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Points de Vue

Além do Covid, um “Brazilian bashing” ?

O hashtag #VariantBresilien é talvez mais um exemplo da degradação da imagem do Brasil junto as opiniões públicas da América do Norte e da Europa ocidental. Empurrados pelo descontrole da pandemia, fakes ou verdadeiros, os rumores sobre as variantes “sul americanas” são motivos para discriminar brasileiros, bloquear ou suspender voos internacionais , ou simplesmente para impedir a entrada de viajantes provenientes do Brasil. Em uma reportagem publicada no dia 18 de Abril, a Folha de São Paulo citou casos no Portugal, na Irlanda, na Holanda e na França, e lembrou o risco de xenofobia e de violências como foi o caso nos Estados Unidos com a comunidade chinesa.

Na França, as medidas contre os viajantes provenientes da América do Sul foram endurecidas essa semana. Sem poder limitar as chegadas de vários países europeus – Suécia, Polônia ou Hungria- onde a pandemia tem taxas muito mais altas que no Brasil ou no Chile, o governo impõe uma quarentena para todos os residentes de 4 países sul americanos, incluindo seus próprios cidadãos. As restrições contra o Brasil estão virando um assunto politico, simpatias “latinas” virando suspeitas, viagens para América do Sul sendo julgadas escandalosas, a direita esquecendo a herança do de Gaulle e pedindo mais “firmeza”, a esquerda confundindo proximidades políticas e relações com estados e povos.

Se a situação sanitária e a preocupação com as variantes brasileiras do vírus são uma realidade, esse “Brazilian bashing” se inscreve infelizmente em uma tendência de vários anos. As mudanças na politica internacional do Brasil, suas evoluções sobre assuntos de sociedades, bem como o novo relacionamento do poder politico com a imprensa não foram sempre bem compreendidos pelas mídias que constroem a opinião mundial. E os crescentes mal-entendidos sobre a Amazônia, cuja realidade é parcialmente ou totalmente desconhecida pelos governos estrangeiros, pesam cada vez mais sobre a imagem do país, afetando a economia, as exportações, os investimentos e o turismo.

Mesmo com esse quadro negativo, os profissionais do turismo – especialmente aqueles que estão envolvidos nas relações com a França, devem acreditar que essa situação será superada, tendo várias razões para isso.

§ a pandemia é um fator importante da aceleração desse “Brazilian bashing”, mas as campanhas de vacinação bem sucedidas levarão ao final dessa crise, mesmo se pode demorar ainda vários meses.

§ a guerra verbal sobre a Amazônia vai ter que evoluir em uma cooperação respeitosa da soberania brasileira, assegurando os objetivos de luta contra as mudanças climáticas. Longe de ser um bloqueio ao desenvolvimento da região, um novo acordo internacional pode abrir oportunidades – inclusivo no turismo- e ajudar a mudar a imagem do Brasil.

§ a relação especial entre os dois países tem raizes na história e na cultura, muito mais fortes que divergências pontuais. Auguste Comte e Santos Dumont sempre superaram o Conde d’Eu, o litígio do contestado ou a guerra da lagosta.

§ as mudanças politicas nas perspectivas de 2022, e a troca de ministro das relações exteriores deveriam afastar a ideia que o Brasil vai aceitar de ser um pária através do mundo.

§ A França sempre foi um dos mais importantes destinos dos turistas brasileiros, e ser brasileiro sempre foi na França um motivo de atendimento especial (Como foi no Brasil para os turistas franceses). Multiplicando os encontros e as relações pessoais, a retomada do turismo deve ser outro importante fator para acabar com esse triste “Brazilian bashing”.

Jean Philippe Pérol

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