“Market share não é uma meta para a companhia, e sim ser a primeira para todos”. Foi o que disse Celso Ferrer, CEO da Gol, em entrevista exclusiva ao M&E durante a Abav Expo 2023. Os princípios de ser a primeira para todas, de democratizar o transporte aéreo e de focar prioritariamente na experiência do cliente, que continuarão guiando a companhia pelos próximos anos e décadas, foram apenas alguns assuntos abordados pelo executivo neste bate-papo especial. Então, vamos por partes?
Conversamos sobre o futuro da Gol, sobre a sinergia com o Grupo Abra, sobre Reforma Tributária, sobre a transferência de voos do Santos Dumont para o Galeão e até sobre as novidades anunciadas recentemente pela Smiles. E nesta segunda parte da entrevista (espera que vem mais por aí!), a gente abordou a expansão internacional da Gol e a sinergia com o Grupo Abra. E sobre o que Celso espera da Gol, a gente pode conferir neste link, publicado no dia da entrevista.
Mercado internacional em expansão, com voos para Bogotá
O primeiro deles é a expansão além das fronteiras do mercado doméstico. “Estamos quase do tamanho que estávamos até 2019, voando bastante para o mercado argentino e Estados Unidos. A partir do fim do ano, teremos partidas de Brasília e também retomaremos Uruguai, Paraguai e Bolívia. Vamos expandir ainda mais os voos internacionais. São destinos que não podemos divulgar em primeira mão, mas devemos voltar para Bogotá pela primeira vez desde 2008, quando ocorreu a fusão da Varig”, disse ele.
“Para se tornar viável, a gente precisaria de mais aeronaves dedicadas apenas ao mercado internacional” – disse ele sobre revolucionar a classe executiva do B737 MAX para voos internacionais.
Celso destacou ainda que o produto da Gol é muito bom para o mercado latino americano, com baixo custo e todos os atributos que o cliente quer e necessita. “É uma experiência digital fácil, com flexibilidade, conectividade, avião com serviço completo, programa de fidelidade forte e com grandes parcerias. Oferecemos passagens com custo baixo e atributos que considerados fundamentais, sempre preservando a essência da companhia”, disse o presidente da Gol.
Questionado pelo M&E se a Gol um dia teria uma classe executiva com assentos cama (full-flat bed) para voos internacionais, Celso Ferrer disse que não está nos planos, mas que não significa que a companhia não estude isso o tempo todo. “Para se tornar viável, a gente precisaria de mais aeronaves dedicadas apenas ao mercado internacional. A essência da empresa é utilizar o máximo possível o avião, seja para voos domésticos ou internacional. Uma aeronave com classe executiva voando no doméstico também não seria possível. A chave para essa pergunta seria conseguir uma frota com ganhos de escala e tamanho suficiente. Aí sim, bem provável que fizesse sentido”, revelou.
O futuro e a sinergia com o Grupo Abra
Formado há mais de um ano após os acionistas controladores de Gol e Avianca Holdings fecharem um negócio para a criação de uma holding, o Grupo Abra foi criado para ser uma grande plataforma para as companhias aéreas que são super fortes em seus mercados locais. Enquanto a Avianca tem mais de 100 anos, a Gol é tradicional no Brasil. Mas, onde o Grupo Abra quer chegar? “Queremos manter a essência das companhias e o modelo de negócios destas companhias”, disse Celso.
“E o que queremos é alavancar essa expertise da Avianca em vários países, colocar voos das duas companhias, entre Brasil, Colômbia e mais países, para que possamos olhar para o Grupo Abra e termos mais opções de voos”
Ele lembra que a Avianca está passando por uma transformação para ser uma super low-cost. “Temos uma agenda comum e um modelo de negócios nem parecido. E a ideia é justamente criar sinergias, poder trabalhar junto, já que não temos sobreposição de malhas. A Avianca tem uma posição estratégica e uma grande conectividade em Bogotá, ligando muito bem o mercado internacional. E o que queremos é alavancar essa expertise da Avianca em vários países, colocar voos das duas companhias, entre Brasil, Colômbia e mais países, para que possamos olhar para o Grupo Abra e termos mais opções de voos”, destacou o CEO da Gol.
Entre as vantagens, Ferrer destacou o leque de opções muito maior para os passageiros, a tendência de aumentar a base do programa de fidelidade e a cooperação comercial. “São empresas muito fortes, que estarão juntas na expansão de malha, nas sinergias comerciais,na aproximação dos programas de fidelidade LifeMiles e Smiles, toda a parte do supplier chain e da frota. É um grupo com mais de 300 aeronaves em toda a frota”, frisou Celso Ferrer.