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Aviação / Serviços

Por falta de voos, italianos e residentes não conseguem sair do Brasil

País proibiu a entrada de pessoas que estiveram no Brasil

País proibiu a entrada de pessoas que estiveram no Brasil

Em meados de janeiro, o governo italiano emitiu um decreto proibindo a entrada de estrangeiros que tivessem estado no Brasil nos últimos 14 dias antes da viagem. O texto determinava que a medida valia, inclusive, para italianos e para residentes. Isso fez com que muitos cidadãos ficassem literalmente presos. E isso aconteceu com cerca de 1,5 mil pessoas no Brasil – o que originou uma união e um movimento por parte destas pessoas.

Foi formado um grupo chamado Italiani Bloccati in Brasile. Um dos líderes, o empresário Sérgio Velloso, contou que desde então, são tentadas ações para que esta situação seja equacionada. “Muitos de nós tínhamos passagem comprada para voltar. Mas além de sermos impedidos de entrar, também não há voos”, explicou Velloso em entrevista ao M&E.

Velloso explicou que foram escritas cartas abertas ao embaixador italiano no Brasil, ao ministro da Saúde, ao presidente da Itália e ao Papa. Embora elas tenham tido repercussão na Itália, as autoridades não se movimentaram para resolver o problema. “Agora, fizeram uma mudança no texto permitindo a nossa entrada, mas os voos seguem proibidos. Desta forma, continuamos sem poder voltar para casa”, lamentou.

O empresário Sérgio Velloso é um dos porta-vozes do grupo

O empresário Sérgio Velloso é um dos porta-vozes do grupo

De acordo com ele, apenas a Air France abriu voos após esta mudança no decreto. Companhias como a TAP e Alitalia ainda não têm voos confirmados para a Itália. Com a falta de concorrência, os preços ficaram muito altos, o que ainda inviabiliza a volta da maioria. “Muita gente já tinha passagem comprada. A maioria era da TAP, que está impossibilitada de voltar”, disse.

Uma das saídas buscadas pelo grupo é um voo humanitário, que deve ser solicitado pelo governo italiano. “Até este momento, não tivemos retorno nenhum. Estamos em contato com as companhias, mas elas não têm culpa por conta das proibições”, finalizou.

Veja abaixo a carta enviada ao presidente da Itália, Sergio Mattarella:

“Prezado Senhor Presidente,

No dia 15 de janeiro, muitos italianos, 1.500 pessoas segundo um mapa articulado feito pela Embaixada da Itália em Brasília, foram surpreendidos por uma portaria que bloqueou todos os voos que chegavam do Brasil a partir de 16 de janeiro, ou sem ter tempo para planejar. Não há exceções, diz o texto. Desta forma, todos os cidadãos italianos e residentes na Itália que estiveram no Brasil a partir daquele momento ainda estão bloqueados lá, impedidos de retornar para suas casas.

A portaria em questão, renovada em 30 de janeiro, mais uma vez sem exceção, vai contra as diretrizes da União Europeia, viola a constituição italiana e o artigo 13 dos direitos humanos universais: todo cidadão tem o direito de retornar ao seu país.

Infelizmente para os italianos não é possível fazer previsão de retorno, eles estão abandonados no Brasil, sem ajuda, pois a embaixada e os consulados dizem que, quando respondem, não podem fazer mais nada. Alguns casos chegam a ser graves: crianças que correm o risco de perder o ano letivo, famílias separadas, pessoas com doenças que precisam de medicamentos específicos e tratamento médico, pessoas ameaçadas de demissão caso não retornem ao trabalho.

Deixar essas pessoas, algumas em situações difíceis, em um país com alto risco de contágio é um abandono cruel. No Brasil, eles realmente correm o risco de se infectar e, em seguida, morrer sob a negligência médica que agrava as condições deste país.

O que os cidadãos pedem é poder regressar às suas casas, seguindo as medidas de segurança adequadas para garantir a segurança dos outros, mas também de si próprios.

Sem encontrar ajuda em lugar nenhum, eles implementaram iniciativas próprias, como grupo no Facebook, petição online, flash bob e hashtags.

O objetivo principal do grupo é obter do Ministro da Saúde Roberto Speranza uma exceção ao despacho por ele emitido que permite que os cidadãos italianos residentes na Itália que já se encontram em território brasileiro possam voltar para casa com segurança, com o amortecedor da obrigação e quarentena, como outros estados europeus fizeram com seus cidadãos. O grupo de forma alguma quer ser um espaço para conceber alternativas ilegais de devolução e este é um valor inegociável. O grupo acredita nos valores constitucionais (art. 16) e no valor dos direitos humanos (art. 13) e almeja uma solução ágil e legal para todos.”

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