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Hotelaria e Alimentação

A realidade dos preços dos hotéis no Brasil

Findo o carnaval, convém analisarmos a alta temporada sob a perspectiva dos resultados e acontecimentos que envolveram a hotelaria nacional. De maneira geral, ainda carecendo de fechamento de números, houve crescimento na ocupação média da maioria dos destinos de verão. Esse aumento foi fruto de maior demanda dos brasileiros viajando em férias, apesar de a oferta de meios de hospedagem ter aumentado em alguns destinos. O Número de turistas estrangeiros não foi expressivo,  – em face da continuada crise na Europa e nos EUA e da situação econômica deteriorada na Argentina –, apesar de o gasto médio continuar com tendência de alta, indicando um turista de maior poder aquisitivo.

O que, com certeza, não vai gerar maior atração de clientes do exterior ou melhorar a imagem do turismo nacional é a postura do órgão oficial responsável pela política e pela ação de marketing turístico, a qual argumenta, com embasamento equivocado, que os preços da hotelaria nacional estão caros, comparativamente a outros destinos.

Recentemente, fomos convocados à Brasília, junto com outras entidades patronais hoteleiras, para tomar conhecimento do levantamento de preços, que usou como base os sites de busca e compra de hotéis, desenvolvido pela Embratur. Apesar de uma portaria (Port. nº 90 de 19 de junho de 2012) publicada no ano passado mencionar que os dados seriam objeto de discussão, soubemos dos resultados pela imprensa, alguns dias antes, o que resultou em mídia contraproducente para o Brasil como um todo. Melhor seria uma nota conjunta, em que, observadas quaisquer incorreções, iniciativa privada e governo trabalhassem juntos para os ajustes necessários.

Atendo-nos à pesquisa em si, constatamos que ela fugiu do escopo básico, legalmente proposto, que era comparar diárias dos grandes eventos em inúmeras cidades mundo afora com as de capitais brasileiras que também estivessem recebendo grandes eventos e expressivo número de clientes. O que se destacou no levantamento impreciso da Embratur foram cotações pré e pós-determinadas datas (como JMJ e Copa das Confederações) na rede hoteleira nacional, com objetivo de ressaltar incremento de valores nos pernoites.

Cabe, desde já, uma ressalva importante: o maior volume de reservas nos hotéis brasileiros, em sua política de venda e comercialização dos quartos, é fruto de negociações diretas com operadoras de viagens nacionais e internacionais (por meio de seus atendentes de receptivo local), atacadistas de reservas de hospedagem e agências especializadas no público corporativo. Caso a Embratur se dispusesse a tomar ciência desses valores médios de contratualização, constataria que as cotações são razoáveis e bem equilibradas, em comparação com as capitais internacionais sugeridas na legislação promulgada.

Na realidade, os preços postados diretamente na web pelos hotéis no Brasil são usados para recompor diária média e Revenue Per Available Room (RevPAR), ou receita por quarto disponível, possibilitando uma política de administração tarifária ao sabor da necessidade de ocupação. Deduzir que esses preços postados são os valores médios, praticados majoritariamente, é incorreto e leva a conclusões imprecisas.

Outro fator a ser levado em conta é que o brasileiro ainda não compra com antecipação suas férias de lazer, o que devemos incentivar, utilizando, inclusive, os canais tradicionais do trade turístico, prestigiando toda a cadeia de agências de viagens e maioristas, porque, com certeza, comprará mais barato com a devida antecedência.

Esperamos que a criação de uma comissão tripartite – Executivo, Legislativo e empresariado – possa desnudar a realidade dos problemas do custo Brasil, no tocante aos meios de hospedagem no País e a outros setores, como aviação e alimentação fora do lar, contribuindo para uma plausível visão comparativa com outros competidores internacionais e principalmente ajudando a aumentar a dotação orçamentária, para divulgação nos principais mercados emissores.

Ademais, tanto para a Copa do Mundo quanto para as Olimpíadas os contratos já estão fechados entre as partes, com custos negociados há bastante tempo, sem percalços. Supor que não possamos chegar a um consenso quanto à Copa das Confederações e à Jornada Mundial da Juventude é não acreditar no bom senso da iniciativa privada, que se preocupa muito mais com o cenário após 2016, quando sairemos da exposição midiática internacional e teremos que garantir a sustentabilidade de nossos empreendimentos.

Por isso, acreditamos na sugestão do Ministério do Turismo de promover uma rodada de negociações diretamente nas cidades envolvidas, chamando a hotelaria local, que não se furtará ao diálogo, visando compreender as necessidades oficiais no tocante aos eventos de importância para o governo federal. Por fim, o grande número de empreendimentos que estão em construção em todo o território nacional vai propiciar uma concorrência saudável, em que as condições de mercado prevalecerão, com grande variedade de valores por segmento e qualidade de produto, expressando uma realidade do capitalismo na sua lei de oferta e procura.

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