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Aviação / Curiosidades

Fim do A380: o que levou a Airbus a abandonar a maior aeronave do mundo?

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O A380 entrou em serviço em 2007, com a Singapore Airlines, e logo encantou todos os apaixonados pela aviação por conta do conforto e dimensão das aeronaves

A história do Airbus A380 dentro da indústria da aviação comercial ganhou um capítulo final nesta quarta-feira (13) com o anúncio oficial da fabricante francesa confirmando o fim do programa de desenvolvimento do superjumbo. Após diversas tentativas de manter a produção da maior aeronave comercial de passageiros em ritmo saudável, a Airbus optou por encerrar a comercialização do A380, que terá sua última entrega realizada no ano de 2021.

“A decisão está baseada no fato de não termos uma carteira de pedidos substancial do A380 e, portanto, nenhuma base para sustentar a produção, apesar de todos os nossos esforços de vendas em parceria com outras aéreas nos últimos anos. Isso leva ao fim das entregas do A380 em 2021 ”, disse o CEO da Airbus, Tom Enders. “As conseqüências dessa decisão estão amplamente incorporadas em nossos resultados do ano de 2018”.

O A380 entrou em serviço no dia 25 de outubro de 2007, com a Singapore Airlines, e logo encantou todos os apaixonados pela aviação por conta do conforto e dimensão das aeronaves. Quando introduzido, o A380 logo chegou com a promessa de ser revolucionário, moderno, imponente, com dois andares e capacidade máxima que superava facilmente os 400 assentos. Apelidado de superjumbo, a aeronave aos poucos despertava o interesse de grandes companhias, que necessitavam compor ou substituir sua frota de aeronaves de longa distância.

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Missão da Airbus era manter produção do A380 para não afetar toda uma cadeia de trabalhadores, projetos e investimentos

O tempo foi passando, outras aeronaves foram surgindo, tendências se apresentaram e mudaram o rumo da aviação comercial. A guinada estratégica realizada por boa parte das companhias se tornou fundamental para mudar drasticamente o rumo do mercado para aeronaves de grande porte, com as empresas passando a focar em unidades menores, mais eficientes e com um menor custo operacional. Tanto é que no começo do ano passado, a Airbus até ameaçou fechar suas linhas de montagens caso nenhuma encomenda fosse realizada. Na época, uma pessoa ligada à fabricante já tinha afirmado que a empresa via a situação como “extremamente séria”.

Para se ter uma noção, nenhuma companhia aérea norte-americana ou japonesa, desde o início das operações do A380, realizou uma encomenda sequer para o modelo. E mais: até o momento, pouco mais de 200 aeronaves A380 circulam pelo planeta, número que estaria longe das previsões da Airbus para a demanda de 1.200 unidades de grande porte (supersize) para as duas próximas décadas, enquanto apenas 136 encomendas estão atualmente na carteira de pedidos firmes da fabricante (backlog), a serem entregues até o ano de 2021.

Entre memorandos de entendimento, contratos, encomendas e entregas, difícil ver um novo cliente ou uma nova encomenda para A380s no momento. A preços de tabela, o A380 sairia da fábrica hoje por US$ 445 milhões, mas este valor quase sempre sofreu um desconto. Outro fator que “quebra” os planos da Airbus, são os cancelamentos de encomenda. Muitos mudaram suas estratégias em relação à utilização da frota ou até mesmo “pisaram no freio” em relação aos gastos, e recentemente três clientes cancelaram ou trocaram a encomenda por modelos menores.

A380 PLUS: A CARTADA FINAL

A Airbus uniu a introdução dos winglets, a estratégia para aumentar o número de assentos e os rumores do lançamento de um novo A380 em um único produto: o resultado? Em junho de 2017 nascia oficialmente o A380plus. Na época, era a cartada final da Airbus para tentar alavancar de vez as vendas da maior aeronave comercial do mundo, em meio a uma época em que a tendência estava e ainda está totalmente voltada à aquisição de aeronaves cada vez menores e mais eficientes, o que traz sempre um menor custo operacional de frota.

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O A380plus chegou com diversas alterações na cabine e já ostentando os winglets nas pontas das asas, mas não recebeu nenhuma encomenda

O A380plus chegou com diversas alterações na cabine (confira os detalhes) e já ostentando os winglets nas pontas das asas para uma maior eficiência energética. Apesar disso, não recebeu nenhuma encomenda. E olha que o custo com combustível seria até 4% menor, a capacidade total poderia ser aumentada em até 80 assentos e o custo por assento teria uma redução de 13%, isto se comparado ao atual modelo. Para o diretor de Vendas, John Leahy, na época, o A380 plus era a maneira de oferecer a melhor economia e desempenho operacional.

EMIRATES, A GALINHA DOS OVOS DE OURO DA AIRBUS

Nem mesmo a Emirates Airline, dona de mais de 50% de todas as aeronaves em serviço e encomendas do A380, conseguiu “salvar” o programa de desenvolvimento do superjumbo. No começo deste mês de fevereiro, a aérea enfim analisava uma possível troca de certas unidades do A380 pelo modelo menor A350, o que aumentou ainda mais as dúvidas sobre o futuro do superjumbo europeu dentro da indústria da aviação comercial de passageiros.

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Emirates Airline era o maior cliente do modelo com mais de 100 aeronaves

A companhia é hoje o maior cliente com dezenas de bilhões de dólares investidos em mais de 100 A380s, o que sempre salvou a vida útil do modelo. No começo de 2018, a Emirates chegou a prolongar a vida útil do A380 ao encomendar 36 unidades por US$ 16 bilhões. O diretor de Operações da Airbus, John Leahy, na época, já tinha deixado bem claro que a produção do A380 poderia ser encerrada caso não houvesse nenhuma encomenda para o modelo, principalmente da Emirates, a maior cliente da aeronave na história.

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