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Reflexão

O bebê e o cachorro

Vivemos num mundo em permanente revolução. Houve mais progresso nos últimos 100 anos do que os últimos 40 séculos de historia.

Falar de eletricidade, aspirina, satélite, laser, internet, são coisas do passado. Hoje vivemos de frente para o futuro. A ciência e a tecnologia colocaram as fantasias em prática. Inovamos métodos de trabalho, desenvolvemos novas soluções, multiplicamos eficiência e temos mais amigos em redes sociais do que amigos de verdade.
No último final de semana fui passear apenas com o Vinicius, meu filho de um ano, no Parque do Ibirapuera. Ritual que faço com meus outros filhos, quando tinham a mesma idade, há mais de 20 anos.

O que me chamou a atenção desta vez foi a frieza das pessoas ao meu redor. Levando o carrinho, ensinando a criança dar seus primeiros passos na grama, carregando no colo ou dando a mamadeira de água, não vi ninguém interessado em dirigir seu olhar para o bebê. Notei que todos caminhavam ou corriam, de cabeça baixa ou ouvindo músicas em seu Ipod, ou falando sem parar e ofegante, para seu colega ao lado sobre alguém.
Não vi, em nenhum momento, ninguém desviar seu olhar, durante uma hora que caminhei em volta de todo o parque.

E vem daí a minha reflexão sobre o mundo que chamamos de moderno. Será que as pessoas perderam a sensibilidade?  Será que caminhar no parque com outras pessoas é apenas a extensão dos negócios ou do network ? Será que ninguém repara se tem alguém passando mal ao seu lado.

Todo esse processo de trazer o futuro para o presente faz com que as pessoas se esquecem que somos todos seres humanos, com todas as fragilidades e angústias de quem vive.  Deixam, sem perceber, de compartilhar um sorriso ingênuo de um criança, deixam de se sensibilizar, ao olhar de dentro do seu confortável  carro com tecnologia de ponta, as crianças simples caminhando pela rua ou correndo atrás de uma bola. 

As pessoas não estão vivendo, estão apenas plugadas. Não se preocupam de fato com o seu semelhante.  Estão mais preocupados em falar, do que em observar por alguns segundos, uma criança aprendendo a andar.

Minha conclusão é que não podemos ser reféns desse sistema, porque o futuro do ser humano, esta presente sim, mas no resgate das relações entre pessoas, como no passado.

Quanto ao cachorro. No dia seguinte fui passear apenas com o Bob, um Golden retrivier, no mesmo parque. Sabe o que me chamou mais a atenção? Como as pessoas gostam mais de olhar para cachorro do que olhar para criança!

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