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Aviação / Feiras e Eventos

Judicialização compromete resultados e aumenta tarifa média da aviação no Brasil

Ronei Glanzmann, secretário nacional de Aviação Civil

Ronei Glanzmann, secretário nacional de Aviação Civil (Eric Ribeiro/M&E)

BRASÍLIA – A proteção do consumidor contra atrasos ou cancelamentos de voo e até mesmo contra o extravio de bagagens traz prejuízos milionários às companhias aéreas por conta justamente da judicialização. Este foi um dos temas debatidos no último painel do Fórum ALTA Airline Leaders 2019, que abordou o atual momento da aviação brasileira com o CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, o superintendente da Anac, Ricardo Catanant, e o secretário nacional de Aviação Civil, Ronei Glanzmann.

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E o ponto de destaque é que a judicialização compromete resultados operacionais das companhias aéreas e, como consequência, aumenta a tarifa média da aviação comercial no Brasil. “O poder judiciário por vezes toma decisões a favor dos clientes, que entram com ação por conta do atraso de um voo, por exemplo, por não entender as consequências do segmento. Se um aeroporto fecha por questões meteorológicas, o que é normal no mundo todo, as aéreas não podem assumir este problema, porque não tem nada a ver com suas operações. Então é isto que tem mudar, os juízes e passageiros precisam entender mais sobre o segmento”, afirmou Ronei Glanzmann.

“Quero que alguém me diga uma vantagem de atrasar um voo? Quando um voo atrasa, não tem benefício para ninguém. O custo do leasing não é reposto, o custo da tripulação também não, e em alguns aeroportos controlados, a aérea pode até perder o slot por conta do atraso”, indaga Paulo Kakinoff sobre voos atrasados.

Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, e Paulo Kakinoff, presidente da Gol

Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, e Paulo Kakinoff, presidente da Gol (Eric Ribeiro/M&E)

Paulo Kakinoff, presidente da Gol, lembra que os gastos das companhias aéreas com pagamentos de danos morais sempre vão refletir no aumento médio das tarifas. “Quero que alguém me diga uma vantagem de atrasar um voo? Quando um voo atrasa, não tem benefício para ninguém. O custo do leasing não é reposto, o custo da tripulação também não, e em alguns aeroportos controlados, a aérea pode até perder o slot por conta do atraso. A solução da judicialização portanto passa por boas práticas, porque este gasto com danos morais entra no custo total de uma operação e reflete na própria tarifa paga por todos os brasileiros”, destacou Paulo Kakinoff.

É preciso que haja uma maior educação sobre o setor, ainda muito mal entendido. Não só pelos passageiros, mas pelos juízes que tomam a decisão contra a companhia aérea e sem entender o que gerou aquele fato”, afirmou o CEO da Latam Brasil

Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, deu um exemplo clássico de como a judicialização poderia mudar. “Enquanto 50% de nossos passageiros tem origem ou destino o Brasil, 99% dos custos civis estão no País. Ano passado, em Congonhas, um drone paralisou as operações de Congonhas num domingo, por mais de duas horas. Na segunda, menos de 24 horas depois, já recebemos uma ação por voos atrasados. O aeroporto tava fechado, nenhuma aérea poderia operar, o que iríamos fazer?”, questionou Jerome. “Em Gatwick, também no ano passado, um drone fechou o aeroporto por três dias, afetando 100 mil passageiros, e não houve nenhuma ação na justiça. É preciso que haja uma maior educação sobre o setor, ainda muito mal entendido. Não só pelos passageiros, mas pelos juízes que tomam a decisão contra a companhia aérea e sem entender o que gerou aquele fato”, completou o CEO.

O M&E é media partner do Fórum ALTA Airline Leaders 2019 e viaja com apoio da Shift Mobilidade Corporativa e do Nobile Monumental Brasília

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