Miami. Mas basta cruzar a ponte sobre a baía de Tampa para descobrir um destino que combina praias premiadas, gastronomia de excelência, eventos incríveis e uma essência difícil de traduzir em palavras: a de se sentir bem-vindo.
Eu sou suspeita. Outro dia, participando de um evento de turismo e meio perdida procurando o estacionamento, me surpreendi com a ajuda, papo e gentileza de uma pessoa no meio da rua. Eu nunca tinha visto nada igual em Orlando. E foi exatamente isso que Eddie Delgado, gerente de comunicação do Visit St. Pete-Clearwater, destacou em entrevista ao Conexão Flórida. “Aqui, a nossa essência é ser bom anfitrião. Seja uma família com filhos, um casal LGBTQIA+, ou um grupo de amigos, todos encontram seu espaço no nosso destino. E isso não é de hoje: é parte da identidade da comunidade”, afirmou sem titubiar. “Aqui, a essência é community-driven, é o sentimento de comunidade que mantém o coração do destino vivo”, resume Delgado.
Mas é importante reconhecer que essa celebração acontece em um contexto de tensão. Enquanto St. Pete-Clearwater e cidades vizinhas como Tampa conquistam nota máxima (100/100) no Municipal Equality Index da Human Rights Campaign, o governo da Flórida tem avançado em medidas que tentam apagar a visibilidade LGBTQIA+. Nos últimos meses, vimos a remoção da seção “LGBTQ Travel” do site oficial do estado, propostas de banir bandeiras do Orgulho em prédios públicos e até a cobertura de murais coloridos em St. Pete e Orlando, incluindo o memorial da boate Pulse. Essas ações criam ruído político, mas, na prática, só reforçam o papel de destinos como St. Pete: resistir, acolher e se apresentar como alternativa real para viajantes que buscam diversidade.
St. Pete-Clearwater é um destino completo e democrático. É a marca turística do condado de Pinellas, que reúne 24 comunidades e mais de 50 km de praias. Localizado a apenas 30 minutos de Tampa (tudo meio que como parte da cidade e a apenas 2 horas e pouquinho de Orlando), o destino se orgulha de ostentar algumas das praias mais bonitas dos Estados Unidos. Mas, como lembra Delgado, o segredo está no que vai além da areia branquinha e do mar verde-esmeralda: “Arte, cultura, gastronomia, música ao vivo, aventura, eventos esportivos mundiais, além de festivais… tudo isso transforma uma viagem em uma experiência completa”.
St. Pete é palco do maior Pride da Flórida, mas a celebração da diversidade acontece o ano inteiro. Junho é o mês mais famoso, com desfiles, shows e eventos, mas a agenda se estende para outras épocas, como o Winter Pride. Além disso, festivais como o Firestone Grand Prix, o SHINE Mural Festival e o St. Pete Innovation dão o tom de um calendário capaz de encantar diferentes perfis de viajantes.
Para o trade brasileiro, isso significa oportunidade: “Agências e operadores podem incluir eventos em seus pacotes, conectando a viagem à identidade do viajante. Há sempre algo acontecendo por aqui”, reforça Delgado. Aliás, o Grand Prix é sensacional e vale a pena incluir no roteiro. Eu já fui e recomendo.
Embora seja um destino democrático, St. Pete-Clearwater também fala a língua do luxo. É tipo luxo e exclusividade com sotaque local. Resorts como o Opal Sands em Clearwater Beach e o centenário Vinoy Resort & Golf Club em St. Pete são símbolos de hospitalidade high-end, enquanto a cena gastronômica local ganhou ainda mais projeção ao integrar o Guia MICHELIN da Flórida. “Se o viajante busca uma experiência de luxo, ele encontra aqui — da hospedagem à culinária, passando por museus e coleções exclusivas de arte em vidro soprado”, afirma Delgado.
Se existe uma atração que todo brasileiro deveria vivenciar, Eddie Delgado garante: é o pôr do sol no Golfo. Seja em um rooftop de Clearwater Beach, em um passeio de barco ou após um jantar, o espetáculo natural se transforma em memória de viagem.
Outro destaque é a Gulp Coast Craft Beer Trail, passaporte que conecta mais de 40 cervejarias artesanais na região, incluindo a Dunedin Brewery, a mais antiga da Flórida em funcionamento. “É uma forma divertida de explorar o destino e viver como um local”, completa. Eu já quero ir, quem vem comigo?
O acesso é fácil: embora ainda não haja voos diretos Brasil–Tampa, o Tampa International Airport se conecta via Bogotá (Avianca) e Cidade do México (AeroMéxico), opções viáveis para o público brasileiro. E para quem já está em Orlando, a viagem de carro dura cerca de duas horas. Pertinho e, se pegar um horário contra-fluxo, nem muito trânsito pega.
Outra dica charmosa são os cruzeiros que saem do porto de Tampa, como o Margaritaville At Sea, que oferece escapadas de 4 a 7 noites para o Caribe e o México. Como convidada, participei da inauguração e fui até confundida com Savannah Buffett, filha do cantor Jimmy Buffett e madrinha do navio! Outra novidade é o primeiro cruzeiro “dog-friendly” do mundo, que inaugura em novembro deste ano, permitindo que até 250 cães viajem com seus donos, com serviços como spa para filhotes, desfiles e muito mais.
O Brasil já é o quarto maior mercado internacional e o primeiro da América Latina para St. Pete-Clearwater. O trade brasileiro sabe disso, mas agora é a hora de se especializar. Para Delgado, o segredo é investir em informação e treinamento: “Oferecemos ferramentas, engajamento e representação local para manter os agentes sempre atualizados. O brasileiro procura algo diferente dos parques — e aqui ele encontra”.
