Crie um atalho do M&E no seu aparelho!
Toque e selecione Adicionar à tela de início.

Política

Brasil precisa começar a ver o Turismo como atividade estratégica

Domingos Leonelli

Domingos Leonelli


Ao assumir a presidência do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo (Fornatur), Domingos Leonelli, secretário de estado de Turismo da Bahia, declarou que sua gestão vai se pautar por uma política participativa interagindo com o Governo Federal na defesa do interesse dos estados, de modo a consolidar a imagem do turismo como atividade estratégica. Já na primeira participação do Fornatur, após sua posse, durante o Salão do Turismo, algumas medidas foram colocadas em pauta. Na solenidade de abertura, ele lembrou da importância de o país reforçar suas políticas de promoção junto ao mercado da América do Sul e fez um apelo para que o turismo possa ser visto como importante vetor de geração de emprego e renda. Em sua opinião, o governo e boa parte da sociedade não enxergam o turismo sob o foco econômico.

Veja a entrevista, a seguir.

MERCADO & EVENTOS – Ao assumir o cargo e ser eleito por aclamação para a presidência do Fornatur, o senhor defendeu uma gestão mais participativa. Qual a importância desta nova estratégia?

Domingos Leonelli – A ideia é de fato adotar uma nova política de gestão do Fornatur para que que os secretários possam apresentar suas reivindicações de modo a exercer uma pressão junto ao Governo Federal e a setores da economia, incluindo áreas importantes da iniciativa privada. O fundamental é fazer com que a indústria do turismo possa ser vista como atividade estratégica. Lembro que hoje recebemos mais de US$ 5 bilhões por ano em divisas com gastos dos turistas estrangeiros e exportamos mais de US$ 15 bilhões. Nosso objetivo é fazer com que o turismo seja reconhecido pela importância que o setor tem e não meramente como uma atividade recreativa. Lembro que esta é uma iniciativa política apartidária onde cada um dos estados tem o mesmo peso e importância.

M&E – Qual a contribuição que o Fornatur pode dar para que o turismo seja visto por sua importância para a economia e no desenvolvimento econômico e social?

Domingos Leonelli – É preciso que haja inicialmente um trabalho de conscientização da importância desta atividade. Infelizmente isso ainda não acontece nem no Governo, nem na própria sociedade. Um exemplo foi a realização recente do Salão do Turismo, que reuniu na solenidade de abertura pelo menos oito governadores, cinco ministros de estado, 27 secretários estaduais de turismo e mais de 30 secretários municipais, além de prefeitos e outras autoridades. Pois bem, o evento não mereceu da grande mídia nenhuma atenção. Para mudar esta situação temos que estimular os estados a criarem suas contas satélites de modo a mensurar dados e informações sobre o impacto dos serviços prestados nas diferentes áreas da economia. Isso não é uma mera curiosidade, mas a possibilidade de saber de que forma o turismo contribui no desenvolvimento econômico e social. Veja, por exemplo, o que gasta um grande hotel em consumo de carne em seus restaurantes. Temos inúmeros outros exemplos que podem ilustrar de que forma a indústria do turismo contribui neste processo como atividade de extrema importância para a economia do país e pelo trabalho de inclusão social. Precisamos criar observatórios de turismo como já acontecem em alguns estados, como o Paraná.

M&E – Uma das preocupações da gestão anterior era em relação à Lei Geral do Turismo já que os estados ficaram com a responsabilidade de exercer a fiscalização do seu processo de atuação nas diversas áreas, mas sem gente qualificada para isso. Como resolver esta questão?

Domingos Leonelli – Os estados têm, de fato, a obrigação de qualificar pessoal para este fim. É importante desenvolver um trabalho de capacitação de modo a monitorar a aplicação da Lei Geral do Turismo nas diferentes áreas. Cabe ao Ministério do Turismo repassar recursos para estruturação destes programas de capacitação. É todo um processo que precisa ser colocado em prática de modo a permitir aos Estados exercerem com eficiência este papel. Neste sentido é preciso agilizar esta parceria do Governo Federal com os estados de modo a viabilizar os programas de capacitação, pois sem isso não será possível colocar em prática a Lei Geral do Turismo e coibir os abusos e irregularidades praticadas.

M&E – Recentemente o senhor destacou que as políticas de promoção e divulgação da Embratur sejam direcionadas para mercados emissores do Cone Sul. Qual a razão?

Domingos Leonelli – Com o apoio do Ministério do Turismo e da Embratur, os secretários estaduais de Turismo devem investir mais em ações promocionais na América do Sul. É fundamental o Brasil fortalecer suas iniciativas de promoção nos países vizinhos, uma vez que grande parte das viagens feitas no mundo duram em média seis horas. Quero agradecer essa nova visão estratégica que tem recebido o apoio dos órgãos governamentais do Turismo. Lembro, porém, que os mercados da Europa e Estados Unidos devem continuar recebendo investimentos das secretarias. Também aproveito para alertar que o turismo deve ser visto não apenas por sua conta cambial, ou seja, pela entrada e saída de divisas para o Brasil, mas também como um importante vetor para a geração de renda, para o desenvolvimento do mercado doméstico e para o crescimento da indústria e do comércio. De cada oito empregos criados no país, um é direcionado para o segmento de turismo.

M&E – Neste dia 16 acontece mais uma reunião do Fornatur e será a primeira em que serão discutidos aspectos técnicos e estratégias a serem adotadas em sua gestão. Quais as prioridades deste segundo semestre?

Domingos Leonelli – Esta será uma reunião mais técnica já que durante o Salão do Turismo o objetivo foi mais voltado para apresentar aos dirigentes de turismo estaduais o novo secretário executivo da entidade, James Lewis, nome aprovado por unanimidade. A proposta, a partir de agora, é que as próximas reuniões do Fornatur sejam realizadas fora do âmbito de grandes feiras e eventos. Faremos encontros com duração de um dia inteiro. No próximo encontro já teremos oportunidade de discutir temas como as promoções a serem realizadas com a verba descentralizada destinada aos estados pelo Ministério do Turismo. Vamos também analisar questões como a conta satélite e os
observatórios de turismo, assuntos que, a meu ver, devem merecer uma atenção especial neste processo de avaliação do quanto representa o turismo na nossa economia e sua importância para a sociedade.

Luiz Marcos Fernandes e Leila Melo

Receba nossas newsletters