O acidente com um Boeing 787 Dreamliner da Air India, ocorrido nesta quinta-feira (12), coloca nova pressão sobre a Boeing em um momento em que a fabricante americana tenta retomar sua credibilidade e estabilizar suas entregas após anos de turbulência. A causa da queda ainda está sendo investigada, e, segundo a Aviation Safety Network, até então o modelo 787 mantinha um histórico sem vítimas fatais.
A aeronave envolvida no acidente não era nova — entrou em operação em 2014, de acordo com o FlightRadar24. Mesmo assim, o episódio representa mais um revés para a Boeing, que ainda lida com as consequências de dois acidentes fatais envolvendo o 737 Max e do incidente com a Alaska Airlines, em janeiro deste ano, quando um painel da fuselagem se desprendeu durante o voo.
Recentemente, a empresa fechou um acordo de US$ 1,1 bilhão com o Departamento de Justiça dos EUA para encerrar o processo criminal relacionado às tragédias com o 737 Max em 2018 e 2019. O pacto inclui a admissão de que a Boeing obstruiu a supervisão federal, pagamento de compensações às famílias das vítimas e a implementação de melhorias em seus programas de segurança e compliance.
O modelo 787 já havia enfrentado outros desafios. Em 2013, foi temporariamente interditado por conta de incêndios nas baterias. Entre 2021 e 2023, a entrega de novas unidades foi suspensa devido a falhas de controle de qualidade. Mais recentemente, a produção foi impactada por problemas na cadeia de suprimentos e o modelo voltou ao centro das atenções após denúncias de ex-funcionários sobre possíveis falhas de segurança, discutidas em uma audiência no Senado dos EUA.
Apesar do cenário delicado, a Boeing registrou em maio seu melhor desempenho comercial desde dezembro de 2023, com 303 pedidos brutos e 45 aeronaves entregues — quase o dobro do mesmo período do ano passado.
No comando da empresa desde agosto de 2024, o CEO Kelly Ortberg tem promovido uma série de mudanças para recuperar a confiança do mercado, incluindo auditorias aleatórias de qualidade, treinamentos obrigatórios e iniciativas para transformar a cultura interna da companhia.
Em nota, a Boeing informou estar em contato com a Air India e declarou: “Nossos pensamentos estão com os passageiros, tripulação, equipes de resgate e todos os afetados.” A FAA (Administração Federal de Aviação dos EUA) também se pronunciou sobre o acidente, dizendo estar coordenando com o NTSB (Conselho Nacional de Segurança em Transportes) uma eventual resposta.
