As recentes alterações propostas na legislação italiana para a obtenção da cidadania por descendência (iure sanguinis) têm gerado repercussão entre brasileiros que buscam o reconhecimento de sua cidadania. Em entrevista exclusiva, Sergio Velloso, especialista no tema e fundador da Velloso Cidadania, revelou os impactos das mudanças e criticou o que considera ser um movimento para dificultar o processo.
O aumento das taxas e o impacto financeiro
Entre as mudanças destacadas, está a alteração na cobrança das taxas judiciais. Antes, o valor de €545 era cobrado por processo. Com a nova proposta, a taxa sobe para €600 por pessoa, aumentando significativamente os custos para famílias grandes. “Uma família que antes pagava €545 agora terá um adicional de R$200 mil devido à cobrança individual. Isso é um impacto enorme”, afirmou Velloso.
Ele também criticou a inclusão dessas medidas no orçamento de 2025 sem amplo debate, acusando o governo italiano de tentar restringir o acesso à cidadania para brasileiros. “Eles querem criar castas de italianos, dificultando o acesso a quem tem direito pelo sangue.”
Propostas que podem limitar gerações
Outra proposta em discussão é a limitação da cidadania por gerações. De acordo com Velloso, esse é um ponto ainda mais delicado. “Querem exigir provas como o nível de proficiência em italiano (B1) e um ano de residência na Itália, o que contraria cláusulas legais já estabelecidas.” Ele argumenta que tais exigências desconsideram o princípio de que os descendentes têm o direito reconhecido pelo nascimento.
Estratégias para contornar os desafios
Apesar das dificuldades, Sergio Velloso está engajado em buscar soluções. Ele mencionou a criação de uma petição para pressionar o governo italiano, com apoio de senadores e descendentes brasileiros. Além disso, aposta em parcerias com agentes de viagem para identificar potenciais clientes interessados na cidadania e facilitar o processo.
“Se um agente de viagem identifica que o cliente não tem cidadania italiana, pode indicar nossos serviços. Nós cuidamos de tudo e ainda repassamos comissão para o agente”, explicou.
Exploração do turismo e novos roteiros na Itália
Velloso também abordou como a Itália, enquanto destino turístico, tem sido mal explorada. Ele destacou regiões que ainda são pouco aproveitada pelos brasileiros, como Puglia e Calabria, que oferecem experiências autênticas a um custo acessível, longe do turismo massivo de cidades como Roma e Veneza. “A Itália é muito mais que os destinos tradicionais. Temos fazendas com vistas para o mar, adegas centenárias e vilas históricas que ainda não foram descobertas pelos turistas brasileiros.”
Segundo ele, a aposta em roteiros diferenciados pode revitalizar o interesse dos viajantes e agentes de turismo, ao mesmo tempo que promove uma Itália mais genuína.
Perspectivas futuras
Embora o cenário atual pareça desafiador, Velloso permanece otimista. Ele acredita que, com a mobilização dos descendentes e ajustes nos processos, será possível superar os obstáculos e continuar ajudando famílias a resgatarem suas raízes italianas.
“O direito de sangue é algo que vai além da burocracia. É sobre pertencimento, história e identidade. E isso vale a luta”, finalizou.
Convidado especial no Portão de Embarque
Nesta semana, Sergio também foi o convidado especial do Portão de Embarque, podcast parceiro do M&E. Velloso contou como funciona, quem pode, como fazer e muitas curiosidades super interessante sobre dupla cidadania. Você pode conferir a entrevista completa abaixo.