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Quais fatores ainda impedem a aviação comercial decolar no Brasil?

Painel debateu o momento da aviação comercial no Brasil

Painel debateu o momento da aviação comercial no Brasil (Eric Ribeiro/M&E)

BRASÍLIA – Os mais de 450 profissionais participantes do Fórum ALTA Airline Leaders 2019, chegou ao fim nessa terça-feira (29), voltaram para casa com a bagagem cheia de novas ideias para tentar resolver ou amenizar problemas já conhecidos pela indústria da aviação brasileira. O painel que encerrou o evento no dia de ontem, além de abordar o prejuízo operacional da judicialização para o próprio passageiro, debateu outros gargalos que ainda são responsáveis pelo setor não decolar como deveria, dado o enorme potencial do Brasil.

Três fatores fazem de tudo para a aviação decolar: alta população (somos mais de 210 milhões de habitantes), extensão territorial (Brasil é um pais continental) e um forte e protagonista PIB dentro da América Latina. Ao lado do Brasil, apenas Rússia e Estados Unidos têm esta mesma característica. Por outro lado, a própria judicialização, a eficiência operacional, a falta de infraestrutura, os altos custos e a Lei dos Aeronautas são “pedras” no caminho.

Para debater soluções de como retirar estas “pedras”, Paulo Kakinoff, presidente da Gol, Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, Ricardo Catanant, superintendente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e Ronei Glanzmann, secretário nacional de Aviação Civil, participaram de um debate recehado de conhecimento. O que evita, portanto, o “boom” do transporte aéreo do Brasil e o o que pode ajudar a abrir os caminhos para o setor decolar?

Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, e Paulo Kakinoff, presidente da Gol _2

Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, e Paulo Kakinoff, presidente da Gol (Eric Ribeiro/M&E)

De acordo com Ronei, o Brasil tem todas as características adequadas para voltar a exercer o protagonismo do transporte aéreo na América Latina. “Pela nossa extensão, pelo nosso PIB, pelo nosso mercado, pelas nossas riquezas. A aviação civil se desenvolve onde tem PIB, renda, economia, passageiros e extensão territorial, e poucos países como o Brasil congregam estes três fatores, o que faz com que nosso mercado seja de fato relevante a nível internacional”, destacou o secretário. “E hoje temos um governo pró-mercado, com uma agenda que tenta trabalhar todos os incentivos para que os empresários obtenham resultados no País. O papel do governo é justamente esse, atrapalhar o menos possível. Estamos num momento ímpar para o desenvolvimento da aviação civil e para romper a barreira de 200 milhões de passageiros no Brasil até 2025”, completou.

“A eficiência gera o preço baixo e o preço baixo chama o passageiro”, diz Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil

Para Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, para poder praticar uma tarifa baixa no Brasil, é preciso ter custo baixo para operar e uma perspectiva positiva para poder investir. “Precisamos de medidas para trazer estabilidade ao setor e baixar os custos, para termos um ambiente melhor para investir e assim fazer a aviação se desenvolver. É um setor que precisa de muita eficiência, mas ainda funciona de maneira básica. A eficiência gera o preço baixo e o preço baixo chama o passageiro”, destacou Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil.

De acordo com presidente da Gol, o que atrapalha a operação das companhias no Brasil até hoje é o legado estatizante deixado por outros governos, que na época, segundo o próprio Paulo Kakinoff, não se importava muito com a iniciativa privada. “Da abertura do mercado ao estímulo a competição. Eu acredito que o que falta é a mobilização ainda maior para colocar em prática o mais rápido possível as soluções para resolver o setor. Estamos falando de uma mudança na política de desenvolvimento da infraestrutura e uma agenda de desburocratização”.

O papel do governo é atrapalhar o menos possível. Estamos num momento ímpar para o desenvolvimento da aviação civil e para romper a barreira de 200 milhões de passageiros no Brasil”, diz Ronei Glanzmann.

Lei do Aeronauta

Ainda de acordo com o CEO da Latam Brasil, a Lei do Aeronauta criou limitações para as operações no Brasil, por conta da quantidade de horas trabalhadas com o intuito de preservar a segurança de um voo. “O Brasil precisa se inteirar das práticas internacionais, aprender com isso e se manter competitivo. A Latam opera Guarulhos-Tel Aviv, que é uma rota de até 15h30min, com tripulação chilena justamente por conta do número de horas trabalhadas. E não posso dizer que a tripulação do Chile é menos segura por conta disso”, frisou Jerome Cadier.

“A Latam opera Guarulhos-Tel Aviv, que é uma rota de até 15h30min, com tripulação chilena justamente por conta do número de horas trabalhadas. E não posso dizer que a tripulação do Chile é menos segura por conta disso”, diz Jerome Cadier, sobre as leis no Brasil.

Ronei Glanzmann, secretário nacional de Aviação Civil

Painel sobre o mercado brasileiro encerrou o Fórum ALTA (Eric Ribeiro/M&E)

Ainda de acordo com Cadier, na medida que a Lei do Aeronauta obriga as aéreas que operam voos domésticos a atenderem a mesma legislação, igualando as condições no mercado, em voos internacionais, por sua vez, o Brasil disputa com normas de outros países. “O meu tripulante é menos produtivo do que um piloto da Air France, por exemplo. Eles precisam de menos tripulantes para operar a mesma rota que operamos. Este é sem dúvida um fator muito crítico dentro da competitividade a longo prazo. Precisamos mudar isto para aumentar a competitividade, criar uma maior eficiência interna e baixar os custos, fatores que irão refletir na queda da tarifa”, afirmou Cadier.

“O meu tripulante é menos produtivo do que um piloto da Air France. Eles precisam de menos tripulantes para operar a mesma rota que operamos. Este é sem dúvida um fator muito crítico dentro da competitividade a longo prazo”, destaca Jerome Cadier.

Posição da Anac

O superintendente da Anac, Ricardo Catanant, além de celebrar as conquistas deste ano de 2019, como o fim da franquia de bagagens, concordou que alguns pontos precisam ser debatidos para que a aviação comercial volte aos níveis registrados no começo do século. “E dentre estes pontos estão a estabilidade das regras e uma maior segurança jurídica. Uma maior desregulação do setor traz novos modelos de negócios, melhores preços e uma maior concorrência. E felizmente o Congresso Nacional manteve o veto do presidente Jair Bolsonaro sobre a franquia de bagagens”, destacou Catanant.

O M&E é media partner do Fórum ALTA Airline Leaders 2019 e viaja com apoio da Shift Mobilidade Corporativa e do Nobile Monumental Brasília

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