Em recuperação judicial, Latam registra prejuízo de US$ 3 bilhões no 1º semestre

Companhias assinaram acordo de joint venture que ainda depende de aprovações das autoridades

O Grupo Latam Airlines registrou um prejuízo líquido de US$ 890 milhões no segundo trimestre, reflexo direto do impacto da pandemia de Covid-19. O resultado é 1317% pior que o do mesmo período do ano passado, quando o prejuízo reportado foi de US$ 62,8 milhões. No semestre, o prejuízo chegou a US$ 3 bilhões. Além das perdas nos resultados operacionais do segundo trimestre, o prejuízo no semestre foi impactado por um ajuste contábil no valor de ativos, reportado no primeiro trimestre e por despesas com demissões e devolução de aeronaves no 2T20.

Resultado do 1º semestre

As receitas operacionais do grupo no trimestre caíram quase 76%, ficando em US$ 571,8 milhões. Já as despesas operacionais caíram 45,6%, para um total de aproximadamente US$ 1,27 bilhão, resultando num prejuízo operacional de US$ 694,8 milhões. A este valor se somam receitas e despesas financeiras e outras despesas, além do abatimento do valor de impostos para chegar ao resultado líquido.

As outras despesas reportadas no balanço correspondem a verbas rescisórias e custos decorrente da devolução de aeronaves, que somaram US$ 433 milhões.

Dívida

O Grupo Latam fechou o semestre com uma dívida total de US$ 9,8 bilhões, mais de US$ 500 milhões a menos que o reportado em 31 de dezembro de 2019. O valor inclui US$ 5,1 bilhões em obrigações com bancos e instituições financeiras, US$ 1,6 bilhão e leasing e US$ 3 bilhões em passivos de arrendamento.

O grupo aéreo reportou também US$ 1,4 bilhão em caixa e equivalente de caixa, deixando a dívida líquida em US$ 8,4 bilhões. Apesar de menor em relação a situação no fim de 2019, a dívida aumentou em relação ao Ebtida (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização). No fim do ano passado esta relação entre dívida líquida e Ebtida (12 meses) era de 4x, e neste semestre fechou em 5,7x.

Chapter 11

Em recuperação judicial desde 26 de maio, com base no Capítulo 11 da lei de falências dos Estados Unidos, a Latam iniciou uma restruturação, que englobou demissões e redução de frota. Até o fim do primeiro semestre, a companhia já tinha demitido 5,5 mil funcionários. Entre julho e agosto já foram outras 7,7 mil demissões. A companhia também praticou uma redução salarial de 25% para executivos e 20% para os demais funcionários.

Para dimensionar corretamente a sua frota, o grupo devolveu até o momento 23 aeronaves que estavam sob leasing e está em processo de devolução de mais nove das 340 aeronaves que fizeram parte de sua frota no início desse processo.

No âmbito do Chapter 11, a companhia já levantou US$ 2,2 bilhões em financiamentos, sendo US$ 1,3 bilhão da Oaktree Capital Management e US$ 900 milhões dos principais acionistas, a Qatar Airways e as Famílias Cueto e Amaro. O grupo ainda busca US$ 750 milhões em financiamentos de governos, o que ainda não conseguiu.