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Agências e Operadoras / Política

Roberto Nedelciu: “Agora estou tranquilo e sei o terreno que estou pisando”

Roberto Nedelciu, presidente da Braztoa: "Redução vem em uma boa hora"

Roberto Nedelciu foi reeleito para mais dois anos à frente de uma das principais entidades do setor de Turismo.

Em seu discurso de posse como presidente da Braztoa, em junho de 2019, Roberto Nedelciu destacou que queria fazer uma gestão focando no turismo H2H (Human to Human). De perfil mais técnico e contido, o diretor da Raidho Viagens assumia uma entidade com a cara de sua antecessora na presidência, Magda Nassar, que em dois mandatos ficou marcada pelo fortalecimento político da entidade.

Dois anos após a eleição é possível enxergar claramente a marca da atuação de Roberto Nedelciu na entidade. Novas iniciativas, gestão de crise, reformulação do estatuto, criação de projetos, como a Academia de Excelência Braztoa e negociações com o governo federal foram algumas de suas realizações naquele que talvez tenha sido o mandato mais desafiador destes quase 32 anos de história da entidade. A crise provocada pela pandemia reduziu a 49 o número de associados e diminui de 22 para cinco o de funcionários, o que não impediu o nascimento de novas iniciativas.

O executivo em quem em 2019 disse que iria aprender a tratar com governos, rapidamente ganhou papel de protagonista em reuniões com parlamentares, técnicos do governo e ministros. Esta atuação de destaque em meio a uma das maiores crises do setor talvez tenha sido o principal motivo que levou associados Braztoa a o reelegerem, no fim de maio, para mais dois anos à frente da entidade. Para este próximo ciclo novos projetos já foram alinhados pensando na reconstrução do setor de turismo.

M&E – Você iniciou sua gestão em um momento de reaquecimento do Turismo e rapidamente se deparou com a maior crise da história do setor. Como foram estas etapas?

Roberto Nedelciu – Antes de aceitar ser presidente da Braztoa eu conversei muito com a Magda (Nassar) e muito com a Mônica (Samia, CEO da Braztoa), porque até então eu era apenas conselheiro. O papel do presidente requer muita iteração e no começo foi muito sossegado. Tínhamos objetivos, alguns muito difíceis, mas aí veio a pandemia e pegou a gente de um jeito que ninguém sabia o que ia acontecer. Tanto o que a gente achava que ia durar três meses no começo. Fizemos várias ações. Logo de cara negociamos com os sindicatos uma redução de salário, mesmo antes de sair a Medida Provisória. Percebemos logo de cara o problema dos cancelamentos. Imagine, uma empresa não vendendo e ainda ter que reembolsar. Conversamos com outras associações e iniciamos as tratativas com o governo sobre esta questão do cancelamento. De bate pronto eles entenderam, mas o problema esbarrou na questão do Direito do Consumidor. Mas, eles entenderam que se isso não tivesse solução as empresas podiam quebrar e isso ser muito pior para o consumidor, que não ia receber nada. O resto é história, porque cada semanada foi uma ação diferente e tivemos surpresas, como a segunda onda. Estamos tentando sempre nos atualizar, fazendo pesquisas com os associados para saber qual a melhor estratégia para negociar com o governo federal e saber que caminho a gente ia seguir para evitar um desmanche do trade de turismo, porque se isso acontecesse a reconstrução seria muito mais difícil.

Roberto Nedelciu reforçou a importância de explorar o lado humano das viagens.

Roberto Nedelciu em sua posso no primeiro mandato, em junho de 2019.

Roberto Nedelciu segue como presidente da entidade até 2023.

Roberto em sua posse virtual, no último dia 31 de maio

M&E – Sua gestão ficou marcada pelo trabalho realizado junto ao governo para garantir ações emergenciais. Como foi esta mudança, para você, que vinha de um perfil mais técnico e menos político?

Eu tive que aprender rapidamente. Sem dúvida, eu sempre tive o apoio de outras entidades e principalmente da Magda Nassar e do Marco Ferraz, que acabaram mostrando os caminhos e trabalhamos os três juntos para representar o agenciamento.  Não foi fácil, mas agora eu estou muito mais confiante que há dois anos. Agora estou tranquilo e sei o terreno que eu estou pisando, acreditando que teremos uma reconstrução muito boa pela frente.

“Agora estou tranquilo e sei o terreno que eu estou pisando” – Roberto Nedelciu

M&E – A formação no G20 ajudou a ter mais segurança nestas negociações?

Quando você junta vários setores por objetivos comuns a gente consegue direcionar e acaba tendo uma voz muito mais forte, pois são mais empregos, mais empresas e um impacto muito grande no PIB.

 

M&E – As MPs marcara a atuação externa, mas e dentro da entidade, como foi esta gestão?

Tivemos um revés muito grande por causa da pandemia e isso gerou uma redução no número de associados. Perdemos uns 20 associados e muitos saíram até por não conseguir pagar a mensalidade ou por estratégia interna, que não questionamos. Então a gente começou a pensar em algumas mudanças e criamos níveis de serviços diferente. Hoje dentro da Braztoa, temos o associado 1, 2 e 3, com níveis de entrega diferentes. Cada um deles vão receber serviços diferentes. Com isso, queremos trazer de volta as empresas que saíram, pois dói muito ver pessoas que estavam conosco a anos e por conta da crise saíram. Vamos trazer essas pessoas de voltam e criar incentivos para que isso aconteça.

 

M&E – Qual a principal mudança que a pandemia trouxe para o mercado?

Percebemos a importância dos operadores. Eu falava do lado humano lá no começo da minha gestão e isso com a pandemia ficou muito mais evidenciado. Uma coisa que me alertou sobre esta importância aconteceu logo no começo da pandemia, quando começamos a receber várias ligações na Braztoa para ajudar a repatriar pessoas, que tinha comprado diretamente online e não tinha como voltar ao Brasil porque não conseguiam atendimento. Intermedíamos várias situações com o governo federal e com as companhias aéreas e trouxemos de volta até muitas pessoas que não tinham comprado com operadoras. Isso fortaleceu muito a imagem das operadoras.

 

M&E – Além da pandemia, a Braztoa teve que lidar com os casos Turnet e MGM. Como foi a linha de atuação nestas crises?

Em ambos os casos ficamos sabendo junto com o mercado, ou algumas horas antes. Conversamos com os dirigentes da empresa para orientar como ele pode se posicionar para não ter consequências maiores e para não eixar o passageiro na mão. Conversamos com os associados sobre como podemos fazer da melhor forma. Não conseguimos fazer de graça, mas em negociações com fornecedores conseguimos fazer um custo reduzido para atender os passageiros, não dando prejuízo nem para e nem para agência.

Roberto Nedelciu e Alexandre Sampaio em reunião com a senadora Daniella Ribeiro e o Ministro Paulo Guedes

M&E – É possível eleger uma ação de destaque neste primeiro mandato?

Eleger uma grande ação é complicado. Quando você consegue manter empresas e chegar a este ponto com um grande número de operadoras funcionando, eu posso dizer que foi a ação mais importante

 

M&E – Você foi reeleito para mais dois anos. Como encara este desafio?

Eu fiquei muito orgulhoso, porque 100% das pessoas que convidei para participar da gestão aceitaram de imediato. Mostrei o que foi feito e o que podemos fazer. Não vamos voltar ao que era, então precisamos construir um novo turismo. Precisamos mostrar as formas de viajar e como a pessoa pode viajar com segurança. Ninguém vai querer viajar para um lugar que sabe que está correndo risco.

 

M&E – Nesta nova gestão, um destaque são os conselhos temáticos nas áreas de Comunicação, Parcerias, Tecnologia, Tributação e os “Especialistas”. Qual o objetivo destes grupos de trabalho?

Cada conselheiro será responsável por montar o grupo de trabalho. Por exemplo, no caso da Marina Figueiredo, que vai cuidar da comunicação, percebemos que muitas das campanhas que a Braztoa fazia paravam nos donos das empresas ou em outros níveis hierárquicos e isso não passava para os outros funcionários ou clientes. A ideia desse grupo é ter quase que uma pessoa de cada empresa para passar estratégias, treinamentos e mostrar como fazer ações, pois muitas empresas tiveram que demitir na pandemia e pessoas de marketing saíram e foram demitidas, então queremos qualificar outras pessoas. A do Fred (Frederico Levy), que é de parcerias, foi porque temos muitos parceiros de outras áreas que querem se aproximar do turismo e procuram a Braztoa como referência e isso acaba valorizando todos os associados. Na parte de tecnologia, com o Pablo (Zabala), queremos trazer ferramentas novas que ajudem na produtividade e no desenvolvimento de cada associado. O de tributação, como o Fabiano (Camargo) é meio óbvio que é pensado para reforma tributária. A ideia é trazer pessoas de fora da Braztoa para nos ajudar na parte jurídica destas mudanças. O último que é de Especialistas, vai ser a Estela (Farina). Hoje toda operadora vende o mundo inteiro, mas cada uma é muito boa em alguma coisa. Então a gente quer realçar a expertise desse associado no segmento para passar esse conhecimento para outras associadas e para as agências. 

GT Braztoa

 

M&E – No início da primeira gestão, o lema era H2H (HUMAN TO HUMAN), o que foi dificultado pela pandemia. Para esta, qual o lema?

Continuo com H2H, não desisti dele, pois é importante ter isso no nosso setor. Mas hoje estamos focados na colaboração, pois acho importante ter este trabalho compartilhado entre todos. Mas acho que o foco é reconstrução, reconstrução do turismo, não para voltar ao que era, mas para criar uma forma diferente de fazer turismo.

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