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Aviação / Vídeos

Latam solicita recuperação judicial nos EUA

Possibilidade será avaliada após preenchimento do formulário no site

Companhia recorreu ao Capítulo 11, a lei de falências dos Estados Unidos

O Grupo Latam Airlines entrou nesta terça-feira (26) com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos por conta das dificuldades financeiras enfrentadas em meio a pandemia de coronavírus. O processo engloba as subsidiárias do grupo em Chile, Peru, Colômbia, Equador e EUA. Latam Brasil, Paraguai e Argentina não estão envolvidas no processo. Até a noite da última segunda-feira (25), havia a possibilidade de que este pedido fosse estendido ao Brasil, o que não ocorreu.

O CEO do Grupo, Roberto Alvo, gravou um vídeo explicando os detalhes da operação; veja abaixo

O pedido consiste na reorganização da dívida do grupo aéreo sob a proteção do Capítulo 11 (Chapter 11), a lei de falências dos EUA, que permite um prazo maior para que empresas se reorganizem e ainda permite negociar compromissos com arrendedadores de aeronaves, algo que não é permitido nas leis de recuperação judicial de outros países, como por exemplo o Brasil.

“A Latam entrou na pandemia de Covid-19 como um grupo de transporte aéreo financeiramente estruturado e lucrativo, mas estamos sujeitos a circunstâncias excepcionais que levaram a um colapso na demanda global. Atualmente, estamos operando apenas cerca de 5% de nossos voos de passageiros. Como resultado, tivemos que tomar difíceis, porém necessárias medidas para garantir a nossa sustentabilidade a longo prazo nesses tempos extraordinários”, afirmou a companhia, em nota

O processo de reestruturação permitirá que o grupo suspenda o pagamento de credores e realize um trabalho com todas as interessadas para reduzir sua dívida, acessar novas fontes de financiamento e continuar operando, enquanto adapta seus negócios a essa nova realidade”, afirmou a companhia em nota.

Juntamente com pedido de recuperação judicial, a companhia obteve aval de dois de seus principais acionistas, a família Cueto e a Qatar Airways, para obtenção de um empréstimo de até US$ 900 milhões. A Latam é o maior grupo aéreo até o momento a entrar em recuperação judicial por conta dos efeitos da pandemia. Duas semans antes, a Avianca Holdings já havia recorrido ao Capítulo 11 nos EUA como forma de sobreviver e se reestruturar.

VÍDEO:

Operações garantidas

Em nota, a companhia garantiu que a categoria de programa, pontos e benefícios gerais serão mantidos. “Não haverá perda de valor em pontos que você tenha agora e nosso programa de acúmulo e resgate continuará ininterruptamente”, diz o texto.

Todas as passagens, vouchers, e/ou qualquer forma de crédito continuarão sendo honrados. “Também manteremos nossas parcerias com agências existentes, honraremos programas de fidelidade corporativos e venderemos passagens por meio da nossa plataforma de serviços. Você poderá interagir com nossos operadores de atendimento ao cliente da mesma forma que fazia antes deste anúncio”, completa.Portuguese-Infographic-1

Realidade financeira

Severamente afetado pela pandemia, o Grupo Latam reduziu sua capacidade em 95%, durantes os meses de abril e maio, e o fechamento das fronteiras em diversos países tiveram grande impcato sobre suas receitas. Cerca de 51% das receitas da Latam 2019 foram originadas de rotas internacionais de longo curso. Em 2019, excluindo as rotas internacionais, as receitas do grupo foram distribuídas no mercado doméstico brasileiro (30%) e no mercado doméstico dos países de língua espanhola (SSC) (19%).

A companhia afirma ter entrado na pandemia como um grupo estrturado e lucrativo. A dívida da companhia, no entanto exigia um bom desempenho, o que não foi possível durante o auge da pandemia. O Grupo fechou 2019 com uma dívida bruta de US$ 10,36 bilhões e um caixa de US$ 1,45 bilhões, resultando em um dívida líquida de US$ 8,91 bilhões, mais de quatro vezes maior que o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação), que ficou em US$ 2,21 bilhões no ano passado.

O Grupo Latam informou no fim do ano que trabalhava para reduzir o nível de endividamento, o que inclui estratégias como a venda 20% das ações para a Delta Air Lines por US$ 1,9 bilhão. A companhia americana ainda assimiu o compromisso de adquirir 14 Airbus A350 por US$ 2 bilhões. Outra ajuda financeira veio por meio do aporte de US$ 350 milhões para arcar com os custos da saída da Latam da aliança oneworld.

Durante 2020, a empresa contratou uma linha de crédito rotativo garantido (RCF), no valor de US$ 600 milhões, que foi garantida por uma combinação de aeronaves, motores de reposição e peças de reposição. Com os efeitos da pandemia, a empresa alguns pagamentos de fornecedores e reduziu suas despesas com pessoal. Para os próximos semestres aexpectativa era de queima de caixa, realidade que levou inclusive as agências de classificação S&P e Fitch Ratings a rebaixarem as notas da companhia.

Ajuda financeira

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O governo brasileiro fez um anúncio público de apoio financeiro por meio do BNDES na ordem de R$ 2 bilhões. O valor no entanto, só pode ser utilizado em suas operações no Brasil. A companhia, no entanto, deve ter dificuldades na liberação do crédito, uma vez que os moldes envolvem diluição de ações, mas a Latam não possui capital aberto na B3, a bolsa brasileira.

Apesar do entrave a ajuda foi vista como muito postiva, mas garante à empresa apenas um alívio modesto, uma vez que a maioria de seus contratos de dívida está na sede da holding no Chile. Já no Chile, a ajuda financeira do governo parece improvável. A relação do presidente do Chile, Sebastián Piñera, que é próximo à família Cueto e que já foi acionista da Latam pode ser apontada como um interesse pessoal pelas autoridades do país.

 

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