Da edição 1 a 400, o M&E acompanhou as mais diversas transformações no setor de turismo. Da liberdade tarifária, que impactou diretamente o crescimento da aviação comercial brasileira, à pandemia de Covid-19, que paralisou o Turismo mundial. Neste período, pudemos observar a evolução de segmentos como o de cruzeiros, com a inauguração de novos, modernos e maiores navios, que resultaram na expansão da indústria, ou na ampliação de malha das companhias aéreas que impulsionaram os números de passageiros transportados.
Há de se observar também o efeito das crises econômicas no setor, entre outros fatores que mexeram com a indústria. Nestes 17 anos de estrada e 400 edições, o M&E a acompanhou estas transformações e as traduz em números no nosso clássico TURISMO EM DADOS.
CHEGADAS A INTERNACIONAIS
O número de turistas realizando viagens internacionais cresceu consideravelmente no século XXI, decorrente principalmente dos efeitos da globalização. Este avanço do segmento, que já se observava no fim dos anos 90, se intensificou nos anos 2000 com aumento de viagens de negócios e viagens intercontinentais, além de viagens entre os países europeus. Desde 2003, estes seguidos avanços só foram interrompidos por uma queda em 2009, decorrente da crise econômica mundial, e agora, por conta da pandemia de Covid-19.
AVIAÇÃO
Seguindo o ritmo das chegadas internacionais, a aviação comercial também acompanhou este crescimento. Além do aumento de malha e frota das companhias, destaca-se o avanço das empresas lowcost europeias ao longo da primeira década do século XXI, que passaram a atuar em diversos países. Nem mesmo a crise de 2008-2009 gerou queda nos números do setor. Nestes anos se percebeu primeiro uma estagnação e depois um crescimento abaixo da média, compensado por anos seguintes de crescimento intenso.
No Brasil, é evidente o reflexo da liberdade tarifária, implantada em 2001. Nos seus primeiros dez anos de vida, o M&E viu o número de passageiros em voos comerciais no Brasil saltar de 37 milhões para 110 milhões, crescimento que não foi afetado nem mesmo pelo fim das operações de Varig e Vasp e pelo apagão aéreo, entre os anos de 2006 e 2007. Destaca-se 2014 quando o país se aproximou dos 96 milhões de passageiros domésticos (95,8) e 2015, quando ultrapassou esta marca.
No entanto, a recessão econômica iniciada em 2015 culminou em 19 meses consecutivos de queda nos indicadores do transporte aéreo, entre agosto de 2015 e março de 2017. Após anos de bons resultados, em 2018 e 2019, o setor se deparou com a pandemia, que deve deve levar o setor aos piores números desde 2006.
CRUZEIROS
Se o setor aéreo viveu um cenário de evolução constante no Brasil, o segmento de cruzeiros teve um desempenho que se assemelha ao de uma gangorra. No baixo de 139 mil cruzeiros em 2004/2005, ao topo de 805 mil em 2011/2012. Neste período de crescimento acompanhamos a chegada de grandes armadoras que levaram o país a registrar 20 navios em 2010/2011.
Mas não só a recessão enfraqueceu o setor no País. O avanço de novos mercados, na Ásia, Oceania e Oriente Médio, capturou a atenção das companhias, que ainda têm por aqui entraves como custos operacionais e infraestrutura portuária. Esse fator, somado a desaceleração da economia, derrubou os números ano a ano, até chegar a 2016/2017, quando os efeitos da recessão econômica levaram o país a sua pior temporada em uma década. Nos últimos anos, no entanto o setor voltava a crescer, até este 2020, quando a pandemia resultou em em uma redução da oferta e ainda ameaça a realização da temporada.
Se no Brasil observamos esta “gangorra”, no mundo o cenário foi de anos de crescimento intenso. A expansão de players, como a MSC Cruzeiros, e um aumento no ritmo de construção novos e maiores navios, como o Harmony e o Symphony of the Seas, da Royal Caribbean, levou o setor de cruzeiros a se tornar um mercado de US$ 150 bilhões e 30 milhões de passageiros em 2019. O crescimento de mercados como Austrália, Emirados Árabes e China aceleraram o avanço do setor, que também foi observado no norte da Europa, no Mediterrâneo e principalmente no Caribe, maior mercado do mundo.
TURISTAS ESTRANGEIROS NO BRASIL
Encerrando a série de dados compilada pelo M&E, trouxemos uma das grandes discussões do setor: o número de estrangeiros no País. Em meio a problemas diretos, como a conectividade, e indiretos, como violência urbana, que acaba afetando a escolha de turistas, o país registrou avanços nos últimos anos. A promoção de recursos naturais e a criação de uma estratégia de divulgação, com o Plano Aquarela, fizeram com que o Brasil se estabilizasse na casa de 5 milhões de turistas estrangeiros, patamar afetado só em 2009, pela crise econômica mundial.
A chegada de grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014 e o Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, elevaram o país ao patamar de 6 milhões de turistas estrangeiros. Este crescimento se observa de maneira mais efetiva a partir de 2014, quando o dólar americano se estabilizou no patamar de R$ 2, e nos anos seguintes, quando oscilou entre R$ 3 e R$ 4, tornando o Brasil um destino mais barato para turistas de outros países.