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A previsão da prefeitura, como adiantado pelo M&E, é de 2 milhões de pessoas e movimentação econômica local de R$ 2,5 bilhões (Ana Azevedo/M&E)
RECIFE – Depois de dois anos sem realizar a maior folia do estado, a capital pernambucana contabilizou, nessa sexta-feira e sábado de Carnaval (17 e 18), milhares de foliões ávidos para acompanhar as principais atrações carnavalescas. A previsão da prefeitura, como adiantado pelo M&E, é de 2 milhões de pessoas e movimentação econômica local de R$ 2,5 bilhões.
“Esse ano é o mais especial para todo mundo neste retorno do Carnaval. Nunca passamos tanto tempo sem o Carnaval”
Para iniciar a programação oficial, no dia 17, o Marco Zero – ponto central, histórico e referencial recifense – foi palco para apresentações e homenagens à artistas. Nesse quesito, o grande destaque da noite foi Geraldo Azevedo, pernambucano nascido em Petrolina, que subiu ao palco cantando seus sucessos, além de receber grandes nomes da música e amigos que têm um papel importante em sua carreira.
Formando o trio mais aclamado da noite, Geraldo, Elba Ramalho e Alceu Valença marcaram presença elevando a energia da plateia, que há muitas horas cantava e dançava. Além desses, Chico César, Fafá de Belém, o Quinteto Violado, Jota Michiles, Lula Queiroga, Mariana Aydar, e dançarinas marcaram a apresentação.
“Esse ano é o mais especial para todo mundo neste retorno do Carnaval. Nunca passamos tanto tempo sem o Carnaval. Já começamos as nossas ações há muito tempo de divulgação e acolhimento aos turistas que chegam na nossa cidade, como em aeroportos, em shoppings, em hotéis, levamos a nossa blitz do Carnaval para receber bem os turistas”, disse secretária de Turismo do Recife.
Eterna homenagem
Caetano Veloso se emocionou com a plateia no show (Ana Azevedo/M&E)
Munido de voz e violão, Caetano Veloso hipnotizou a plateia com seus clássicos “ Você não me ensinou a te esquecer, Sozinho, Odara, Reconvexo” e muitos outros. O músico subiu ao palco às 23h30 oferecendo um encontro intimista, sem bailarinos e adereços carnavalescos. Emocionado, contou que o Recife ensinou a Bahia a fazer carnaval.
“O Vassourinhas fez uma visita a Salvador, eles ficaram encantados e inventaram o trio. Então, de certo modo, o carnaval da Bahia é uma eterna e grata homenagem ao carnaval do Recife”, afirmou.Vassourinhas é o nome do músico Mário De Oliveira Ramos, que foi um importante cantor de samba do século XX.
Beat da Duda
Duda Beat cantou seus maiores sucessos no carnaval do Recife (Foto: Ana Azevedo/M&E)
Pela primeira vez cantando no carnaval de sua cidade, Duda Beat encerrou a primeira noite de festa deixando a multidão em êxtase. A cantora subiu ao palco após Geraldo e Caetano, coroando a programação de abertura e se emocionando em vários momentos da apresentação, diante do carinho dos fãs.
O repertório mesclou músicas do primeiro álbum ‘Sinto muito’, com Bixinho, Pro Mundo Ouvir, Todo Carinho com canções do álbum mais recente Te amo lá Fora: 50 Meninas, Tu e Eu, Meu Pisêro, Decisão de Te Amar, dentre outras, além de “Não Passa Vontade” colaboração com as artistas Anavitória, que vão cantar no polo descentralizado Poço da Panela, na próxima terça-feira (21).
Maior carnaval do mundo em linha reta
Carnaval no Recife 2023 (Ana Azevedo/M&E)
Uma das características mais marcantes do Recife é o bairrismo. Sob essa ótica, localmente há um “exagero” nas falas do recifense, quando se trata da sua cultura e uma das expressões mais curiosas é a respeito da festa carnavalesca, a qual é chamada de “O Maior carnaval do mundo em linha reta”.
“Depois de dois anos da pandemia, o Carnaval é o reencontro do povo brasileiro com a alegria. E a alegria é um produto brasileiro, em Recife ou em outras praças”
De fato, a estrutura da Prefeitura do Recife, que conta com apoio das Secretarias de Cultura, Turismo, Saúde e Segurança chama a atenção por sua magnitude. São 44 polos de atrações espalhados pela capital pernambucana, oferecendo shows musicais, apresentações de dança, passagem de blocos de carnaval e trios elétricos, seja com artistas de renome nacional ou regional.
Turistas e moradores dispõe de uma oferta de mais de 2,8 mil atrações e 6,5 mil trabalhadores diretos da prefeitura, além de mais de 2 mil profissionais da saúde. Há diversos pontos com policiais, bombeiros e mini postos de saúde para atender ao público.
Galo da Madrugada
O Galo da Madrugada homenageou as pessoas negras neste ano, sendo desde sua criação, a primeira versão preta exibida (Ana Azevedo/M&E)
Maior bloco de carnaval do Brasil, o Galo da Madrugada voltou mais aclamado do que nunca. Sob o tema “Viva a Vida, Viva o Frevo, Viva Enéas”, o 44º desfile teve percurso de 6,5 quilômetros pelas ruas do Centro do Recife e nove horas ininterruptas de música ao vivo. Conforme a organização do Galo, mais de 2,5 milhões de foliões compareceram.
“Depois de dois anos da pandemia, o Carnaval é o reencontro do povo brasileiro com a alegria. E a alegria é um produto brasileiro, em Recife ou em outras praças”, disse Marcelo Freixo, presidente da Embratur.
O desfile foi muito aguardado tanto por moradores quanto por turistas, que ficaram sem a celebração durante dois anos, em decorrência da pandemia de Covid-19. A programação do Galo da Madrugada também contou com homenagem ao artista plástico Ary Nóbrega e ao cantor Claudionor Germano.
A construção do Galo levou em consideração o respeito às raízes negras, apresentando o “Galo Ancestral”, escultura assinada por Leopoldo Nóbrega e Germana Xavier. A obra faz reverência e deferência aos povos pretos e pardos, fundadores dos brinquedos populares e responsáveis pela riqueza de agremiações que fazem a beleza e o Carnaval de Recife.
Um dos símbolos do Carnaval, o Galo da Madrugada também serviu de ponto de conscientização, com a campanha Xô Preconceito. A obra localizada na Ponte Duarte Coelho teve em sua base um tapume com a frase Xô Preconceito em letras garrafais, para garantir a boa leitura e visibilidade. Também foi colocado um QR Code para denúncias, que direciona para a plataforma online Recife Sem Racismo.
Diversidade e “Yukê”?
Cantora Pabllo Vittar durante apresentação no palco do Marco Zero, no Recife antigo (Ana Azevedo/M&E)
A drag queen Pabllo Vittar foi o grande destaque do segundo dia de carnaval no Recife. Mais uma vez a praça do Marco Zero “ficou pequena” para a quantidade de fãs. Entre os transeuntes era comum ouvir a frase “agora o carnaval começou!”, dado a sua energia e carisma que agitou o público.
No repertório, hits Disk Me, Parabéns, Problema Seu, Amor de Que e até Open Bar, um de seus primeiros lançamentos. Vittar aproveitou a oportunidade para reforçar seu apoio político ao atual presidente da república e recebeu um coro positivo de “Lula lá” em resposta.
Pabllo Vittar é uma figura forte na comunidade LGBTQI+ por ser uma das primeiras a se tornar famosa por sua arte, abrindo espaço para outras artistas, além de levantar a bandeira da diversidade em todas as áreas.
Capital do Brega
Estilo musical que dá voz à periferia, o Brega é Patrimônio Cultural Imaterial do Recife e foi o responsável por fechar a segunda noite de carnaval na cidade. Intitulado “Recife Capital do Brega”, a apresentação contou com diversos nomes aclamados localmente e “fez a alegria” do público.
Xô Preconceito
Nos pés do Galo foi instalado um banner para a divulgação da campanha Xô Preconceito (Ana Azevedo/M&E)
Em formato digital e com ação física, a prefeitura do Recife está promovendo a campanha Xô Preconceito para eliminar episódios de discriminação racial ou sexual além da ação Manual de Como Não Ser Um Babaca no Carnaval, com a participação de Gaby Amarantos e Nega Babado apresentando um jingle, cujo objetivo é conscientizar a todos sobre práticas vistas como assédio, tanto para prevenir que não se faça quanto que seja possível a identificação.
Circulam nas multidões pessoas com um QR code e trajes que carregam a identidade visual da campanha Xô Preconceito, as quais podem ser buscadas para pedidos de ajuda e denúncia.
“O corpo é delas. Tá avisado. Se assediar é 190. Tá ligado?”, diz a mensagem da campanha em vídeo. As máximas “Não é não; Fantasia não é convite e Beijo forçado, puxada de braço e fechar moça em rodinha de amigos é importunação e, portanto, crime”, foram reforçadas entre os intervalos das apresentações nos dois dias, e assim seguirão até o final da folia.
