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Curiosidades

Um tour por São Paulo: uma visão do alto do busão

Ônibus circular turístico de São Paulo

Ônibus circular turístico de São Paulo

Uma cidade grande como São Paulo requer pelo menos sete intensos dias para conhecer os principais pontos turísticos, aproveitar a vida noturna, se perder nos museus e ganhar uns quilinhos a mais com a pluralidade gastronômica. Mas nem sempre as pessoas dispõem de tanto tempo em um destino. A dica para aqueles que têm pouco tempo na capital que nunca dorme é fazer o passeio turístico com o Circular Turismo Sightseeing SP, um ônibus de dois andares que funciona em estilo hop on hop off. Em apenas três horas e por nada mais que R$ 40, é possível conhecer toda a região central de São Paulo e, de quebra, ainda descobrir curiosidades e um pouco da história da metrópole.

Com saída da Praça da República, antes mesmo de virar a direita na Rua Consolação, o ônibus – que possui um sistema de som – começa a narrar a história de um dos prédios mais famosos de toda a cidade: o Edifício Copan. Projetado na década de 50, por Oscar Niemeyer, o prédio segue a linha artística e livre tão características das obras do arquiteto. Em um formato de onda, o imóvel abriga 1.160 apartamentos, onde moram mais de 5 mil pessoas! Praticamente uma cidade vertical.

A cerca de um quilômetro dali, o Cemitério da Consolação é a mais antiga necrópole em funcionamento da cidade, fundada em 10 de julho de 1858. O espaço soma mais de 75 mil m² de área e reúne túmulos de personalidades importantes da história do país, a exemplo da pintora, Tarsília do Amaral, dos escritores Monteiro Lobato, Mario de Andrade e Oswaldo Cruz. Entre os mausoléus mais visitados, destaque para a Família Matarazzo, o maior da América Latina. Com 25 metros de altura do subsolo ao pico. O tamanho é equivalente a um prédio de três andares e ocupa uma área de 150 m².

Disputando lado a lado o tradicional e o novo, a Igreja da Consolação, construída em estilo revivalista neo-românico e fundada em 1798 se contrasta com a boemia da Praça Roosevelt, um espaço ocupado pelos artistas de teatro, skatistas, músicos, grafites e entretenimento.  Mais adiante está a  Chácara Lane, que foi a primeira propriedade da Escola Americana. Construída no século 19, atualmente é usada como “Gabinete do Desenho”, abrigando exposições temporárias e o acervo de papel da Coleção de Arte da Cidade.

Pouco antes de chegar ao Pacaembu, o áudio guia, que disponibiliza informações em português, inglês e espanhol, chama atenção para o grafite do artista Rui Amaral, pintado na década de 1980 no túnel que passa pela Avenida Paulista. Principal palco da história do futebol nacional, o Estádio Paulo Machado de Carvalho foi inaugurado em 1940. O local recebeu seis partidas durante a Copa de 1950, além de ter visto alguns dos mais famosos jogadores do mundo, como o Pelé, marcarem gols memoráveis. Para os passageiros do ônibus, a visita ao Museu do Futebol é gratuita. Basta apenas apresentar o ingresso de museus adquirido no momento da compra do bilhete do ônibus.

Em frente ao estádio está a famosa feira livre da Praça Charles Milles, que recebe todas as terças, quintas, sextas e sábados barraquinhas com mais diversos produtos frescos, como frutas, legumes, especiarias e os tradicionais pastéis. O rádio ônibus ainda lembra que a cidade recebe mais de 800 mil feiras por semana. Nas redondezas, desponta-se o Museu de Arte Brasileira com mais de 2600 obras de reconhecidos artistas, como Tomie Ohtake e Alfredo Volpi.

A caminho da avenida mais conhecida da capital, as grandes faixas vermelhas que demarcam a ciclovia chamam a atenção dos passageiros do ônibus. E não é para menos, foi na Praça do Ciclista que no início de 2016 aproximadamente 7 mil pessoas se mobilizaram para manifestar a favor da implantação das vias para bicicletas.  Aos poucos, a bicicleta se torna um hábito paulistano praticado aos fins de semana com os familiares e amigos ou durante a semana a caminho do trabalho

Fazendo a curva o veículo chega a um dos lugares mais esperados pelos turistas: a Avenida Paulista. Empolgados, os passageiros colocam as cabeças e o corpo pelas amplas janelas vazadas e fotografam as calçadas recheadas de barracas de arte e artesanato. A música local dá um ar descontraído, típico da rua. Do lado esquerdo, o Museu de Arte de São Paulo (Masp) atrai os curiosos, que resolvem descer para conferir as obras. O espaço também pode ser explorado gratuitamente pelos passageiros.

Mais adiante, a Casa das Rosas, um dos poucos resquícios do século passado, se mantém fortemente de pé. Projetada por Francisco Ramos de Azevedo, a casa foi planejada para ser a de sua filha Lúcia quando se casasse. A construção foi terminada somente em 1935 e resistiu à especulação imobiliária. Hoje, é um centro cultural que abriga literatura e poesia no coração de São Paulo. A instituição também promove cursos, oficinas e exposições periódicas, relacionadas à literatura.

Ao final da via, o veículo corta pela Rua 23 de Maio, e ressalto o mais longo corredor de arte urbana da América Latina. Foi a partir da década de 80 que a cidade começou a perder seu tom de cinza para o colorido dos grafites. A fim de enaltecer o trabalho independente, a Secretaria de Turismo de São Paulo (SPTuris) inclusive desenvolveu o roteiro Arte Urbana, que divulga 18 lugares de São Paulo imperdíveis para os amantes da street art.

Brigando por espaço em meio à selva de pedra, o Parque Ibirapuera é um dos locais mais frequentados pelos paulistas. O espaço verde convida às pessoas a se refugiarem e recarregarem as energias junto ao gramado e à natureza. Na rota, o Museu Afro Brasil é parada obrigatória. O museu conta com um acervo de mais de 6 mil obras, entre pinturas, esculturas, fotografias e documentos que demonstram a influência africana na sociedade brasileira. E o melhor, ele também está incluso na lista de passe livre do Circular.

Idealizado na década de 1970, através de um projeto municipal que incluía uma grande biblioteca pública, hotéis, um shopping center e edifícios de escritório, o Centro Cultural São Paulo abriga parte do acervo de Pinacoteca Municipal, coleção da Missão de Pesquisas Folclóricas de Mário de Andrade, além de oferecer peças teatrais,shows e filmes.

Marcada pela diversidade, São Paulo é um reduto de imigrantes, a exemplo dos bairros Bexiga e Liberdade, que anualmente recebem diversas festas típicas, como as italianas Quiropita, Festa da Estrela e o Ano Novo Chinês. Com uma das maiores comunidades de japoneses fora do Japão, o bairro da Liberdade recebeu este nome, pois na época da escravatura o local era conhecido como Campo da Forca, sendo que a principal liberdade cedida aos escravos seria a anulação de suas acusações.

Somente com o início da imigração japonesa no século 20, a arquitetura e a cultura local foram se modificando.  A influência cultural pode ser sentida nas ruas de luminárias tipicamente orientais e nas placas dos estabelecimentos em caracteres orientais. Uma grande dica são as feiras temáticas que acontecem nos finais de semana focadas na gastronomia e cultura oriental.

O antigo espaço de catequização dos indígenas, o Pateo do Collegio, é quem define o marco zero da cidade. Uma curiosidade é que o local foi sede do governo paulista entre os anos de 1765 e 1912, após a apropriação do local pelo Estado, servindo como palácio dos Governadores. Hoje em dia, a região abriga o Museu Padre Anchieta, que contêm um acervo de arte sacra e diferentes iconografias, a praça Ilhas Canárias e a Capela Beato José de Anchieta, que abriga o fêmur de José de Anchieta.

Quase no fim do nosso passeio encontramos o mais clássico espaço cultural da cidade. Inspirado nos moldes da Ópera de Paris, o Theatro Municipal foi construído para atender o desejo da elite paulista da época, que queria um local de promoção de ópera e concertos. Ícone de São Paulo, foi palco da Semana de Arte Moderna de 1922, o marco inicial do Modernismo no Brasil, presenciando apresentações de Oswald de Andrade, Lasar Segall, Mário de Andrade, entre outros. Atualmente, é possível desfrutar releituras de grandes clássicos nos concertos, peças teatrais e exibições dos corais da cidade.

De volta à Praça da República é preciso olhar no relógio para perceber que o passeio realmente chegou ao fim, mas não sem antes uma curiosidade sobre o lugar. Quem visita o local atualmente não consegue nem imaginar que há 100 anos o espaço servia de palco para outras atividades: as touradas e rodeios.  Após três horas de passeios e a mente cheia de informações sobre a cidade que nunca dorme, descobrimos que toda vez que andamos por São Paulo, conhecemos coisas novas.

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