
O trágico acidente da Voepass trouxe inúmeros desdobramentos para a empresa, culminando com pedido de recuperação judicial (Eric Ribeiro/M&E)
A Voepass protocolou um pedido de recuperação judicial na noite desta terça-feira (22), dias após ter suas operações suspensas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A decisão ocorre em meio a uma grave crise financeira que se intensificou após o trágico acidente aéreo em Vinhedo (SP), em agosto de 2024, que resultou na morte de 62 pessoas.
Especialistas ouvidos pelo M&E acreditam que a ruptura do acordo de codeshare com a Latam contribuiu significativamente para o colapso das finanças da empresa. De acordo com o pedido apresentado à Justiça, a Voepass acumula dívidas da ordem de R$ 400 milhões. A Anac já havia identificado, em março, uma série de falhas operacionais e problemas relacionados à segurança, o que motivou a paralisação das atividades da companhia.
Antes de recorrer à recuperação judicial, a empresa havia anunciado uma reestruturação financeira em fevereiro e conseguiu, temporariamente, suspender ações de credores e evitar a apreensão de aeronaves. No entanto, sem a autorização necessária para retomar seus voos, a companhia começou a desligar parte de sua equipe neste mês – o número exato de demissões não foi divulgado.
NOTA OFICIAL
Em nota oficial, a Voepass afirmou que o pedido de recuperação faz parte de um plano mais amplo de reorganização econômica. A companhia destaca que a medida visa preservar a continuidade da operação e garantir os compromissos assumidos com clientes, colaboradores e fornecedores.
A empresa também esclareceu que, se a Justiça aceitar o pedido, todos os passivos serão congelados e renegociados por meio de um plano de reestruturação. A Voepass ressaltou ainda que os processos indenizatórios relacionados ao acidente aéreo de 2024 seguem tramitando separadamente, conduzidos pela seguradora responsável.
Nos últimos três anos, a empresa transportou mais de 2,7 milhões de passageiros em mais de 66 mil voos.