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Destinos / Política

Lummertz: bases sólidas são fundamentais para a retomada

Vinicius Lummertz, secretário de Turismo de São Paulo

Vinicius Lummertz, secretário de Turismo de São Paulo

“As vantagens de ter um bom planejamento é ter condições de mudar no caso de algum imprevisto”. É assim que o secretário de Turismo do Estado de São Paulo, Vinicius Lummertz, analisa os próximos passo do estado para a recuperar o setor após o impacto da pandemia.

Impulsionado pelo programa SP Pra Todos, que aumentou o número de voos e ampliou investimentos em infraestrutura turística, o estado garantiu um grande crescimento do setor em 2019 e essas bases criadas tornaram o destino mais resiliente para superar a crise. Em entrevista, Lummertz destacou as medidas adotadas durante a pandemia, como a criação de protocolos e de linhas de crédito para o setor. 

MERCADO & EVENTOS – São Paulo iniciou em 2019 um plano de desenvolvimento do Turismo, o SP Pra Todos. Composto por várias etapas e ações, o plano englobou investimento em infraestrutura turística, estímulo a aviação, promoção, stopover e criação de produtos. Como fica o plano SP Pra Todos em meio a pandemia? O que muda?

Vinicius Lummertz – Uma das vantagens de ter um bom planejamento é ter condições de mudar no caso de algum imprevisto. E este, da covid-19, foi muito mais que isso. O SP Pra Todos, lançado em 2019, apresentou resultados significativos até meados de março. Todos os números eram positivos: as novas frequências ultrapassaram em mais de 40% a meta inicial, o crescimento do setor no Estado foi mais que o dobro do Nacional. Já os nossos projetos de mais longo prazo continuaram mesmo durante a pandemia. A Covid-19, contudo, impôs uma nova agenda: interromper as viagens foi uma decisão fundamental para o seu enfrentamento. Por cinco, seis meses, nada foi mais importante que isso. E deu certo, com São Paulo apresentando os bons resultados que permitiram o início seguro da flexibilização. As bases do SP Pra Todos, com estruturação, conectividade e promoção, estão sendo fundamentais para esta retomada. O que veremos agora, ainda em 2020, é uma necessária adaptação do programa ao novo elemento que veio para ficar: uma preocupação com a segurança sanitária. Com a chegada da vacina que, esperamos, não demore muito, voltaremos a mostrar as qualidades e a variedade do turismo, acrescentando a segurança permitida pela melhor infraestrutura do País.

M&E – Uma das ações previstas era o estímulo a viagens dentro do estado. É possível que a pandemia acelere este projeto, tendo em vista o atual comportamento do turista em optar por viagens curtas e, em muitos casos, com veículo próprio?
Vinicius Lummertz – Já acelerou. Há cidades do interior do Estado que, aos finais de semana, apresentam resultados pré-pandemia. E outras que, pela oportunidade do turismo de proximidade, estão recebendo visitantes inéditos, que preferiam roteiros nacionais ou internacionais e, agora, estão descobrindo as qualidades e os benefícios das viagens rodoviárias, em carro próprio, de curta duração, com atividades que quase sempre preveem o contato com a natureza. Tudo o que as mais de 200 cidades turísticas do Estado podem oferecer.

M&E – O Confaz decidiu pela prorrogação da redução da alíquota de ICMS para companhias aéreas até o fim de 2020. No caso de São Paulo, é possível garantir uma extensão deste acordo para 2021, mesmo que as aéreas ainda não consigam cumprir o número de voos previstos pelo acordo?
Vinicius Lummertz – As aéreas não só cumpriram como superaram o acordo em mais de 40%. Eram 490 novas frequências e, no início de março batemos em mais de 700. Vários aeroportos do interior do Estado passaram a estar conectados com os maiores Guarulhos, Congonhas, Viracopos e Galeão, ampliando a conectividade de forma inédita e energizando as economias regionalmente. Não sabemos ainda como será 2021, mas certamente iremos nos deparar com um novo cenário, no qual tanto o Estado, entendido não apenas como São Paulo, mas Estado como instituição, terá de se reorganizar para fazer frente a todas as necessidades sociais, como as empresas ainda não estarão operando a plena carga como no período pré-convi.

Não podemos ter a ilusão de achar que, da capital, conseguiremos saber o que melhor para o desenvolvimento turístico do Oeste do Estado, no extremo do Vale do Paraíba ou no Ribeira.

M&E – Em maio, a Secretaria de Turismo se reuniu com representantes de 37 regiões turísticas para debater a retomada. Qual o balanço deste encontro na construção de ações de curto, médio e longo prazo para o turismo do estado?
Vinicius Lummertz – É sempre bom quando podemos envolver o maior número de atores em um planejamento. Não podemos ter a ilusão de achar que, da capital, conseguiremos saber o que melhor para o desenvolvimento turístico do Oeste do Estado, no extremo do Vale do Paraíba ou no Ribeira. Foi bastante positivo também pois, além desse envolvimento, conseguimos mostrar como iniciativas da Setur, como o crédito para investimento, pode ser uma nova fonte de desenvolvimento regional. E isso já está acontecendo. Ocorre que, ao longo dos meses da covid-19 os cenários vieram se alterando a cada nova necessidade de prorrogação do isolamento social e isso aconteceu também de forma diferente para cada região. Agora, com o maior controle, estamos programando novos encontros para rever o tratado em maio/junho, à luz dessa nova realidade, e envolver a todos no nosso planejamento de mais longo prazo, que vai até 2030.

M&E -Também em maio, o Estado de São Paulo divulgou protocolos para retomada do Turismo. Como foi a construção destes protocolos? Haverá fiscalização para garantir que estabelecimentos turísticos cumpram as diretrizes?
Vinicius Lummertz – Começando pelo final, a melhor fiscalização é a do consumidor. E isso já ficou provado, com uma parte se recusando em voltar a consumir até que esteja convencida de que está segura. E isso só acontece quando, claramente, entende que os prestadores de serviços, como aéreas, hotéis, bares e restaurantes estão atentos a essa nova realidade. Não há como o estado fiscalizar uma oferta tão grande e diversa. Além disso, os prestadores de serviços também são vítimas nas duas pontas: podem ser atingidos pela Covid-19 na pessoa física e na jurídica, sendo que nesta quando prejudica os negócios. Os protocolos foram desenhados com as entidades e, em alguns casos, com as empresas do setor. Todas com comportamento exemplar, reconhecendo a importância desse cuidado. Tanto que, na divulgação, não houve nenhuma queixa.

M&E – Ações como o Plano São Paulo e os protocolos criados somadas a prioridade dada a São Paulo pelas companhias aéreas podem contribuir de que forma para uma retomada mais rápida do Turismo no estado?
Vinicius Lummertz – Contribuem abreviando o tempo necessário de interrupção ou diminuição das atividades. O Plano São Paulo, eventualmente criticado no lançamento no final de maio, mostrou-se de uma eficiência cristalina. Os que criticaram sua rigidez depois passaram a elogiar sua flexibilidade. O Governo do Estado, liderado pelo governador João Doria, foi exemplar, com comunicação clara, transparente e corajosa. Já as empresas aéreas são essenciais e capazes de dinamizar a economia de forma exponencial. Em agosto, naturalmente, os números ainda eram bastante inferiores aos do ano passado, mas o crescimento já era vigoroso mês a mês. Isso demonstra confiança nos protocolos, aliada aos bons resultados do Plano São Paulo.

M&E – Em março o estado disponibilizou R$ 500 milhões em linhas de crédito para o Turismo e para o Comércio. Como está sendo a adesão do setor a estas linhas? Estão previstos novos estímulos ao setor?
Vinicius Lummertz – O Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Turismo, lançou o primeiro instrumento de apoio ao setor ao apresentar, em 17 de março, por meio de uma live no Facebook, a adaptação de Programa de Crédito Turístico, desenhado junto com a Desenvolve SP. Desde então fizemos mais de 20 encontros e preparamos materiais de esclarecimentos, visto que a demandas por recursos ultrapassava em várias vezes o que estava disponível. Inovamos também em agregar cooperativas de crédito, os bancos Caixa e do Brasil, festejamos e divulgamos o Pronampe, nos juntamos ao Sebrae e, por meio da Desenvolve SP, passamos a ser o principal agente do Fungetur, do Ministério do Turismo. Agora estamos estudando, já de olho no pós-pandemia, uma linha de crédito para investimento regional, junto com o BID, que pode chegar a US$ 500 milhões.

A Azul lançou em agosto a Azul Conecta (antiga Twoflex), que será destinada a mercados sub-regionais e à criação de novos mercados. Como este novo player pode contribuir para o aumento da conectividade no estado, inclusive em aeroportos que não contam muita infraestrutura para receber aeronaves maiores?
Vinicius Lummertz – A aviação inter-regional é o caminho natural para o atendimento da demanda em menores centros. São Paulo tem duas dezenas de aeroportos, sendo que uma boa parte passou a receber frequências regulares por conta do SP Pra Todos, mas há outros que, sem demanda suficiente, ainda operam de maneira limitada, como São Carlos ou Guaratinguetá. Os maiores, como Araçatuba, com o SP Pra Todos, passaram a estar ligados a Guarulhos, Congonhas e Viracopos. Equipamentos da Azul Conecta podem ter o papel de fomentador dos aeroportos menores. Havendo aumento da demanda, naturalmente haverá maior oferta. Além disso, o Governo do Estado prossegue com o plano de conceder os aeroportos regionais para a iniciativa privada e isso, sem dúvida, pode ficar mais interessante para os investidores na medida em que houver a operação das aéreas.

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