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Reflexão

Estagiários? Melhor não tê-los! Mas se não os temos, como sabê-lo?

Fiquei surpreso ao ouvir de uma diretora de marketing em recente palestra do trade turístico, que sua empresa não tem estagiários porque da muito trabalho, que sua equipe é muito ocupada, não tem tempo de ensinar e que seu produto é para um público tão especial (gente diferenciada!) que não querem correr risco de colocá-los para falar com seus clientes.

Enquanto ela falava orgulhosa de seu negócio e seus métodos de trabalho, um pouco ultrapassados, diga-se de passagem, fiquei pensando: como podemos exigir do mercado profissionalimo, excelência e qualidade no atendimento e em processos, se não estamos dispostos a desenvolver as pessoas?

Estagiários são jovens estudantes que sonham em entrar no mercado de trabalho. Ficam quatro anos em uma faculdade estudando turismo ou hotelaria e muitos casos, trabalhado meio período para pagar seus estudos.

Além de tudo isso, quem escolhe turismo ou hotelaria, como carreira, vem com um dom instintivo do prazer em servir.

E quando chegam no 3º e 4º ano vem o momento em que eles mais precisam de nós.

Precisam de empresas com portas abertas para deixar entrar o seu futuro. E aí vem alguém que não nasceu sabendo e sem a  menor disposição de estender a mão e passar seu conhecimento acumulado para as novas gerações.

Sou educador. Aceitei dar aula na universidade, não por formação ou vocação, porque não sou acadêmico, mas porque  sou um aministrador de empresas e dirigente de uma entidade, mas cheguei em um momento da minha carreira que tenho que assumir o compromisso de passar minha experiência aos que um dia estarão no meu lugar.

Fui estagiário em 1982 e sou amigo até hoje do meu primeiro gestor. Fui mentor de vários estagiários e trainees e tenho orgulho de ver muitos deles em cargos de direção em grandes empresas.

Temos que ter o compromisso de pensar a longo prazo, e para isso precisamos compor nossas equipes com estagiários, como um meio de oxigenação de novas ideias e agentes de mudanças. Estimular os demais a saírem da zona de conforto.

Estagiários são como filhos, onde assumimos também a responsabilidade pedagógica de ajudar em sua formação.

O livro Notas & Reflexões sobre Educação, recentemente lançado pelo meu filho, filósofo  Marcelo Sando, diz que a palavra pedagogia significa “acompanhar a criança”. O pedagogo era o escravo grego responsável por acompanhar o processo de desenvolvivento dos potenciais das crianças e jovens sob seus cuidados. Precisamos, assim como os antigos pedagogos, acompanhar o desenvolvimento do potencial daqueles que estão sob nosso cuidado. E na nossa indústria do turismo precisamos servir aqueles que desejam servir.

E é por isso que, parafraseando o poema enjoadinho do meu poeta favorito, deixo no título desse artigo minha reflexão aos que ainda não estão dispostos a exercer seu papel pelo bem do nosso futuro.

Vamos juntos, porque a estrada é longa, mas a vida é curta.

Por isso, precisamos saber a hora de dar passagem.

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