E o Turismo nasceu num rio!

Nos primórdios da civilização humana, quando um membro de uma tribo subiu num tronco e navegou ate a tribo mais próxima para uma visita, em paz, naquele momento nascia o Turismo, uma das mais antigas expressões sociais e de lazer dos Seres Humanos.

Os grandes movimentos turísticos surgiram ainda na antiguidade, na Grécia antiga, por exemplo, os Gregos sempre deram muita importância ao tempo ocioso, e o aproveitavam para atividades culturais, esportivas e religiosas, e ocorriam assim grandes deslocamentos humanos para assistir as Olimpíadas, que eram realizadas na cidade de Olímpia a cada quatro anos ou para visitas aos Oráculos de Delfos e Dodoma.

Durante o Império Romano, a parcela mais favorecida da população, frequentemente se deslocava para desfrutar dos locais de aguas termais, como as Termas de Caracala ou para assistir a grandes espetáculos nos muitos “Teatros Romanos” ou ainda, ocorriam grandes deslocamentos de populações para o litoral, durante o verão, para as famosas “Villas”. Tais deslocamentos dos Romanos foram em grande medida, facilitados por sua habilidade na construção de vias, através da navegação pelo Rio Tigre e da prosperidade econômica. Todos esses fatores foram possíveis devido a “Pax Romana”, (Paz Romana) período em que o Império Romano viveu uma relativa paz, quando o Imperador Augustus decretou o fim das guerras civis, em 28 a.C. este período durou ate a morte do Imperador Marco Aurélio em 180 D.C.

Já na idade Media, houve um incremento dos deslocamentos humanos com o fortalecimento do turismo religioso através do cristianismo e do islam. Surgem então algumas das mais famosas rotas turísticas tais como de Veneza a Terra Santa, o Caminho de Santiago e a peregrinação a Meca, um dos 5 pilares do Islamismo, que obriga seus seguidores a peregrinarem a Meca prelo menos uma vez na vida.

O Turismo experimenta grande evolução já no inicio da Idade Moderna, quando surgem as primeiras construções dedicadas à hospedagem de visitantes e por primeira vez se utiliza a palavra hotel, que em francês significava “palácios urbanos”.

A necessidade de construções dedicadas à hospedagem teve origem nas viagens de pessoas importantes ou autoridades. Com suas comitivas cada vez maiores, e que não cabiam nos palácios, começaram então a surgir os primeiros hotéis para hospeda-las.

Ocorrem também ainda na Idade Media as grandes descobertas de “além-mar”, com as grandes viagens marítimas de Portugal, Inglaterra, Espanha e Holanda, que despertam grande curiosidade nas pessoas que começam a vislumbrar também elas, a possibilidade de fazerem uma viagem. Surge ainda o costume de enviar os jovens filhos da aristocracia inglesa para uma viagem de pelo menos 2 anos a outros países europeus, com a finalidade de aperfeiçoarem seus estudos e para adquirirem novas experiências, tais viagens eram chamadas de “Grand Tour”, expressão que deu origem a palavra turismo.

Com a Revolução Industrial, no inicio do século 19, o turismo experimentou mais um grande avanço, não só pelo poder econômico da burguesia e das classes mais favorecidas da população, como também pelo surgimento de modernos meios de transporte, para aquela época, tais como os navios a vapor e já em 1804, surge a primeira locomotiva. Os novos meios de transporte possibilitaram viagens longas e mais confortáveis para os viajantes.

Em meados do século 19, a Inglaterra começa a explorar comercialmente as grandes viagens transoceânicas, com as travessias entre a Europa e a America.

Em 1840 Thomas Cook promove a primeira viagem organizada de que se têm registros e em 1851 cria a “Thomas Cook and Son”, a primeira agencia de viagens da historia. Thomas Cook é considerado o pai do turismo moderno. Henry Wells, William Fargo e John Butterfield, criaram em 1850 a American Express, como uma companhia de transportes, mais tarde convertida em agencia de viagens.
Após a Primeira Guerra Mundial, a partir de 1919, inicia-se a produção em grande escala de ônibus, capazes de transportar grupos de viajantes e aumenta sensivelmente o uso dos automóveis, cresce o turismo costeiro e o Turismo Fluvial.

A princípios de século 20 aprimora-se o uso de aeronaves e em 1914 surge à primeira linha aérea regular, entre São Petersburgo e Tampa na florida.

No final da década de 1920, a tecnologia dos dirigíveis havia avançado de tal forma que seu criador, o alemão Graf Zeppelin, realizou o primeiro voo em torno da terra, Em 1930, os dirigíveis já eram utilizados em varias rotas na Europa e surgiram as primeiras viagens transatlânticas, permitindo a rápida movimentação de turistas não só no velho continente como também da Europa para a America e vice-versa.

Com a queda do Hindemburg em Nova Jersei, em 1937, os Zeppelin foram abandonados e substituídos pelos hidroplanos, que também entraram em decadência nos anos 1940 e em seu lugar surgiram aviões mais modernos e rápidos, as cabines passaram a ser pressurizadas e até os nossos dias a aviação civil passou por um enorme desenvolvimento, até chegarmos ao espetacular Airbus 380, capaz de transportar até 853 turistas, o que permitiu que o turismo chegasse a ser, nos dias atuais, uma das principais atividades econômicas do mundo.

Os primeiros registros de cruzeiros marítimos surgiram no ano de 1835, no Shetland Journal, que mencionava a primeira viagem organizada, por mar, para visitar a Escócia, Islândia e as Ilhas Feroe. Em 1840 surgiram a P&O e a Cunard.

Com o passar dos anos, os navios deixaram de ser usados como simples meios de transporte e passaram a fazer viagens previamente organizadas, os cruzeiros.

Em fins dos anos 1960 e inicio dos 70, com o surgimento de novos, maiores e rápidos aviões, as companhias de navegação foram obrigadas a abandonar o simples transporte de passageiros e transformaram seus navios em barcos de cruzeiros, cada vez maiores e mais luxuosos e atualmente existem navios capazes de acomodar mais de 5.000 passageiros em confortáveis cruzeiros. O recorde de passageiros em cruzeiros marítimos acorreu em 2012, com mais de 20 milhões de passageiros em todo o mundo.

Porem são os Cruzeiros Fluviais que mais crescem atualmente, com dezenas de barcos lançados a cada ano e com novas Companhias com pesados investimentos no setor, em todo o mundo. Ao contrario dos grandes barcos, num Cruzeiro Fluvial o ambiente é mais aconchegante, em media são somente cerca de 140 passageiros confortavelmente hospedados em cabines externas. Os Cruzeiros Fluviais não têm cabines internas.

O reduzido numero de passageiros nos cruzeiros fluviais permite que os mesmos recebam um tratamento personalizado e com mais qualidade se compararmos aos grandes navios de cruzeiros marítimos.

Duas das grandes vantagens são o fato de os rios não terem ondas, os barcos não balançam e os passageiros não sofrem enjoos e nos cruzeiros fluviais vemos paisagens durante a navegação, evitando assim a navegação monótona em alto-mar.

Com muitas vantagens sobre os cruzeiros marítimos, os fluviais, a meu ver, existem desde muitos e muitos séculos. Os faraós no Egito utilizavam barcos feitos de papiros para navegar pelo Rio Nilo e existem registros que narram passeios de Marco Antonio e Cleópatra pelo Rio Nilo, em 36 A.C.

“O Turismo nasceu num rio” e atualmente os Cruzeiros Fluviais são uma excelente opção para os mais exigentes turistas do mundo e contribuíram ao longo séculos com o enriquecimento da Historia do Turismo Mundial.

Miguel Andrade
Diretor da Transmundi Operadora