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Feiras e Eventos / Turismo em Dados

Mercado de eventos estima perda de R$ 80 bi até maio: “fomos do tudo ao nada”

Corredores da edição 2019 da WTM-LA

Maioria dos eventos previstos para os meses de abril e maio foram adiados

“Literalmente fomos do tudo ao nada”. É assim que a presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc), Fátima Facuri, define o impacto da pandemia do novo coronavírus no setor de feiras e eventos. A estimativa da entidade é de um impacto de R$ 80 bilhões na economia, considerando eventos cancelados em abril e maio deste ano. O cenário é ainda mais devastador se consideradas as expectativas para o ano.

Pesquisados, 78% dos organizadores brasileiros pretendiam fazer mais eventos em 2020, incluindo um aumento de 66% em suas equipes para atender a demanda. No quesito boas expectativas, o Brasil era líder mundial, à frente do Reino Unido, com 58%, e da Alemanha, que planejava um movimento de mais 56%. Esses números foram divulgados em fevereiro, há dois meses apenas, pela Eventbrite, plataforma global de venda de ingressos e tecnologia para eventos. A pesquisa contou com mais de 6,8 mil entrevistados, sendo parte deles brasileiros.

De acordo com a Abeoc muitas empresas estão descapitalizadas porque estavam com os eventos prontos e eles simplesmente não aconteceram. Fátima lembra que são comuns os contratos com previsão de pagamento para 60, 90 e até 120 dias. “Cada empresa, cada evento está sendo renegociado individualmente, seguindo os acordos pré-estabelecidos. É um desafio”, lamenta.

Um levantamento preliminar da associação aponta que pelo menos metade dos eventos do primeiro semestre ainda está com novas datas indefinidas devido à sazonalidade ou falta de calendário.

Fatima Facuri, da Abeoc Nacional

Fatima Facuri, presidente da Abeoc

“É preciso entender que um evento não acontece apenas na data de visitação ao público, há reserva de dias para a montagem e desmontagem. Um evento de três dias ocupa, ao menos, cinco ou seis nas agendas dos centros de convenção”, explica Fátima Facuri. Considerando o tamanho, cada um pode gerar de dez a 400 empregos diretos e até o dobro de indiretos. Em um universo de mais de 1,4 mil eventos previstos até julho (dados da Feiras do Brasil), temos um grande problema social.

O mercado de eventos é formado por, ao menos, 52 segmentos. Uma capilaridade que engloba segurança, marketing, transporte, logística, hospedagem, alimentação, infraestrutura, centros de convenções e que continua numa lista extensa de serviços. São R$ 305 bilhões de reais injetados na economia e 25 milhões de empregos formais. “Toda essa engrenagem está paralisada. Empresas lutam para garantir calendário para o segundo semestre e evitar cancelamentos. E ainda não temos noção de até onde se estenderá essa crise. Para alguns, 2020 já acabou, ou nem mesmo começou”, confessa

Medidas urgentes

A Abeoc apresentou uma lista de pleitos às autoridades, entre elas, os ministros do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, e da Economia, Paulo Guedes. Estas reivindicações incluem medidas emergenciais, como o diferimento tributário (ICMS e ISS); linhas de crédito em bancos oficiais; suspensão de qualquer ação fiscalizadora; e um regime excepcional simplificado de lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho por falta de recursos financeiros) para empresas que apresentem uma queda de 40% na receita.

“Nosso contato com quem decide tem sido assíduo. Muitas decisões estão sendo tomadas, muitas abrangentes e outras bem setorizadas, mas nada que tenha reflexo positivo e concreto no setor”, lamenta Facuri. “Também unimos forças a outras entidades representantes dos diversos segmentos que integram o setor, participando de reuniões e manifestos que resguardem o mercado de eventos, além de intensificarmos as campanhas de conscientização como a ‘Não cancele, remarque. Remarcar é o primeiro passo para recomeçar’. Acreditamos nisso e, portanto, estamos orientando nossos associados a manterem a calma enquanto aguardamos as soluções das autoridades. Unidos somos mais fortes e estamos à disposição para todo suporte necessário ao nosso alcance”, completou.

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