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Aviação / Manchete

ESPECIAL Gol e Azul: tudo que sabemos sobre a fusão até aqui; opiniões, contextos e respostas

Gol e Azul

Fusões no turismo: o que a história nos ensina sobre o plano de Gol e Azul (Patrick Peixoto/M&E)

Em 15 de janeiro de 2025, as companhias aéreas Gol e Azul anunciaram a assinatura de um memorando de entendimento que marca o início das negociações para uma fusão histórica no setor da aviação brasileira. Caso concretizada, essa fusão consolidará uma única empresa que deterá 60% do mercado aéreo do país, transformando profundamente o panorama do setor.

A configuração do acordo

De acordo com o memorando, a fusão está condicionada ao encerramento do processo de recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos, previsto para abril de 2025. A futura companhia será estruturada como uma “corporation”, sem controlador definido, com a Abra, holding que já controla a Gol e a Avianca, atuando como a maior acionista. A gestão será dividida entre ambas as empresas: o presidente do conselho será indicado pela Abra, enquanto o CEO será indicado pela Azul. Essa liderança compartilhada é uma tentativa de criar sinergias entre as culturas organizacionais das duas companhias.

As marcas Gol e Azul serão mantidas separadamente, mas as operações deverão se integrar gradativamente. Isso inclui o compartilhamento de aeronaves e rotas, ampliando a conectividade entre grandes cidades e destinos regionais. Essa estratégia também permitirá otimizar a utilização da frota e reduzir custos operacionais.

Impactos no mercado brasileiro

A fusão entre Gol e Azul tem o potencial de redefinir o setor aéreo no Brasil. A criação de uma empresa com tamanha participação de mercado pode gerar preocupações em relação à concorrência. Com 60% do mercado sob seu controle, a nova companhia terá maior poder de precificação, o que pode impactar negativamente os consumidores caso não sejam estabelecidos mecanismos regulatórios eficazes.

Por outro lado, a integração pode trazer benefícios substanciais, como o fortalecimento da malha aérea regional, historicamente subaproveitada no Brasil. Além disso, a fusão pode aumentar a competitividade internacional das duas empresas, permitindo-lhes expandir suas operações para novos mercados.

Desafios e oportunidades

Para que a fusão entre Gol e Azul seja bem-sucedida, será fundamental superar desafios como o alinhamento cultural, a integração operacional e a obtenção das aprovações necessárias do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Também é imperativo que a nova empresa mantenha um equilíbrio entre a geração de eficiências e a preservação da concorrência.

Se bem-sucedida, a fusão entre Gol e Azul poderá colocar o Brasil em uma posição de destaque no cenário global da aviação, criando uma companhia capaz de competir com grandes grupos internacionais. No entanto, a experiência de casos passados mostra que o caminho para o sucesso não está livre de turbulências, exigindo planejamento cuidadoso e execução eficiente.

Reações do Setor

A notícia de uma possível fusão entre as companhias aéreas Azul e Gol causou forte movimentação no mercado financeiro e no setor de turismo. Já nas primeiras horas da abertura do mercado, as ações das duas empresas registraram uma forte alta. Enquanto as ações da Azul subiam mais de 4%, as da Gol estavam quase 8% maiores, refletindo o otimismo dos investidores com a possível fusão.

Governo e Reguladores

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, descartou a possibilidade de aumento no preço das passagens aéreas com a fusão entre as companhias. Ele afirmou que o governo acompanha o processo e que a análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) será fundamental para a decisão.

O ministro do Turismo, Celso Sabino, destacou que o crescimento do setor abre espaço para novas companhias aéreas no Brasil, o que poderia equilibrar a concorrência. Para ele, a entrada de novas empresas, tanto nacionais quanto estrangeiras, ajudaria a manter a competitividade no setor.

BeFly

Luciano Guimarães, Vice-Presidente de Negócios da BeFly, ressaltou a importância da concorrência para a qualidade do serviço e os preços ao consumidor. “Todo mercado precisa de competição. Quando o número de competidores diminui, aumentam os riscos de serviços de menor qualidade e preços mais altos. Se essa fusão for uma questão de sobrevivência das empresas, é compreensível, mas é essencial que o Brasil continue sendo atendido por, no mínimo, três companhias aéreas”

Sakura

Cassio Oliveira, diretor da Sakura, vê a fusão como uma possibilidade de fortalecimento financeiro das empresas, mas destaca a necessidade de cautela. “Ainda é cedo para avaliar os impactos positivos ou negativos. O ponto positivo é a possibilidade de uma companhia aérea mais saudável financeiramente, mas tudo dependerá da estruturação do negócio e das análises do Cade”. 

CVC Corp

O CEO da CVC Corp, Fabio Godinho, destacou que a prioridade do setor é manter as companhias aéreas financeiramente saudáveis. “Precisamos das empresas voando. Temos mais de R$ 500 milhões já pagos com as aéreas. O importante é que elas cresçam, juntas ou separadas”.

Empetur

Eduardo Loyo, presidente da Empetur, acompanha o caso com atenção devido ao impacto na conectividade aérea de Pernambuco. Ele confia que as empresas manterão a malha aérea local, fundamental para o desenvolvimento econômico e turístico do estado.

Abav Nacional

Ana Carolina Medeiros, presidente da Abav Nacional, adota uma postura cautelosa. “Ainda há muitas etapas a serem cumpridas, incluindo a aprovação pelo Cade e pela Anac. O que for melhor para a população e para os empresários será feito”.

Setur-SP

O secretário de Turismo de São Paulo, Roberto de Lucena, acredita que a fusão não terá impacto negativo para o estado. “Temos um ambiente muito favorável ao desenvolvimento e à entrada de outras companhias no mercado. Vamos acompanhar os desdobramentos”. 

Latam Brasil

Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, avaliou a fusão com cautela, destacando que o Cade precisará analisar a proposta com profundidade. “O Cade sempre foi técnico e fará uma recomendação ponderada. O que não queremos é um mercado mais concentrado, com menos opções para passageiros e preços mais altos. Tenho minhas dúvidas se uma fusão é a melhor forma de resolver um problema de dívida”. 

Próximos Passos

A fusão entre Azul e Gol ainda precisa da aprovação do Cade, que analisará os impactos na concorrência. Fontes ligadas ao setor acreditam que o governo federal pode pressionar para que a união seja aprovada. O ministro Silvio Costa Filho já iniciou conversas com as companhias para discutir os próximos passos.

A possível fusão entre Azul e Gol tem gerado expectativas e incertezas no mercado. O desfecho do processo será determinante para o futuro da aviação comercial no Brasil e para o impacto nos consumidores.

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