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Destinos

Malta, a próxima grande descoberta do turista brasileiro

A capital maltesa Valletta vista da baia Malta, a próxima grande descoberta do turista brasileiro

A capital maltesa, Valletta, vista da baía

Vamos se sinceros. Alguns destinos parecem infindáveis – como a Itália, que quando você acha que já viu tudo, aparece um cantinho novo para descobrir. Já outros, tem limites, e o que oferecem para o turista é pouco para justificar o voo. Quanto mais uma segunda viagem. Por educação, não vamos mencionar nomes, mas você certamente pensou em algum… 

Antes de ir a Malta, é comum o passageiro ter suas suspeitas de que esse pequeno arquipélago no meio do mar Mediterrâneo tenha uma oferta turística limitada. Afinal, são três ilhotas minúsculas… o que tanto poderia ter? Pois acredite, Malta tem MUITO a oferecer. E ainda guarda algumas surpresas na manga, que fazem dela um destino recorrente para europeus de toda sorte. Continue lendo e descubra por que Malta é, sim, a próxima grande descoberta para os turistas brasileiros. Em tempo: esse texto primeiro fala de alguns aspectos geográficos e culturais interessantes, e que ajudam a entender por que Malta é tão legal. Mas se estiver com pressa e quiser saber das atrações, pode pular para os últimos parágrafos. Vai estar tudo lá. 

No meio do caminho tinha uma ilha (ou três) 

Imagem2 Malta, a próxima grande descoberta do turista brasileiroImagem3 Malta, a próxima grande descoberta do turista brasileiroImagem2 Malta, a próxima grande descoberta do turista brasileiro

É bom contar, desde já, que Malta, a nação, tem seu nome originado em uma das três ilhas do arquipélago. A ilha de Malta é a maior, e onde está a capital Valetta e todas as outras principais cidades (sim, há várias). As outras ilhas são Gozo, que tem um jeitão de interior, mas não sem algumas surpresas, e Comino, cuja população não enche os dedos de uma mão, mas que oferece incríveis cantinhos naturais, especialmente onde o mar encontra paredões de rocha calcárea.  

Boa parte do sucesso turístico de Malta (o país) remonta a sua localização, literalmente no meio do caminho entre Europa e Norte da África, entre Oriente Próximo e Estreito de Gibraltar. A consequência óbvia é um grande número de “visitantes” ao longo dos séculos – cartaginenses, romanos, árabes, franceses, ingleses – todos deram seus pitacos. E todos deram alguma contribuição para formar o povo maltês e sua cultura. 

Quer um exemplo? A língua maltesa. Ela soa muito com árabe, o que não é surpresa já que é uma língua semítica. Mas usa o alfabeto latino, coisa que nenhuma outra língua dessa família faz. Por outro lado, alguns termos cotidianos vêm de outra fonte. “Bom dia” é “bonġu”, e a letra G acentuada tem som de J. Então, se diz “Bonju”. Qualquer semelhança com o francês não é mera coincidência. 

Mas de todas as línguas exógenas, o inglês é a predominante. E, na verdade, um dos idiomas oficiais do país. Todos em Malta falam inglês, desde a escolinha, e não raro uma conversa entre malteses começa em maltês e migrar para o inglês. No mínimo, palavras em inglês pipocam nas resenhas. 

Sapore d´Itália. Mas com um pouco de tahine

A rica e variada gastronomia maltesa Malta, a próxima grande descoberta do turista brasileiro

A rica e variada gastronomia maltesa

Muito do sucesso turístico de um país está relacionado a sua gastronomia. Afinal, comer mal em viagem é um deal-breaker para futuros retornos. Todo mundo quer provar algo especial e delicioso, e poder levar a experiência para casa, e esfregar na cara do cunhado chato. 

No quesito menu, Malta soube escolher bem sua herança. A culinária local é fortemente influenciada pelo vizinho mais próximo, a ilha italiana da Sicília. Então, espere encontrar muita pasta (o famoso macarrão) com molhos que vão do sugo al pomodoro (molho de tomete) até frutti di mare (frutos do mar, como mariscos, lulas e polvos). Aliás, vale lembrar que Malta é uma ilha e, por isso, peixes, lulas, polvos e mariscos estão em quase todos os cardápios, invariavelmente fresquíssimos. No famoso restaurante Il-Kartell, na ilha de Gozo, o cardápio de peixes é flexível: os donos trazem em uma bandeja os peixes disponíveis no dia – aqueles que eles acabaram de tirar do mar.  

Frutos do mar sao onipresentes em Malta Malta, a próxima grande descoberta do turista brasileiro

Frutos do mar são onipresentes em Malta

Mas essa pegada mediterrânea na culinária maltesa tem um twist interessante, trazido pelos antigos cartagineses (atuais libaneses) e por toda a época de domínio otomano. Há vários toques da culinária árabe, aqui e ali. Pasta de berinjela, ou de feijão em fava, pães levedados, tâmaras… Se você gosta de cozinha árabe, vai gostar da cozinha maltesa. Se prefere a italiana, vai gostar também. Se gosta das duas… bom, comece a procurar passagem aérea. 

Combinando com os vizinhos 

Já que falamos de voos, é uma boa hora para comentar a acessibilidade. Malta tem um aeroporto. É próximo a capital Valletta (porque nada por ali é longe), mas oficialmente é no município de Luqa. E tem sua própria companhia aérea, que se chamava Air Malta e, recentemente, trocou de nome para KM Malta.  

A KM Malta voa para os principais hubs da Europa. A principal ligação, sem dúvida, é como Roma (dois voos diários) e Catânia, na Sicília, um voo que mal decola e já começa a pousar. Também há voos regulares para Paris, Madri e Londres. Ou se pode olhar para Turquia, Frankfurt, com outras companhias aéreas. 

Um detalhe importante é que, no verão setentrional, a oferta de voos aumenta muito, especialmente a da companhia italiana ITA Airways. Isso porque os europeus – italianos incluídos – vão para Malta passar férias. 

Para o turista brasileiro, que raramente consegue viajar à Europa e ficar em um país só, Malta tem boas possibilidades de combinações. A mais óbvia (ou clássica) é Malta e Sicília, um programa que os operadores já têm no radar, ou no portifólio. Pode ser ampliado para Itália e Malta, normalmente com atrações de Roma para baixo (Capri, Nápoles etc), depois Sicília e Malta. 

Outra opção é combinar Tunísia com Malta. Com algumas raízes comuns, é um belo programa que combina países próximos, mas ofertas turísticas bem distintas – mas não conflitantes.  

Há quem proponha até um Circuito dos Cavaleiros de Malta, que reproduz o caminho da Ordem de São João (o nome oficial dos Cavaleiros), desde que saíram de Jerusalém: Turquia, Creta, ilha de Rodos, Chipre e Malta. 

Turismo para todo tipo de turista 

Imagem4 Malta, a próxima grande descoberta do turista brasileiro

Valletta, a capital e principal cidade do país

Mas, afinal, o que há para ver em Malta? Essa é a parte boa, e quase surpreendente. Num arquipélago que não tem mais do que 316 km²- e isso é um quinto da área da cidade de São Paulo – há atrações para todos os gostos. Veja os principais locais. 

Valletta, a capital – principal cidade do país, Valletta também é o centro administrativo e comercial do país. A parte histórica, a antiga cidade murada, oferece uma vista impressionante do porto, considerado um dos mais belos do Mediterrâneo, e das chamadas Três Cidades, do outro lado da baía.

Valletta também abriga a co-catedral de São João (a catedral master está em Mdina). Por fora, você não dá uma pataca por essa construção. Mas, por dentro, tem uma decoração absolutamente incrível. Pense em algo como catedral de São Pedro, no Vaticano, e reduza para proporções maltesas. De quebra, a co-catedral abriga a maior tela pintada por Caravaggio, que passou algum tempo nas ilhas. 

Ainda em Valletta, o Palácio do Grão-Mestre é outro must. Recentemente renovado, abriga várias salas com objetos históricos, mas, sem dúvida, a grande atração é o extenso arsenal, com centenas, talvez milhares, de armaduras, espadas e congêneres, dos diversos séculos de história. 

A rua principal de Valletta é cheia de vida, com belos prédios como o novo Parlamento e a antiga biblioteca, mas também com lojinhas, restaurantes e cafés. Um dos mais famosos é o Café Cordina, instalado em um antigo Palazzo com tetos decorados. Ideal para um café com docinho (há vários, incluindo canoli sicilianos e delícias com pistache), ou para um almoço rápido. Qualquer refeição ganha outra vida com um bom ambiance!  

Mdina a cidade murada e antiga capital Malta, a próxima grande descoberta do turista brasileiro

Mdina, a cidade murada e antiga capital

Mdina, a mais antiga A cidade de Medina tem uma história tão antiga que nem os malteses sabem dizer quando ela começou. O que se sabe é que lá foi uma fortaleza romana, mas esses também aproveitaram algo que os cartaginenses haviam construído… então, dá-lhe séculos.  

O nome atual foi dado pelos árabes (Medina), e encurtado com o tempo. Os árabes também reduziram a área da antiga fortaleza romana, e o que ficou de fora virou Rabat, ou “arredores, subúrbio” em árabe. Na prática, hoje, Mdina e Rabat são um único centro urbano. Mas Mdina está intramuros e, até por isso, tem uma circulação menor de carros e pessoas. Mas tem adoráveis ruelas tortas, com casas de pedra antiquíssimas, alguns hotéis de charme como o Xara Palace ou Palazzo Bifora. E abriga a catedral de São Paulo – mais antiga que a de São João, em Valletta. 

Parêntesis importante: a catedral é de São Paulo porque… são Paulo esteve ali! Em suas viagens de pregação, o apóstolo Paulo naufragou na costa de Malta, e foi levado para a antiga fortificação romana (hoje Mdina). Foi bem recebido, e diz a lenda que passou algum tempo na ilha, morando em uma gruta perto de Rabat. O local do naufrágio é conhecido hoje como baía de São Paulo, abriga vários hotéis de veraneio, como o AX Odycy, e também o Aquário de Malta. 

As varandas de madeira decoradas em Rabat Malta, a próxima grande descoberta do turista brasileiro

As varandas de madeira decoradas em Rabat

Findo o parêntesis, voltamos a Rabat, a parte fora dos muros de Mdina, mas grudada a ela. Aqui, as casas de pedra com varandas de madeira fechadas dão um charme todo especial às ruelas estreitas. Com mais acesso que a vizinha, Rabat desenvolveu uma certa vida noturna, com bares e restaurantes escondidos após o ângulo das esquinas. 

Em Rabat, é possível ver um traço forte da cultura maltesa- sua fé católica. “Somos mais católicos que o Vaticano”, disse uma guia local. A julgar pelas manifestações domésticas, ela pode estar certa. Toda casa maltesa tem, na sua porta, algum tipo de referência ao seu santo de devoção. Às vezes é uma pintura, às vezes uma pequena estátua, às vezes uma cerâmica decorada. Seja o que for, o adorno faz referência à devoção dos donos da casa. Em Rabat, São José, padroeiro municipal, é um dos preferidos. Mas espere ver esses adornos por toda a ilha, com santos variados. E o Vaticano que se cuide! 

Mosta e sua Rotunda – A pequena cidade de Mosta (uma redundância, todas são pequenas em Malta), tem como atração sua Rotunda, uma igreja que lembra muito o Panteão de Roma. E lembra porque foi feito inspirado no monumento italiano. Poderia ser só uma igreja redonda se não abrigasse também uma história de milagre. Durante a Segunda Guerra, Malta serviu de apoio aos britânicos e, por isso, era alvo frequente de ataques do Eixo. Um certo dia, trezentas pessoas rezavam na Rotunda de Mosta, e um ataque aéreo surgiu, indetectado.  Uma enorme bomba foi lançada, rompeu o teto e caiu no chão da igreja, sem explodir. O que seria uma tragédia, virou milagre. Uma réplica da bomba está em exposição na sacristia de Rotunda, e é possível visitar o abrigo onde os fieis deveriam estar, se tivessem sido avisados do bombardeio.

A agitada e notivaga St Julian Malta, a próxima grande descoberta do turista brasileiro

A agitada e notívaga St Julian

St Julian e Sliema, queridinhos dos brasileiros – Logo ao norte de Valletta está uma península e, em seguida, uma baía. Na península está Sliema; na baía, St Julian. Ambos com características que brasileiros adoram: são centros urbanos que reúnem vida noturna, bons restaurantes, compras e diversão (incluindo aqui cassinos). Se em Valletta a noite dá uma morrida, em Sliema e St Julian ela é uma criança. Não por acaso há grandes hotéis como Marriot, Hilton e Corinthia nessa área. Ela é de longe a mais procurada, em especial por grupos. E de St Julian e Sliema sempre é possível pegar um barco-táxi e chegar a Valletta em questão de minutos.  

Marsaxlokk e os barquinhos coloridos tipicos de Malta Malta, a próxima grande descoberta do turista brasileiro

Marsaxlokk e os barquinhos coloridos típicos de Malta

Marsaxlokk e os barquinhos coloridos – no sul da ilha de Malta, em uma grande baía, está a pitoresca Marsaxlokk. É um vilarejo de pescadores, e invariavelmente a praia vai estar forrada dos típicos barquinhos coloridos, ancorados à espera dos turistas. Marsaxlokk tem um calçadão com feirinha de artes, diversos restaurantes pé-na-areia e também é ponto de partida para passeios de barco pela baía. Os gentis pescadores-barqueiros fazem navegação panorâmica pelos costões de pedra escavados pelo mar, com direito a entrada em algumas grutas, ou podem levar o turista para locais especiais para banhos de mar- geralmente pedras furadas que permitem saltar nas águas tépidas do Mediterrâneo. 

A formacao rochosa da Gruta Azul Malta, a próxima grande descoberta do turista brasileiro

A formação rochosa da Gruta Azul

A Gruta Azul e outros buracos (no bom sentido) – Já falamos que Malta é formada por pedra calcárea que, tipicamente, é fácil de ser desgastada pela ação do mar. Água mole em pedra mole, fura muito mais fácil. Por isso, Malta, Gozo e Comino possuem diversas formações nas pedras, escavadas pela água. A mais famosa certamente é o Blue Grotto, ou Gruta Azul, um dos cartões postais da ilha. Dá para só vê-lo do alto, que é de onde vem a foto famosa, ou dá para pegar um barquinho e passar no meio dos arcos de pedra. 

Em Gozo, há um vilarejo chamado St Lawrence de onde os barquinhos partem para visitar as grutas da região. A diversão é que, para chegara o mar aberto, é preciso passar por uma estreita abertura na rocha. A locação contava com um arco de pedra, chamado Azure Window, que infelizmente desmoronou há alguns anos. Mas, antes de cair, serviu de pano de fundo para o casamento de Daenerys Targarian e Kahl Drogo na série épica Game of Thrones. 

Segundo parêntesis importante – Malta é pródiga em servir de locação para gravações de cinema e TV. Desde o longínquo Popeye com Robin Willians até o ainda inédito Gladiador 2, passando por Gladiador (o primeiro), Troia, Capitão Phillips, Assassinato no Orient Express, Napoleão e até mesmo Jurassic World! Há uma área na entrada do porto de Valletta com dedicação exclusiva às produções cinematográficas. 

Ħaġar Qim e Mnajdra, a Stonehenge maltesa – Já foi dito que a história de Malta é muito antiga. Mas muito mesmo. Na parte sudoeste da ilha de Malta estão as ruínas arqueológicas de Ħaġar Qim e Mnajdra, que remontam a três mil anos antes de Cristo. Assim com Stonehenge, na Inglaterra, são templos de pedra cuidadosamente construídos com alinhamentos astronômicos, e se supõe que tinham função religiosa e de marcação de tempo. Mas, ao contrário da prima inglesa, Ħaġar Qim e Mnajdra permitem que você caminhe por entre as pedras, numa experiência muito mais imersiva.  

Malta um paraiso para mergulhadores Malta, a próxima grande descoberta do turista brasileiro

Malta, um paraíso para mergulhadores

Atividades no mar, é claro – sendo uma ilha, Malta tem muito mar. Mas há mares e mares, e o de Malta está na categoria dos bons. Ao menos para quem gosta de mergulho, em especial com cilindro. Há diversos naufrágios e afundamentos ao redor da ilha, e também bons ventos para práticas como o kite surf. Já ondas… não há tantas. Talvez por isso não vejamos um maltês da WSL. 

Malta na prática 

Para terminar, algumas informações práticas que podem ajudar quando estiver planejando a viagem a Malta. 

Mão inglesa – herança britânica, os malteses dirigem pelo lado “errado” da rua. Considere isso se pretende alugar um carro. Se não se sentir confortável, prefira táxis, ou Uber. Ou o concorrente Bolt, preferido dos locais. E sempre fique atento ao atravessar as ruas. O carro vai vir do outro lado! 

Shengen & Euro – Desde 2008, Malta usa o Euro como moeda. Então, melhor levar Euro do que Dólar, e evitar ter que fazer câmbio. Cartões de crédito e débito são amplamente aceitos. Malta também está integrada na zona Schengen, portanto não exige visto de brasileiros, nem qualquer vacina. 

Sobe o sol – Malta é um destino que costuma ter muito sol, já que está no meio do Mediterrâneo. Mas, de vez em quando, chove. O mais comum é chover de outubro a dezembro, mas nunca por longos períodos. No verão deles, pode dar umas pancadas de chuva, mas passam rápido. Fora algumas semanas no inverno, as temperaturas são sempre muito agradáveis, acima de 20 graus. 

Esse jeitinho Maltês de ser… – Os malteses se consideram um povo latino. E, por isso, se dão muito bem com os brasileiros. Não há tanta formalidade e é fácil se enturmar rapidamente com os locais, especialmente se estiver sentado à mesa fazendo uma refeição. Comer, beber, viver… tudo isso é muito importante para o maltês, povo que tem um coração gigante. Tão grande que não se sabe como cabe em uma ilha tão pequena. 

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