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Agências e Operadoras / Serviços

Agências de viagens: dicas para enfrentar a crise e onde buscar ajuda

Pequenas e médias agências têm diversas opções de crédito e trabalhistas durante a crise

Pequenas e médias agências têm diversas opções de crédito e trabalhistas durante a crise

Desde que a crise causada pela pandemia do Covid-19 teve início, o Turismo passou a contar os seus prejuízos. Companhias aéreas estimam uma perda de US$ 252 bilhões em todo o mundo. Ao mesmo tempo, a Organização Mundial do Turismo (OMT) prevê uma queda de 30% nas chegadas internacionais e o WTTC alertou que cerca de 75 milhões de empregos estão em risco. As consequências parecem desastrosas, mas o fato é que – de uma forma ou de outra – as viagens seguirão acontecendo.

Uma pesquisa do Skyscanner mostrou que 53% dos brasileiros acreditam que será seguro viajar dentro de seis meses. Um indicativo de que as pessoas seguem com vontade de viajar. Mas quando exatamente isso irá ocorrer? Ninguém sabe. Por este motivo, as agências de viagens – que serão ainda mais essenciais no novo momento do Turismo – precisam se preparar para sobreviverem até lá.

De acordo com um estudo do Sebrae de 2017, o mercado de agências de viagens no Brasil é formado por aproximadamente 36 mil empresas, que geram cerca de 70 mil empregos, sendo que 50 mil são em pequenas empresas. E com as viagens paralisadas, tanto essas empresas como os empregos correm um sério risco.

Desde o início da crise, o governo federal disponibilizou uma série de ferramentas para que as pequenas e médias empresas pudessem sobreviver e manter os empregos. A primeira dela foi o financiamento da folha de pagamento para empresas com faturamento entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões. Depois disso, foi publicada a Medida Provisória 936 – que está sendo chamada de MP Trabalhista. Basicamente, ela permite três fixas de redução de salário – de 25%, de 50% e de 70% com compensação para o trabalhador por parte do governo, mas com a contrapartida de que a empresa não demita o funcionário pelo mesmo período que utilizou o benefício.

O empresário precisa estar bem física e emocionalmente e manter a sua vida pessoal ativa. Se o comandante do barco não estiver bem, ele não chega ao seu destino.

Além disso, há as conhecidas linhas de financiamento para obtenção de capital de giro – agora facilitadas pelo BNDES e o Fungetur, que oferecem crédito para diversas finalidades para as empresas que tenham Cadastur. Alguns sindicatos patronais e de funcionários também fizeram acordos unilaterais, como foram os casos de São Paulo e Paraná, permitindo a redução de salários e carga horária em até 50%.

Com tantas possibilidades e em meio a um turbilhão de problemas e emoções, como tomar decisões? Onde buscar ajuda? Este é o dilema de boa parte das pequenas e médias agências de viagens, que embora tenham um papel essencial na retomada, já que o consumidor precisará mais do que nunca de um atendimento consultivo, não há perspectivas concretas de quando as viagens voltarão a acontecer.

O MERCADO & EVENTOS conversou com o consultor Lucio Oliveira, sócio da 4C Solution e especialista neste nicho. Para ele, é necessário tomar decisões rápidas para não deteriorar o caixa e abreviar a vida da empresa, mas sem precipitações.

O primeiro passo para o empresário, segundo ele, é olhar para si mesmo. Mas não no sentido de não pensar na empresa e nos colaboradores, mas sim porque ele precisa estar bem para tomar decisões importantes. Em seguida, ter uma análise detalhada do caixa da empresa, quais são as receitas previstas (se houver) e despesas correntes e, em seguida, conversar com os funcionários.

“É necessário preservar o caixa o máximo possível até que volte a entrar receita", diz o consultor Lucio Oliveira

“É necessário preservar o caixa o máximo possível até que volte a entrar receita”, diz o consultor Lucio Oliveira

“É como em um avião. Quando a máscara cai, você precisa primeiro colocar em você para depois ajudar alguém”, exemplificou Oliveira. “O empresário precisa estar bem física e emocionalmente e manter a sua vida pessoal ativa. Se o comandante do barco não estiver bem, ele não chega ao seu destino”, complementou.

O segundo passo é uma análise minuciosa do caixa e a simulação de alguns cenários futuros para 30, 60, 90 e até 120 dias sem receita. “É necessário preservar o caixa o máximo possível até que volte a entrar receita. Em seguida, tomar as decisões necessárias para que a empresa sobreviva o maior tempo possível. Mas isso não pode demorar”, alerta.

Equipe

Embora tenham sido disponibilizadas alternativas para evitar demissões, Lucio Oliveira reitera que é necessário avaliar o cenário futuro, uma vez que se a empresa utilizar o benefício por três meses, precisará manter o funcionário por mais três, com o risco dele não poder receber o seguro-desemprego caso seja demitido em seguida.

Preservar a equipe é essencial. Dizemos isso sempre, porque o mercado de Turismo muda muito, mas o grande diferencial competitivo sempre serão as pessoas. No entanto, antes disso é preciso se questionar por quanto tempo isso é sustentável. “É necessário se fazer alguns questionamentos. Com o volume que teremos no futuro, o colaborador será necessário? Quero manter estes porque são muito bons?”, disse. “Quando as respostas forem sim, o empresário precisa usar os mecanismos da MP 936”, completa.

Financiamentos

A mesma lógica dos colaboradores vale para os financiamentos. Oliveira reitera que há algumas alternativas, como o próprio Fungetur, que teve os seus recursos ampliados, além das linhas privadas, cujo acesso está sendo facilitado. “É necessário colocar todas as alternativas na mesa, analisar quais linhas são mais baratas e projetar a capacidade futura de pagamento. Tem muita gente com dúvida em qual linha se encaixa. É necessário olhar tudo, escutar pessoas que entendem do assunto e não se precipitar”, orienta.

Corte de custos e aumento de eficiência

Em um momento como o atual em que a receita da maioria das empresas do Turismo passam perto de zero, cortar despesas é fundamental. Oliveira também deu algumas dicas sobre o assunto. A primeira delas é negociar com todos os fornecedores, primeiro para tentar baixar os custos fixos e também tentando uma carência para pagar a diferença após a retomada. Do outro lado, aumentar a eficiência também deve fazer parte dos planos. Isso pode ser por meio de tecnologia ou de otimização do trabalho dos colaboradores. “Muitas empresas, infelizmente, ficarão pelo caminho e não vai mais haver espaço para ineficiência”, acredita.

Após analisar todas as opções, empresários deve fazer projeções para os próximos meses

Após analisar todas as opções, empresários devem fazer projeções para os próximos meses

Clientes

Sem clientes uma empresa não vive. E no Turismo não é diferente. Embora não tenha ninguém viajando no momento, é preciso fomentar vendas futuras e, para isso, a orientação é seguir próximo do cliente. “O agente de viagens será mais do que nunca um consultor. O passageiro estará mais preocupado com segurança e isso fará toda a diferença. Por isso, estar em contato com o cliente neste momento é necessário”, finaliza.

Impostos

Os empresários ganharam algum fôlego para o pagamento de impostos. O FGTS teve o seu recolhimento suspenso por três meses, devendo o saldo ser pago em seis parcelas, a partir de julho de 2020. As contribuições ao Sistema S tiveram redução parcial das contribuições por três meses, de abril a junho de 2020. Já o Simples Nacional teve as suas competências de março, abril e maio adiadas para o dia 20 de outubro, novembro e dezembro, respectivamente. Além disso, os estados do Distrito Federal, Rio de Janeiro, Maranhão, Pará e Piauí tiveram redução temporária e parcial do imposto sobre bens comercializados que sejam necessários ao combate da Covid-19.

Ajuda organizada

Alguns materiais foram organizados para que os empresários possam ter todas as opções nas mãos antes de tomar qualquer decisão. A Abav Nacional lançou e atualiza toda semana o seu E-Book sobre o enfrentamento da Covid-19. A Secretaria de Turismo de São Paulo apresentou uma cartilha com detalhamento de todas as linhas de crédito e financiamentos disponíveis no mercado. E o próprio Ministério do Turismo fez um manual sobre o coronavírus para o Turismo.

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