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Sanovicz relembra trajetória na Abear: “Foram 11 anos nos quais emoção nunca faltou”

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Eduardo Sanovicz relembra criação da Abear e trajetória na entidade em entrevista exclusiva ao M&E (Eric Ribeiro/M&E)

Na última semana, Eduardo Sanovicz, até então presidente da Abear, anunciou a sua saída do cargo que ocupou por 11 anos, desde a criação da entidade. Durante a sua passagem pela associação, Sanovicz construiu uma história de solidificação da aviação nacional e deixou um grande legado para todo o Turismo brasileiro e segundo o profissional, nesta entrevista especial e exclusiva ao M&E, emoção nunca faltou à frente do cargo.

Para relembrar e celebrar a trajetória do profissional, é necessário voltar um pouco no tempo e entender não só a Abear, mas toda a história do setor de aviação nacional neste século. No ano de 2002 para 2003, o Brasil começa a praticar o conceito de “liberdade tarifária”, algo que antes não era realizado no País e acabou sendo implementado seguindo uma tendência mundial. Antes disso, o preço do bilhete aéreo no Brasil era regulamentado pelo governo.

De 2003 até 2016, pós adoção da nova medida, vemos um novo cenário na aviação, em decorrência dessa liberdade tarifária e de um processo econômico onde havia mais renda e emprego para a população e as empresas também tinham mais capacidade de investimento – e isso fez com que o numero de passageiros aéreos no Brasil triplicasse, passando de 30 milhões para 100 milhões ao ano e o valor médio das passagens caísse de R$ 900 para R$ 400.

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Ex-Ministro do Turismo, Marx Beltrão junto com Eduardo Sanovicz, ex-presidente da Abear, que representou os interesses da aviação em inúmeras pautas nacionais junto ao governo (Roberto Castro/Ascom/MTur)

Com mais pessoas viajando, mais companhias chegando ao Brasil e a aviação se tornando algo ‘popular’ e ‘acessível’, o setor entendeu que era a hora de criar uma associação representativa que falasse com a sociedade sobre a aviação, com uma política de comunicação consistente – que valesse para os consumidores gerais e aos formadores de opinião. É ai que entra a fundação da Abear em agosto de 2012 e o trabalho excepcional de Sanovicz.

“Fui procurado para gerenciar este projeto e o meu primeiro desafio foi desenhar a entidade, criar o nome, a marca e o estatuto da Abear”

“De 2011 para 2012, a aviação estava se tornando um assunto maior do que era antes e era necessário preparar-se para comunicar-se com a população de uma forma mais simples. Antes a aviação era super ‘complicada’, cheia de termos técnicos, uma comunicação mais elitizada. Nós tinhamos operando no País naquela época a Tam, Gol, Avianca, Azul e a Trip e conforme o setor foi crescdendo, foi se sentindo a necessidade de criar um entidade que falasse pela aviação. Fui procurado para gerenciar este projeto e o meu primeiro desafio foi desenhar a entidade, criar o nome, a marca e o estatuto da Abear”, explicou Eduardo Sanovicz, ex-presidente e atual presidente do conselho da associação.

“De 2011 para 2012, a aviação estava se tornando um assunto maior do que era antes e era necessário preparar-se para comunicar-se com a população de uma forma mais simples”

Na Abear, todas as decisões e pautas eram realizadas por um consenso entre as empresas e não por votos e por tamanho de market share, como explica o executivo. “Nós só fazíamos algo ou tomávamos alguma decisão se fosse um consenso. Se não houvesse um consenso, não era um tema da aviação e isso gerou uma cultura de indústria. Colocar isso para funcionar foi o grande desafio. Nós tivemos que criar uma cultura de indústria para dentro e criar uma entidade que comunicasse para fora”, afirmou.

Eduardo Sanovicz Sanovicz relembra trajetória na Abear: “Foram 11 anos nos quais emoção nunca faltou”

Segundo Sanovicz, foram 11 anos de muita emoção à frente do cargo (Foto: Arquivo)

E o trabalho foi feito com sucesso! A Abear se tornou uma das mais importantes entidade do País, em um dos setores que mais crescia no Brasil. Ser porta-voz de uma indústria tão grande e que vem evoluindo e se modificando tanto nos últimos anos não é um trabalho de brincadeirinha.

Entre os grandes feitos à frente da Abear, Sanovicz destaca com orgulho algumas conquistas.

“Há algumas coisas que me orgulho nesta jornada, como por exemplo consolidar alguns fatos importantes como a diminuição das grandes distorções entre o Brasil e mundo no segmento de aviação. Conseguir acordos para reduzir ICMs em todos os estados foi algo muito importante para nós, principalmente em São Paulo como o mais importante por conta do hub que temos aqui, com a aprovação do João Dória e renovado em 2023 com o Freitas.  Esta era uma das grandes distorções que tínhamos no setor e isso diminuiu muito”, celebrou.

“O projeto Asas do Bem – programa que faz transporte gratuito de órgãos para transplante, salvando quase 8 mil vidas desde que se iniciou. E há ainda um conjunto imenso de programas de trabalhos que colocamos no ar durante estes meus 11 anos no cargo. Nós trouxemos a regulamentação para este século e isso foi um trabalho de uma década”, relembrou Sanovicz.

Eduardo Sanovicz presidente da Abear Sanovicz relembra trajetória na Abear: “Foram 11 anos nos quais emoção nunca faltou”

Para Sanovicz, pandemia foi momento mais desafiador do setor de aviação no Brasil (Arquivo)

Quanto aos desafios enfrentados, Eduardo também relembra momentos difíceis vividos a frente da associação. “Se vivemos um ótimo momento na aviação desde a virada do século, em fevereiro de 2017 isso muda completamente. Isso porque o preço de combustível dispara por conta das medidas adotadas pela Petrobras e os últimos anos até o momento são duros, pois os preço param de baixar e o número de passageiros também para de subir. O momento mais difícil, no entanto, foi a pandemia”, revelou o profissional.

“Passar mais de um ano com 400 aviões estacionados, administrando uma crise em cima da outra, com um custo fixo enorme e ter o Brasil como um dos poucos países do mundo onde não houve repasse do Governo para o setor e trabalhar arduamente fazendo acordo com os sindicatos para que não houvesse demissões em massa foi bem desafiador”, disse.

Novo momento da Abear

Mas Sanovicz é confiante que o cenário irá mudar e o setor voltará a triunfar. E parte desta esperança vem do novo momento que a Abear passa a viver.

“Estamos sintonizados com o País que queremos para a próxima década e o que queremos para o setor de aviação na próxima década” – Eduardo Sanovicz, presidente executivo do conselho da Abear

Após a saída de Sanovicz do cargo de presidente da Abear, Jurema Monteiro assume a função – se tornando a primeira mulher a liderar um cargo de grande importância em um dos setores predominantemente dominando por homens. Antes de assumir o cargo, Jurema era diretora de Relações Institucionais da Abear, atuando na entidade desde 2015, com passagens também pela Embratur e no Ministério do Turismo durante sua jornada profissional.

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Eduardo Sanovicz e Jurema Monteiro, nova presidente da Abear (Foto: Arquivo Sistema CNT/divulgação)

De acordo com Eduardo, a escolha de Jurema como sua sucessora é algo que o deixou extremamente animado e confiante. “Estou animado – estamos nomeando pela primeira vez uma mulher, negra, para dirigir uma das entidade mais importantes do nosso setor. Estamos sintonizados com o País que queremos para a próxima década e o que queremos para o setor de aviação na próxima década”, afirmou.

Leia também: Jurema Monteiro é a nova presidente da Abear; Sanovicz assume presidência do Conselho

“O que nós queremos, como setor e como sociedade, é que milhões de pessoas voltem a andar de avião e o grande desafio será rever a politica de precificação do querosene e atuar para rever condições estruturais para que as pessoas tenham renda, emprego e capacidade de consumo para que finalmente voltem de viajar. Eu vou ficar na presidência executiva do conselho, estarei passando mais a orientar, vou me afastar mais do dia a dia da Abear mas estarei aqui para ajudar a Jurema e toda a equipe no que precisarem”, completou Sanovicz.

Próximos passos

Eduardo revelou que seguirá atuando no conselho da entidade, bem como no conselho do São Paulo Conventions & Bureau e se a saúde permitir, o profissional ainda pretende retomar sua carreira como professor e lecionar novamente na USP. O M&E deseja sucesso e saúde em toda a jornada do profissional. 

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