Little Havana em plena Miami

A cidade de Miami tem hoje, segundo o último censo local, seis milhões de habitantes. A maioria (60%) é de origem latina e os cubanos, obviamente, lideram esta estatística. Tudo isto para explicar o meu interesse em conhecer Little Havana, uma vizinhança perto do Downtown de Miami onde o inglês é a segunda língua e os americanos são considerados turistas.

Em minha primeira visita oficial a cidade – as outras foram apenas para deslocamento aéreo ou para passar um dia à espera do meu voo que partiria à noite – fiz questão de conhecer este pedaço entre tantos outros lugares de interesse e confesso, passei minutos agradáveis pelas ruas “cubanas” no meio de Miami.

Placas em espanhol, música latina nos rádios dos carros e nos restaurantes, propagandas de rum espalhadas pelas ruas, lojas de charutos a monte e um café cubano tão bom e forte quanto o colombiano. Neste espaço de Miami só o dólar faz lembrar que ainda estamos em território norte-americano.

Comecei minha jornada andando sem rumo. Parei para tomar um café enquanto observava de longe seu Gutierrez preparar um charuto para um turista inglês. O legítimo tabaco cubano é o produto mais procurado naquela região seguido pelo rum, que apesar de ser uma bebida de Barbados, ganhou fama em todo Caribe e hoje é consumida nos principais países do mundo.

Enfim, saí de lá maravilhado e só não comprei um tabaco pois sou 100% antifumo. Caminhei pela calçada da fama cubana e como não sou muito adepto de cinema, não reconheci nenhum dos atores estrelados.

A minha despedida de Little Havana aconteceu num modesto clube onde menores de idade não entram. Lá dentro, dezenas de cubanos jogando dominó em partida de quatro pessoas. O que para nós é uma brincadeira, em Cuba é o “jogo mais jogado”. Um dos jogadores garantiu que em Cuba isso é esporte e por isso todos ali levavam tão a sério a disputa. Fiz uma foto da partida, mas logo fui “ameaçado” por um cubano dizendo que o flash da máquina tirava sua atenção. Como era o único brasileiro em meio a dezenas de cubanos, resolvi acatar a ordem e saí de lá.

Little Havana ficou pra trás. De lá o grupo a qual me encontro seguiu em frente rumo a Bal Habour, a parte mais luxuosa de Miami. O contraste entre um e outro é inevitável, mas eu fico com os cubanos, povo sofredor que conseguiu chegar sabe-se lá como aos Estados Unidos e vive, de forma bem humilde, feliz e contente.